Sul Fluminense- Emprego tem e o que falta é trabalhador qualificado. Esta afirmativa apontada pela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi reforçada por representantes de alguns setores na Região Sul Fluminense. E um dado curioso: o “gargalo” é a falta do ensino médio ou mesmo do ensino básico. O problema é praticamente generalizado e vai da construção civil ao polo metal mecânico na região, impedindo que muitos candidatos acessem até mesmo os cursos profissionalizantes.
A empresária da Construção Civil Elisandra Cândido é uma delas. Ela garante que, neste setor, a oferta por vagas para algumas funções é bem maior do que a procura. O motivo, segundo a empresária, está na falta de qualificação profissional. A situação fica ainda mais grave por conta da barreira da formação do trabalhador, pois muitos dos profissionais sequer concluíram a educação básica. “A gente fica em uma sinuca de bico, pois precisamos qualificar aquele profissional, mas para ele ingressar em um curso é preciso saber o mínimo, como ler e interpretar um texto”, disse ela, que é presidente do sindicato patronal.
A presidente afirmou que os postos mais procurados são o de pedreiro e ajudante. “Está muito difícil encontrar jovens dispostos a trabalhar nestas funções, seja pela exposição ao sol, salário”, queixou-se a empresária.
Ensino médio
O problema se repete em outras áreas do mercado. A coordenadora de Educação do Sesi/Senai da Firjan em Resende, Patrícia Paes, revela que há entraves também na busca por vagas nas empresas do ramo automobilístico. A razão é a mesma: muitos candidatos não têm sequer o ensino médio.
– Precisamos de ajustes, sim, pois as empresas buscam profissionais e temos cursos de qualificação, mas muitos não conseguem vencer a etapa que exige o segundo ano do ensino médio – completou Patrícia.
Outro dado apresentado por ela é a baixa procura de pessoas da própria comunidade pelos cursos profissionalizantes oferecidos pelo serviço. Segundo a educadora, apenas 30% das vagas são preenchidas por moradores das comunidades próximas.
– Se o curso for gratuito, a gente tem bastante candidato, mas se for pago, esse número reduz substancialmente – ressaltou Patrícia, lembrando que a exigência do ensino médio é o gargalo para ingressar no mercado de trabalho na maioria das empresas.
Realidade
Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a barreira na formação média do trabalhador pode ser constatada pelas estatísticas nacionais. Entre dez indústrias brasileiras, pelo menos cinco enfrentam dificuldades em contratar por causa da falta de trabalhador qualificado. E qualificado, neste caso, é muitas vezes saber ler.
Segundo a pesquisa, 91% das empresas sofrem com escassez de trabalhadores qualificados e promovem políticas ou ações para lidar com o problema. Mais: 85% das indústrias afetadas pelo problema realizam treinamentos dentro da própria empresa, 42% promovem capacitação fora da empresa, 28% fortalecem a política de retenção do trabalhador, oferecendo salários e benefícios e 13% fecham parcerias com instituições de ensino.
Mesmo capacitando a mão de obra, 53% dos empresários afirmam que a má qualidade da educação básica brasileira cria dificuldades nos investimentos em formação e 49% apontam baixo interesse dos trabalhadores nos programas de aperfeiçoamento.
Perda de competitividade
Para a CNI, a falta de trabalhadores qualificados deve agravar-se à medida que a economia se recuperar, tornando-se um dos principais obstáculos para o aumento da produtividade e da competitividade no país. A entidade sugere esforços de capacitação e de requalificação, no curto prazo, e melhoria da qualidade da educação básica no Brasil, com prioridade para a educação profissional, no médio e no longo prazo.
A baixa qualificação, ressalta o levantamento, dificulta a adoção de novas tecnologias em 31% das grandes indústrias e em 13% das indústrias de menor porte. Entre as empresas com carência de mão de obra qualificada, 72% afirmam que a busca por eficiência e pela redução de desperdício é comprometida, 60% dizem que a manutenção ou o aumento da qualidade dos produtos têm prejuízo e 27% afirmam que deixam de aumentar a produção.
Mudanças buscam garantir a competitividade
As atualizações da norma que regulamenta as condições e meios de trabalho na indústria da construção civil já estão em vigor e as mudanças, propostas por lei, agradaram o setor. Um deles é o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. Ele afirma que as modificações vão aumentar a competitividade das empresas brasileiras, com estímulo à economia e à geração de empregos.
Construtores da região também aprovaram a medida. Para o diretor da empresa Tostes e Diniz, Rodrigo Tostes, as novas exigências garantem a segurança de colaboradores além de resguardarem a empresa contratante. “O novo conjunto de regras confere mais autonomia aos empregadores, já que sua interpretação está mais clara e moderna.
Acredito que a nova lei vai proporcionar melhores práticas e melhor gestão das normas que asseguram a integridade dos trabalhadores do ramo da construção civil”, destacou.
Já o empresário de Barra Mansa, Marcelo Novais, a nova regulamentação vai modernização o setor. “As Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho, foram estipuladas em 1978. Desde então, ela não havia passado por nenhuma revisão, tornando-se obsoleta em relação ao desenvolvimento do mercado da construção civil.
Muitas mudanças aconteceram durante todo esse tempo, inclusive tecnológicas. As novas regras são mais simplificadas e compatíveis ao atual ambiente de trabalho do segmento”, afirmou.
A nova lei vai ainda combater a informalidade no setor. Pelo menos é isso que o empresário Willians Vinicius Gonçalves, acredita. “Quando as normas regulamentadoras são realmente aplicáveis, se torna mais fácil padronizar processos e assegurar que as normas de segurança sejam efetivas. No nosso entendimento, quanto mais simplificadas se tornam essas normas, menor é a incidência de práticas em desacordo com a lei”, afirmou.
A nova lei traz em seu texto, novas diretrizes administrativas, de planejamento e organização para implementação e controle de medidas de segurança; questões específicas da atividade da construção civil como escavação, soldagem, demolição, entre outros itens. Instruções sobre o canteiro de obras, alojamentos, áreas de convivência e proteção a incêndios também são abordadas.
5 comments
Juventude quer ficar fumando maconha
e vadiando até os 25 anos, e depois querem que um emprego bom caia do céu.
Escola têm, sempre teve, muitas por sinal, municipal, estadual, federal…
O que falta é vontade e vergonha na cara.
Vocês que procuram terminar o ensino médio devem procurar realizar o Ceja antigo supletivo ou o Exame nacional de certificação de competências para jovens e adultos Encceja, são gratuitos e podem ser a mudança para a vida de muitos.
Agora, então, quando temos um ministro da educação analfabeto e terraplanista, é que o jovem estudante brasileiro será despreparado mesmo!!
Mas não há de ser nada, o presidente miliciano já fez o que deveria para corrigir : congelou por 20 anos os investimentos em educação
Agora sim
Quem congelou por 20 anos o investimento em educação foi o Temer, o mesmo que recebeu votos de quem votou no Neto.
Comments are closed.