Segundo turno: o impacto da eleição na geração de empregos

by Paulo Moreira

Em 7 de outubro, o Brasil inteiro foi às urnas votar e eleger os políticos que irão governar o país nos próximos quatro anos. Se entre os representantes do legislativo o próximo governo já está definido o mesmo não aconteceu para o cargo executivo do Palácio do Planalto. No próximo domingo iremos votar novamente para escolher o próximo presidente do Brasil e no cenário escolhido ontem temos a escolha entre o candidato do PSL – Partido Social Liberal, Jair Messias Bolsonaro e o candidato do PT – Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad.

Os dois candidatos à presidência com maior rejeição irão se enfrentar no segundo turno, o cenário de ódio e polarização tem dado o tom no debate democrático. O fato é que, após o dia 28 de outubro, independente do resultado das urnas, todos perderemos de alguma forma, uma vez que uma grande parcela da população não aceitará o resultado e não se sentirá representada pelo próximo governo. Esse cenário de polarização já conhecemos, é ele quem acentua a instabilidade e a crise econômica que estamos vivendo nos últimos anos.

Embora o período eleitoral seja um momento importantíssimo para debater ideias e projetos do país, pouco se vê sobre o plano estratégico de cada candidato. Foi pensando nisso que escrevi esse artigo. Proponho uma reflexão sobre os cenários possíveis imaginando o governo que está sendo proposto por cada um dos presidenciáveis e qual o impacto que veremos na geração ou na diminuição de empregos no Brasil.

Por ordem prática vamos avaliar primeiro o cenário com Jair Messias Bolsonaro, já que esse liderou as urnas com 46% dos votos válidos. No caso de Bolsonaro o que mais assusta o mercado é o medo do desconhecido, que na verdade, não é tão desconhecido assim por já ser deputado desde 1991. O candidato é visto como uma incógnita, cercado de instabilidades e polêmicas. Apesar disso, a indicação do economista Paulo Guedes para o ministério da Fazenda é bem vista por parte do mercado e traz certa segurança quanto as capacidades de escolha do “futuro presidente”. O candidato do PSL defende o livre mercado, é a favor das reformas: trabalhistas, previdenciárias e tributárias, além de propor a desburocratização do governo e a redução de ministérios.

Pouco antes do primeiro turno, Jair Bolsonaro recebeu apoio da bancada evangélica e da bancada agropecuária indicando certa governabilidade caso venha a ser eleito no 2º turno. Outro fator que fez com que o mercado econômico reduzisse a desconfiança no candidato foi a queda do dólar e o aumento da bolsa de valores logo após as pesquisas de Ibope e Datafolha que mostraram um aumento da intenção de votos ao candidato na última semana pré-eleição. Dentro desse espectro, o mercado se sente mais confiante e podemos então esperar uma maior geração de empregos e uma retomada econômica ainda que com boa dose de “pés no chão”.

Do outro lado, com 29,3% dos votos válidos, Fernando Haddad. Quando se compara carisma e discurso o candidato do PT ganha de seu oponente. Mas, seja por decisões de campanha ou por simplesmente ser o candidato que representa o governo dos últimos 16 anos e, consequentemente, todos os escândalos de corrupção que assolaram o Brasil recentemente, Haddad tem configurado um risco muito grande para o mercado. Em todo o primeiro turno, o candidato ignorou propostas para retomar a economia e mais do que isso, o plano de governo apresentado deixou o mercado assustado quando abertamente criticou reformas importantíssimas para tirar o Brasil da crise. Não fosse esse completo silêncio para o mercado econômico, talvez Haddad diminuísse o medo de alguns setores. Acredito que no segundo turno essa movimentação será feita e então teremos uma previsão sobre sua capacidade de governar junto com a câmara e com os senadores.

Ao declarar a convocação de possíveis plebiscitos e/ou referendos caso haja discordância entre executivo e legislativo, o candidato criou um clima de insegurança que aumenta o medo de alguns setores, e afasta, ainda mais, os investimentos internacionais. Caso venha a ser eleito, veremos em um primeiro momento o mercado paralisado, aguardando as cenas e as decisões dos primeiros cem dias de governo. Espera essa que pode ser extremamente crítica para o avanço do país. Apesar de sua disposição social, ignorar a economia e posicionar-se contra as reformas da previdência e trabalhista custou caro, e pode significar mais medo e receio nos empresários e, portanto, uma maior recessão.

O resultado das urnas, uma vez que foi bem diferente do que as pesquisas eleitorais previram, deixou muita gente abalada já que ainda tínhamos a esperança de maior equilíbrio entre os demais candidatos nessa primeira fase das eleições. O fato é que até uma semana antes de irmos para as urnas o risco de eleger qualquer um dos dois (Bolsonaro e Haddad) era o mesmo. Mas, algumas movimentações às vésperas da eleição mudaram o cenário. Se de um lado temos o medo do incerto, do outro temos o medo do que já conhecemos como sendo governo. O segundo turno passa a ser uma guerra entre o maior e o segundo maior partido do país, respectivamente o Anti-PT personificado na figura de Bolsonaro e o PT de Haddad.

Iremos acompanhar os próximos dias de campanha, a movimentação que será feita por cada um dos candidatos e de suas bases, isso deve transformar o cenário. Ao meu ver a polarização se acentua em uma economia onde as pessoas não tem emprego, renda e segurança.

Uma coisa é certa: a democracia se faz com visões opostas debatendo e negociando. Enquanto vivermos esse cenário polarizado, onde todos gritam e ninguém se escuta, estaremos fadados a enxergar o outro como inimigo. Mesmo com visões opostas sobre como construir um país mais justo, eu acredito que todos queremos a mesma coisa. Não dá para participar do debate político coberto de certezas e de razão, é preciso deixar espaço para a dúvida e dessa forma construir pontes onde todos sejam representados.

No final das contas, nos resta torcer para que tanto uma como outra opção utilize esses quatro anos para colocar o Brasil de volta nos trilhos e adotar um tom pacificador e conciliador. Desta forma, com o retorno do emprego e do crescimento da economia teremos um ambiente favorável para a diminuição da polarização, caso contrário veremos ainda mais pensamentos extremos, radicalismo e segregação.

 

Marcelo Olivieri é bacharel em psicologia e possui MBA em Gestão Estratégica. Com mais de 10 anos de experiência no recrutamento especializado nas áreas de marketing e vendas, Olivieri é diretor da Trend Recruitment.

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