A busca pelo sucesso no mundo das artes costuma render filmes muito populares. Desde o longa “Fama” que levou multidões ao cinema em 1980, ao mostrar o dia a dia dos alunos da New York School of Performing Arts. Todos sonhando em ser grandes cantores, bailarinos ou atores. “Whiplash: Em Busca da Perfeição” estreita um pouco mais esse universo ao se concentrar em uma escola de música. Dedicada a formar novos talentos para as bandas de jazz. O filme deu o Oscar de melhor ator coadjuvante para J.K. Simmons, que interpreta o temível professor Fletcher.
Como sempre acontece nesse tipo de filme a história é contada do ponto de vista de um estudante. Miles Teller é Andrew, um jovem baterista que demonstra um talento promissor. Sonhando em se tornar a nova lenda do jazz ele entra para uma famosa academia de música. Lá torna-se o protegido do rigoroso professor Fletcher. Que costuma exigir o máximo de seus estudantes. Fletcher leva Andrew até o limite de sua resistência e a pressão que ele exerce sobre o aluno poderia ser classificada como abuso em nossa era do politicamente correto.
Mas Fletcher não é o vilão da história, ele apenas reconhece que o aluno tem potencial e quer força-lo a desenvolver esse potencial até o máximo. A história, é claro, caminha para uma grande performance do nosso herói na bateria. Miles Teller, que é músico na vida real, se entregou tanto ao papel que suas mãos sangraram durante as filmagens. Em outra cena ele acabou quebrando duas costelas do J.K.Simmons, que continuou a atuar apesar da dor causada pelos ferimentos. Não há muitos filmes assim no cinema de hoje.
O sucesso de “Whiplash” foi tão sofrido quanto dos personagens do filme. O diretor e roteirista, Damien Chazelle não conseguiu que nenhum estúdio bancasse o seu projeto. Sem dinheiro ele rodou um curta-metragem e o inscreveu no festival do cinema independente de Sundance. Ganhou o prêmio de melhor curta metragem e a partir daí conseguiu o dinheiro que precisava para transformar o projeto em um longa. Que ganhou três Oscar e vários Globos de Ouro. Na ficção como na realidade o esforço e a tenacidade compensaram.
Jorge Luiz Calife/ [email protected]