A Operação Resgate IV, realizada entre julho e agosto por três ministérios – Trabalho e Emprego (MTE), Público do Trabalho (MPT) e Público Federal (MPF) – em conjunto com a Defensoria Pública da União (DPU) e as polícias Federal e Rodoviária Federal, retirou 593 trabalhadores de condições de trabalho escravo contemporâneo.
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No estado de Pernambuco, 18 trabalhadores foram resgatados de uma clínica para dependentes químicos. Eram pacientes internados que realizavam as atividades laborais compulsoriamente como parte da internação (atividades administrativas, de portaria, de vigilância e de alimentação). A clínica contava com 63 internos e não tinha empregados registrados.
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Ainda em junho deste ano, 42 homens foram resgatados por agentes da Operação Segurança Presente de Nova Iguaçu de um centro de reabilitação clandestino no bairro Campo Alegre (foto). À época, o coordenador da operação disse que o local foi descoberto após policiais que faziam o patrulhamento no centro da cidade terem sido abordados por dois homens que haviam fugido do centro clandestino. Eles procuravam refúgio e relataram maus-tratos.
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Além da pouca alimentação e de má qualidade, os internos eram proibidos de sair do local. Eles sofriam castigos corporais, como surras e, à noite, eram acordados de 40 em 40 minutos para orar, afirmou o coordenador da base. Eles também eram obrigados a trabalhar para o pastor responsável pela clínica, sob a vigilância de três homens que eram encarregados de “manter a ordem”, evitar fugas e aplicar penas corporais. Os internos eram obrigados também a realizar trabalhos sem qualquer remuneração, em situação análoga à escravidão. É isso.
É treta I
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio das contas bancárias da Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário Elon Musk, nesta quinta-feira (29). A medida foi determinada para garantir o pagamento de multas estipuladas pelo descumprimento de decisões sobre o bloqueio de perfis de investigados pela Corte na rede social X, que também pertence a Musk.
É treta II
O bloqueio terá efeito nas contas da empresa no Brasil. A Starlink fornece serviço de internet para áreas rurais do país e tem contratos com órgãos públicos, como as Forças Armadas e tribunais eleitorais.
É treta III
A decisão veio à tona após Alexandre de Moraes determinar na quarta-feira (28) que Elon Musk indicasse, no prazo de 24 horas, novo representante legal do X no Brasil. A intimação foi feita por meio do perfil do STF na rede social. No dia 17 de agosto, Musk anunciou o fechamento da sede da empresa no Brasil e acusou Moraes de ameaça.
Lado sombrio da força
Elon Musk, com seu internacionalmente conhecido humor de 5ª série, usou sua conta no X para debochar da decisão de Moraes; publicou uma imagem gerada por inteligência artificial que compara o ministro a vilões das séries Harry Potter e Star Wars – Voldemort e Darth Vader, respectivamente.
Xandão I
Por falar em Alexandre de Morais, o ministro do STF negou nesta quinta-feira (29) a devolução do celular de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro no setor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responsável pelo monitoramento de desinformação nas redes sociais.O celular de Tagliaferro foi apreendido pela Polícia Federal (PF) por determinação de Moraes durante depoimento prestado na semana passada no inquérito que apura o vazamento das conversas que embasaram reportagens do jornal Folha de S.Paulo.
Xandão II
As matérias jornalísticas acusaram o ministro de usar “formas não oficiais” para determinar a produção de informações para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022, período em que Moraes foi presidente do TSE. Após a divulgação, o ministro disse que todos os procedimentos foram oficiais e regulares. Na decisão, Alexandre de Moraes disse que o pedido de devolução do aparelho é “confuso, sem fundamentação e absolutamente impertinente”.
Xandão III
Por determinação de Alexandre de Moraes, a PF investiga o vazamento de conversas entre Tagliaferro, que foi responsável pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) durante a gestão do ministro, e Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes.
Xandão IV
Tagliaferro era o responsável pela produção dos relatórios. Em maio do ano passado, o ex-assessor foi preso por violência doméstica. Após a prisão, ele foi demitido pelo ministro. Durante o período da prisão, o aparelho ficou sob a custódia da Polícia Civil de São Paulo. Após a apreensão do celular, a defesa de Eduardo Tagliaferro afirmou que a medida não é comum durante depoimentos. “Mais uma situação em que o abuso de autoridade e o excesso de poder salta aos olhos”, declarou o advogado Eduardo Kuntz.
Clínicas da escravidão
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