Bombeiros RJ: a tendência do Serviço Militar Temporário

Por Paulo Moreira

No mundo todo, os bombeiros são temporários. Inclusive, na grande maioria dos países adeptos deste sistema, eles ficam com o título de “honorários”, sem funções operacionais, após certo tempo de serviço prestado. O Brasil é praticamente exceção à regra. No entanto, mudanças estão à vista e podem alterar este cenário. Sabemos que é preciso renovar a tropa das corporações do país e a possibilidade está ao alcance de nossas mãos.

Tradicional por sua cultura e história, mas também conectado com as necessidades econômicas atuais, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) está entre os temas em foco por conta do Projeto de Lei (PL) n° 2.884/2020 encaminhado à Assembleia Legislativa (Alerj). A proposta visa à contratação de militares por tempo determinado, suprindo a necessidade de efetivo da instituição e diminuindo o impacto previdenciário futuro.

O modelo é adotado em outros países do mundo com sucesso. Na grande Paris, por exemplo, mais de nove mil jovens prestam este tipo de serviço militar. Aqui, a concepção é oriunda do planejamento estratégico do Gabinete de Intervenção Federal (GIF) na Segurança Pública do RJ. E, não por acaso, está previsto na Reforma da Previdência. Se os 10 meses da Intervenção Federal não foram suficientes para a implantação da novidade, ela veio a ser incorporada na Legislação de Proteção Social dos Militares (Lei Federal nº 13.954), permitindo que os estados a adotem. O Rio de Janeiro é o pioneiro na apresentação de um Projeto de Lei Estadual para a regulamentação da Lei Federal, de modo a incorporar jovens na modalidade de Serviço Militar Temporário nas fileiras do CBMERJ.

[box type=”shadow” align=”aligncenter” ]O modelo atual de 30-35 anos de serviço não se ajusta mais a uma sociedade com a alta demanda de atendimentos durante um dia, uma média de 1,2 mil em 24 horas[/box]

É importante deixar claro que estamos falando de um serviço militar semelhante ao prestado às Forças Armadas, mas sem o caráter compulsório. O PL, se aprovado, prevê a contratação, por meio de processo seletivo voluntário, de homens e mulheres com idades entre 18 e 25 anos. Eles poderão servir à corporação por até oito anos, renovados anualmente, sendo certo de que, ao concluir a etapa, terão adquirido valências equivalentes aos nossos militares estaduais.

Os jovens poderão atuar como motoristas, mecânicos, bombeiros profissionais civis, guardiões de piscina. Poderão se capacitar em uma série de funções durante o tempo em que estiverem em nossas casernas. Ao término do contrato, levarão consigo os princípios da formação natural de uma instituição de credibilidade: respeito, disciplina, patriotismo. Também é fato de que, em um breve futuro, teremos cidadãos espalhados pela sociedade em diversas empresas, em setores variados. Um verdadeiro exército de reservistas em Defesa Civil fará a diferença em uma primeira resposta, já que essas pessoas terão conhecimento para prestar primeiros socorros, utilizar corretamente extintores de incêndio e outros dispositivos, além de prevenir acidentes, aptidão inerente à vivência do bombeiro militar.

É preciso modernizar. E o PL 2884/2020 é a nossa proposta de renovação. O modelo atual de 30-35 anos de serviço não se ajusta mais a uma sociedade com a alta demanda de atendimentos durante um dia, uma média de 1,2 mil em 24 horas. A vida útil dos bombeiros militares de ponta no mundo todo é de, no máximo, 10 anos. Depois de 30 anos, por mais treinados que sejam, não podemos esperar que o profissional tenha a mesma disposição física, por exemplo.

É bom ressaltar que as outras formas de ingresso nos Corpos de Bombeiros não serão abolidas e poderão ser utilizadas de acordo com a conveniência e oportunidade da administração pública.

 

Roberto Robadey Jr. é Coronel Bombeiro e Secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ

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4 Comentários

Emir Cicutiano 12 de agosto de 2020, 20:21h - 20:21

Só é bonito no discurso, porque não prática não funciona. As atividades de um soldado bombeiro exigem dedicação, comprometimento, entrega e VOCAÇÃO. Dificilmente alguém vai se doar para um serviço temporário, o sentimento de pertença não existe… É igual no serviço militar obrigatório. Obviamente o recruta não tem a mesma disposição do militar de carreira, pois não se vê ali depois de algum tempo… Sinceramente? É uma maneira bem precária de se economizar recursos. As corporações militares têm muito cacique para pouco índio. Muita patente alta que recebe muito e realiza pouco, estregues a ocupações burocráticas e desnecessárias. Menos caciques e mais índios, basta isso…

Flávio Machado Ferreira 10 de agosto de 2020, 12:54h - 12:54

Muita injustiça com os aprovados que estão a anos aguardando uma oportunidade de serem convocados.

Geraldim 1 de agosto de 2020, 11:05h - 11:05

a intenção é boa, mas fomenta a criação de milícias. Quando os temporários forem dispensados, vão fazer o que da vida com seus 30/35 anos? A milícia vai seduzir. Talvez num outro estado da federação isso dê certo. Aqui no Rio, no começo sim, depois a milícia vai abraçar.

Fabiana 29 de julho de 2020, 21:49h - 21:49

Sinceramente deviam começar com o quadro de oficiais temporários… que tem os salários mais altos…Imagine a grande economia pros cofres públicos….
Na realidade isso nada mais é do que um verdadeiro sucateamento de uma corporação que funciona muito bem apesar da enorme falta de pessoal que corre em viaturas…. Só observar o número limitadíssimo de homens na hora dos atendimentos na rua! Porque a gente só vê vagas anuais no vestibular pra oficiais e fazem anos que não tem concursoi pra soldado? A gente estuda na esperança de ser um soldado bombeiro militar de carreira eles inventam uma baboseira dessas….pura covardia e desrespeito com a população que vai pagar o pato com certeza! Fora s temporários fantasmas que surgirão…. ridículo

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