Uma nova janela para o Universo

by Diário do Vale
AstroH

Raios X: O Astro H vai observar os buracos negros

A detecção de ondas gravitacionais pelo observatório LIGO tem sido comparada as observações do céu por Galileu Galilei, em 1610. Não é uma revolução tão importante na astronomia, mas abre uma nova janela para o Universo. A sétima janela depois da luz visível, do rádio, do ultravioleta, do infravermelho, dos raios X e Gama. Cada uma dessas janelas revela aspectos diferentes do universo em que vivemos. E com as ondas gravitacionais os astrônomos poderão estudar fenômenos até então invisíveis para nós.

“Ora direis ouvir estrelas! Certo perdeste o senso”, diz o famoso poema de Olavo Bilac. Que conclui afirmando que, para ouvir o que as estrelas tem a dizer, é preciso amá-las. Na verdade as estrelas enviam muitas mensagens, mas para entendê-las é preciso ter instrumentos mais sensíveis do que os olhos ou os ouvidos humanos. Toda a história da astrofísica moderna tem sido escrita com instrumentos cada vez mais poderosos, que nos permitem olhar o universo com olhos de raios X ou de raios ultravioleta.

A primeira janela da luz visível revelou seus segredos a Galileu Galilei, no século XVII, quando o físico italiano apontou para o céu sua primeira luneta. Aquele precursor dos telescópios modernos, como o Hubble, ampliava as imagens apenas 30 vezes. Mas revelou que a lua tinha montanhas e crateras, que Vênus tinha fases como a Lua e que o planeta Júpiter era o centro de um sistema de muitas luas de tamanhos diferentes. O Cosmos medieval, centrado na Terra foi destruído por aquele frágil e tosco telescópio de Galileu.

O salto seguinte foi o nascimento da astronomia de rádio. Em 1930 Karl Jansky, um engenheiro do Laboratório Bell descobriu, por acaso, que o centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário, estava emitindo ondas de rádio. Foi o começo de um novo tipo de astronomia, que trocou os telescópios por enormes antenas parabólicas. A astronomia do rádio revelou a existência de novos fenômenos, como os pulsares, estrelas de nêutrons que emitem sinais de rádio precisos e a existência de enormes cinturões de radiação mortal em torno de planetas como Júpiter.

Universo

Além de emitir ondas de luz visível e rádio, o Universo fala conosco através de todo o espectro eletromagnético. A astronomia do infravermelho e do ultravioleta só progrediu depois do início da era espacial. Quando foi possível enviar foguetes e satélites acima da atmosfera da Terra, que absorve a maior parte dessas radiações. A radiação infravermelha, emitida pelos corpos quentes revela o interior de nebulosas onde as estrelas se formam. E o que existe além de camadas de poeira densa, como as que ocultam o núcleo de nossa galáxia. Aviões e balões também têm sido usados para observar as ondas infravermelhas que chegam das estrelas. E algo semelhante acontece com o ultravioleta.

Na verdade quanto mais quente for um corpo celeste, maior será a frequência das radiações que ele emite. Os objetos mais quentes que existem, como os discos de matéria em torno dos buracos negros e os núcleos das supernovas, emitem energia na faixa dos raios X e Gama. Que também são absorvidos pela atmosfera da Terra e exigem instrumentos em satélites para serem observados. A agência espacial japonesa lançou este mês um telescópio espacial de raios X, o Astro H. Que vai complementar o trabalho feito pelo telescópio americano Chandra.

Agora, o observatório LIGO, situado em Washington captou ondas gravitacionais emitidas pela colisão de dois buracos negros, que teria passado despercebida sem esta nova janela para o céu. É o início de um outro tipo de astronomia, que vai sondar os imensos buracos negros que existem no centro das galáxias. Depois do LIGO teremos o Lisa, um satélite europeu que tentará detectar essas ondas gravitacionais no espaço. E quem sabe revelar os hipotéticos buracos de minhoca que ligariam dimensões diferentes do universo.

Por Jorge Luiz Calife
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