Pelo menos 30% do comércio em Volta Redonda ainda trabalha com crediário

by Diário do Vale

Antônio exibe orgulhoso o caderno onde estão os clientes preferenciais
(Foto: Júlio Amaral)

Volta Redonda- Segundo dados a CDL-VR (Câmara de Dirigentes Lojistas), o crediário próprio ainda é usado em pelo menos 30% do comércio local. As grandes redes nacionais e também comércios de pequeno porte ainda mantêm viva tal prática. Comerciantes mais tradicionais também estão na lista de quem consegue fidelizar o cliente através do antigo “carnê”.
A segurança de vender no crédito próprio está na análise creditícia feita junto ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Já a vantagem para clientes e comerciantes é que nesta modalidade não se paga taxas administrativas comuns (e altas) dos cartões de crédito.
– Se o comerciante souber usar o crediário próprio, fazendo consultas, incluindo os nomes de consumidores inadimplentes e retirando quando quita às dívidas, o risco é bem baixo. Além disso, o custo é bem pequeno, com um serviço de qualidade com o maior banco de dados do país – afirmou o presidente da CDL-VR, Gilson de Castro.

Para o presidente do Sicomercio-VR, Jerônimo dos Santos, apesar dos cartões estarem em maior evidência, muitas pessoas não têm condições de ter acesso a essa forma de pagamento, o que torna o crediário próprio fundamental para atender essa parcela do público.
– As lojas que oferecem essa opção sabem da importância que tem disponibilizar todas as alternativas para o cliente. O mais importante é seguir as orientações para não deixar que a inadimplência fique alta. As antigas fichas de vendas no crediário estão sendo substituídas por cartão próprio da loja. Só muda o modelo de anotar. Sai do papel para a tecnologia, mas a finalidade é a mesma – garante.

Apesar da CDL e do Sicomércio enumerarem algumas vantagens da continuação do crediário pelo comércio, o crescimento do uso dos cartões de crédito e débito, bem como o receio da inadimplência, tornam a prática mais rara a cada temporada. Até mesmo os comerciantes mais tradicionais e que ainda mantém o crediário para seus clientes mais antigos, admitem que a prática esteja com seus dias contados. A proprietária de uma loja de artigos femininos, Sirlei Louzada, afirmou que ainda trabalha com crediário próprio para seus clientes mais assíduos, mas admitiu que a sete anos não abre crediário para novos clientes.
– Apesar de não achar mais vantagem nesta modalidade de venda, acredito que com o crediário as pessoas acabam comprando mais, devido aos juros mais baixo. Isso facilita o cliente a comprar. Por outro lado, mesmo com essas vantagens, ainda tenho receio da inadimplência. Por precaução, os clientes que ainda eu permito comprar pelo crediário são aqueles mais confiáveis – confirmou.
Segundo a comerciante, hoje o crediário é muito pouco utilizado pelos seus clientes, algo em torno de 5%. As maiores vendas atualmente correspondem ao cartão de crédito e débito (90%). “Outra vantagem do cartão é que ele pode ser parcelado”, opina Sirlei.

O gerente de uma loja especializada em cama, mesa e banho, Roberto Rodrigues, afirmou que só disponibiliza o crediário próprio para clientes ativos, aqueles que compram com constância e que são pontuais no pagamento. “Esses clientes que ainda mantemos no crediário são confiáveis, por isso ainda trabalhamos com eles”, disse ele, que completou:
– Antigamente as nossas vendas eram efetuadas muito pelo crediário, mas há uns oito anos começaram a barrar o crediário devido a um alto índice de inadimplência. Hoje, a nossa média de vendas no crediário corresponde a cerca de 10% dos nossos negócios. A maior parte das vendas atualmente é no cartão (60%), e a vantagem é que não tem burocracia e é mais seguro. Já a modalidade de vendas em cheque não é aceita há mais de 11 anos – explica.

Formas mais segura de vendas no crediário

De acordo com a economista Sônia Vilela, os comerciantes têm optado cada vez mais por formas seguras, optando pelo cartão de crédito. Com isso, apenas algumas lojas de varejo ainda usam o carnê e promissórias, que tendem a ser substituídas pelos cartões das próprias lojas e pelo cartão de crédito. “E essa mudança é normal e saudável”, diz ela.
– Entendo que não houve um abandono ao crediário, houve talvez a mudança na forma de crediário. Já que a maioria das transações é feitas através do cartão de crédito, divididas em parcelas – ressalta.
Segundo Sônia, a vantagem para a venda no crediário para o lojista diz respeito a assegurar a proximidade com o cliente, que se traduz em fidelização e ampliação das vendas.

‘Caderno de fiado’ ainda é
uma realidade na cidade

Diante de tanta modernidade e de um medo cada vez mais recorrente de calotes, ainda há comerciantes que se arriscam na manutenção do “Caderno de Fiado”. Os mais novos talvez nem saibam o que seja isso, mas “anotar” já foi uma modalidade bem conhecida de venda.
O comerciante Antônio José, dono de um bar na Avenida Lucas Evangelista, no bairro Aterrado, tem o seu “capa preta”.
– Ainda trabalho com um caderno de fiado, mas somente para aquelas pessoas conhecidas e clientes antigos, com mais de 20 anos de convivência. Eu vou anotando o nome e cobro daqui a 30 dias. Antigamente, eu usava mais esta prática, mas agora são poucos que ainda tem direito de serem anotados no meu caderno. O calote é difícil, às vezes demoram em pagar, mas pagam. Hoje cerca de 10% dos meus clientes ainda pedem para anotar, mas a maior parte paga mesmo com cartão (70%) – confirmou o comerciante Antônio José.
Ou seja, se antigamente estar com o nome no “capa preta” era algo nem tão glorioso, hoje é sinônimo de prestígio.

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