Volta Redonda– Segundo o “Dossiê Pessoa Idosa”, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), no interior do estado apenas os municípios de Campos dos Goytacazes e Volta Redonda superaram o número de cinco vítimas de homicídio doloso entre a população da terceira idade em 2018. A maior cidade do Sul Fluminense ainda apresentou 73 casos de ameaça e 147 de estelionato tendo como vítimas os mais idosos.
Apesar dos números, Volta Redonda conta com uma boa rede de proteção e atendimento à população idosa. De acordo com a diretora do Departamento de Políticas para Idosos, Juliana Rodrigues, que também atua como Coordenadora do Centro de Pré-Atendimento ao Idoso (CEPAI) da prefeitura, durante o ano de 2018 foram realizados 349 atendimentos nos canais municipais.
– Já no ano corrente, encerramos o mês de setembro com 301 atendimentos. Vale ressaltar que neste quantitativo estão desde orientações até recebimento de denúncias de violências sofridas por pessoa idosa – disse.
A diretora destacou que os filhos, companheiros e familiares aparecem como os principais agressores. Além disso, se destacam ainda vizinhos e o próprio idoso se colocando em situação de violência (autonegligência). Neste ponto, os dados do Centro batem com tudo que é mostrado no dossiê, que traça um perfil dos agressores. De acordo com a coordenadora, em geral as denúncias são feitas pelos próprios idosos ou por pessoas que tenham conhecimento de algum tipo de violência.
Juliana ressaltou que o fato do agressor normalmente estar dentro de casa e fazer parte da família se torna um dos obstáculos para a denúncia. Neste ponto, o CEPAI estimula que os agredidos procurem ajuda. “Se o agressor é uma pessoa próxima à família, acaba sendo um obstáculo, pois, certamente, é alguém em que o idoso confia e tem estima. Identificar-se como vítima de violência e que a mesma vem sendo praticada por pessoas que deveriam tecer cuidados é, por si só, um momento doloroso”, lembra.
O CEPAI busca promover um processo de sensibilização e conscientização, para que o idoso perceba quais são os tipos de violência e possa tomar decisões que interrompam o ciclo. “Deixamos claro que o nosso objetivo, em um primeiro momento, é cessar a situação de violência e que a responsabilização do agressor será consequência de seus próprios atos, das violências praticadas e jamais da denúncia realizada”, alerta.
Percebendo a violência ao idoso
A diretora do Departamento de Políticas para Idosos, Juliana Rodrigues, lembra que alguns tipos de violência são mais fáceis de perceber, como aquelas que deixam hematomas ou que se evidenciem pela falta de cuidado ou utilização de bens patrimoniais. Outras são mais silenciosas, como a psicológica ou sexual.
– Observar a postura do idoso é primordial. Situações como isolamento, fragilidade emocional, perturbação, agitação demasiada. Tudo isso pode sinalizar que o idoso está em situação de violência – disse.
Ela lembrou que as denúncias podem ser feitas nos seguintes órgãos: CEPAI (3339-9275), SMIDH (3339-9215 / 3339-9520), Delegacia de Polícia (3339-2462), Defensoria Pública (3347-7149), Ministério Público (3347-7128), CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social (3339-9143), CRAS do território ou ainda, no Conselho do Idoso (3339-9113).
O CEPAI está situado na sede da SMIDH (Rua Antônio Barreiros, nº 232, Nossa Senhora das Graças). Contato CEPAI 3339-9275 ou telefones da SMIDH 3339-9215 / 3339-9519 / 3339-9520.
O presidente do Conselho Municipal de Defesa ao Direito da Pessoa Idosa, Kaique Lopes Maia, afirmou que o órgão também realiza campanhas, como distribuição de cartilhas, e articula entidades que tem trabalhos voltados à população de idosos. “O objetivo dessas ações é fazer entender quais são as possibilidades de violência, porque nem todo mundo entende que determinada ação é violência voltada à população de idoso, e a partir disso pensar em novas formas de prevenção”, destaca.