Água em Barra Mansa custa três vezes mais do que em Resende

Barra Mansa –  O vereador Rodrigo Drable (PMDB) comparou o custo ao consumidor de vinte metros cúbicos de água em Resende e em Barra Mansa. Resultado: uma conta emitida pelo Saae-BM com esse consumo fica em R$ 124,07, o que corresponde a 3,5 vezes mais que os R$ 35,39 referentes à mesma quantidade na cidade vizinha.

Os cálculos não incluem a cobrança de esgoto, que é feita com a aplicação de um percentual sobre o valor do consumo de água. O parlamentar explicou que os valores de metro cúbico que ele usou para fazer os cálculos já se referem às contas de água recalculadas, após a falha ocorrida em setembro.

— Não acredito que o fornecimento de água em Resende esteja dando prejuízo. A água vem do mesmo Rio Paraíba do Sul e o tratamento é semelhante. Por que essa diferença gritante, então? — questionou, lembrando que o presidente da Sanear, que administra a relação entre a prefeitura e a empresa que fornece água em Resende, é José Renato Bruno de Carvalho, o Zé Renato, ex-prefeito de Barra Mansa.

Para o vereador, a explicação para a necessidade de aumentar o valor cobrado pela água está na qualidade da gestão da autarquia.

— É muito difícil para o vereador cumprir seu papel de fiscalizar quando o Executivo não transparece suas ações, como ocorreu na audiência pública do último dia 15. O aumento, que existiu sim, mas voltaram atrás, foi necessário para cobrir erros de gestão. Por exemplo, a autarquia realizou uma licitação e comprou 10 rolos de fio de nylon por R$1. 800,00, (um mil oitocentos reais). Hoje fiz um orçamento para este mesmo produto e o valor seria de R$ 48,00 (quarenta e oito reais). Estes são dados públicos que encontrei no próprio site da Prefeitura e temos muitos outros exemplos. Para fazer este tipo de compra é necessário tirar dinheiro da população — disparou.

Segundo Rodrigo, é necessário realizar uma ampla investigação na administração do Saae.

— Com as ausências dos diretores do Saae-BM e do prefeito ou outros representantes do Poder Executivo na recente audiência pública, e considerando a consistência das denúncias a que temos tido acesso, considero indispensável a instalação de uma CPI na Câmara Municipal sobre esse caso. Além da questão das contas temos o contrato com a empresa de coleta de lixo, que também fica sob a responsabilidade do Saae-BM e foi renovado pela quarta vez, em regime de urgência, por erro no edital de licitação. Mas a lei de licitação permite que um contrato em regime de urgência seja celebrado por até 180 (cento e oitenta) dias e sem prorrogação. É essencial que façamos uma investigação séria para termos conhecimento do que está acontecendo em nossa cidade, com nosso dinheiro — prosseguiu.

Prefeito vê ‘ação política’ no caso

O prefeito de Barra Mansa, Jonas Marins (PC do B), afirmou que as declarações de Rodrigo Drable são uma exploração política de um assunto técnico e afirmou que os responsáveis pelos setores de licitação do Saae-BM vão interpelar judicialmente o parlamentar, já que estão se sentindo caluniados.

— O melhor preço obtido em uma licitação nem sempre corresponde ao melhor preço existente no mercado, mas as licitações do Saae são feitas absolutamente de acordo com a lei — afirmou.

Sobre a diferença nos valores das contas, Jonas disse que uma cidade não serve de parâmetro para outra, e que Rodrigo estaria inconformado porque a questão já estaria superada:

— Se a água em Barra Mansa é mais cara que em Resende, é porque já vem assim desde o governo anterior. O vereador está inconformado porque o Saae-BM admitiu o engano, voltou atrás e as reclamações coletivas terminaram. O que temos de reclamações agora são as queixas normais, de cerca de um por cento dos consumidores, que ocorrem em todo tipo de prestações de serviço — concluiu o prefeito.