Crise preocupa políticos e empresários

by Diário do Vale

Sul Fluminense – A situação econômica da região, que sente os efeitos da crise que atinge o Brasil está preocupando tanto políticos quanto empresários. No campo político, prefeitos, como dos de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (PMDB), Barra Mansa, Jonas Marins (PC do B) e Resende, José Rechuan (PP) estão tomando medidas de contenção de despesas e tentando aumentar as receitas, enquanto o deputado federal Deley de Oliveira (PTB) faz pronunciamentos na Câmara dos Deputados pedindo para que seus colegas parlamentares mudem o foco das disputas pelo poder para a busca de soluções para a crise e o deputado estadual Nelson Gonçalves (PSD) participa da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico do Sul do Estado – Desenvolve Sul, da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio), buscando soluções para a crise na região.
Deley usou a tribuna da Câmara dos Deputados na última terça-feira (28) para apelar aos parlamentares que voltem sua atenção, com urgência, para a situação da economia do país. Ele criticou o excesso de foco sobre possíveis pedidos de impeachment da presidente Dilma Roussef (PT) e outras disputas pelo poder.
— Todos os dias estamos aqui discutindo impeachment, enquanto aumenta o desemprego e cai o movimento no comércio. Precisamos concentrar nossa energia em encontrar soluções para a economia, em vez de nos concentrarmos em disputas pelo poder, porque o povo está sofrendo — disse Deley.

 

Apelo: Deley pede que parlamentares mudem foco da disputa do poder para a crise econômica

Apelo: Deley pede que parlamentares mudem foco da disputa do poder para a crise econômica

Empresários estão pessimistas

Os empresários industriais da região Sul Fluminense esperam redução da demanda de seus produtos nos próximos seis meses. De acordo com a Sondagem Industrial – Sul Fluminense, divulgada nesta terça-feira (27), pelo Sistema Firjan, o índice atingiu 31,8 pontos, o menor patamar da série, iniciada em 2005. Os índices da pesquisa variam de zero a cem pontos e os valores abaixo de 50 indicam pessimismo. A expectativa também é de redução da compra de matéria-prima (32,8 pontos) e do número de empregados (37,9 pontos). Já o indicador de expectativas sobre a exportação atingiu 48,5 pontos e mostra que os empresários esperam que as exportações fiquem praticamente estáveis nos próximos seis meses.
A pesquisa da Federação das Indústrias apontou ainda queda na atividade industrial em setembro. Os indicadores de volume de produção e de número de empregados ficaram distante da linha de 50 pontos, 36,3 e 40,6 pontos, respectivamente.
Os empresários também se mostraram insatisfeitos com a situação financeira de suas empresas no 3º trimestre, com o indicador atingindo 36,1 pontos. A margem de lucro (29,8 pontos) e o acesso ao crédito (28,8 pontos) ficaram ainda mais distantes da linha divisória de 50 pontos.
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmam a visão dos empresários: no Vale do Paraíba Fluminense, a indústria eliminou 1.522 postos de trabalho entre janeiro e setembro deste ano.

Entidades nacionais apontam círculo vicioso

A queda de 10% da produção industrial no País, um dos indicadores da crise financeira, preocupa representantes de vários setores da economia ouvidos em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara.
Eles apontaram a existência de um círculo vicioso na economia: a queda nos financiamentos paralisou os investimentos, o que diminuiu a produtividade e contribuiu para a desaceleração do consumo.
O diretor da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini, listou alguns dos problemas estruturais que ele considera que paralisam a economia: a falta de investimentos em tecnologia, o alto custo da mão de obra, a baixa produtividade e a deficiência de infraestrutura.
Nenhum deles é mais importante, segundo ele, que a falta de investimentos do País, que é apenas metade do que o registrado nos demais países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Mercado Financeiro

De acordo com Bernardini, no Brasil é mais rentável investir no mercado financeiro que na produção industrial. “Até 2009 as empresas conseguiam pagar o dinheiro dos empréstimos. A partir de 2009, com a queda da rentabilidade das empresas não financeiras – as financeiras estão muito bem, obrigado – se eu tomar um empréstimo, eu não vou conseguir pagar com o resultado da operação; se eu comprar uma máquina, ela não se paga.”
O dirigente acrescentou que isso significa que “investir no Brasil é burrice. É muito melhor colocar o dinheiro no banco da esquina, em títulos do Tesouro que me rendem 14, 15% ao ano”.

Exportações

Já o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Humberto Barbato, disse que a falta de financiamento para exportações faz com que as empresas brasileiras deixem de ser competitivas. “O mundo é globalizado. Como disse o Mário Bernardini, nós não vamos conseguir exportar equipamentos se a gente não tiver financiamento à exportação. Isso é em função da concorrência mundial que a gente vive. Não adianta só se ter preço, A gente tem que ter as condições de venda do mercado internacional. Isso é fundamental.”
Barbato, que é presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, criticou também as mudanças previstas na Medida Provisória 694/15, enviada pelo governo ao Congresso no início de outubro e que reduziu benefícios fiscais concedidos às empresas que investem em pesquisa a inovação.
Os últimos indicadores do governo apontam uma leve recuperação das exportações, principalmente por causa do câmbio, que favorece quem vende para outros países.
As exportações de carros para o México, por exemplo, aumentaram 30% entre janeiro e setembro.

Redução de incentivos

A diminuição dos incentivos às empresas é uma das medidas do ajuste fiscal promovido pelo governo, que incluiu também a redução dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), outro fator criticado na audiência pública.
O deputado Júlio César (PSD-PI) criticou a redução dos investimentos oficiais e acrescentou outro fator, os juros altos, que tornam ainda mais caros os financiamentos.
Segundo ele, isso piorou depois das desonerações feitas em vários setores da economia, o que diminuiu a arrecadação. “As desonerações chegaram no ano passado a R$ 112 bilhões, o subsídio do BNDES a R$ 25 bilhões. O governo não tem dinheiro, capta no mercado a Selic e aporta no BNDES e o governo paga essa equalização da taxa.”
No primeiro semestre deste ano, os financiamentos do BNDES à indústria caíram quase 20%, se comparados ao mesmo período do ano passado.
O superintendente da Área Industrial do banco, Maurício Neves, admitiu a queda, principalmente no Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame).
Mas ele garantiu que projetos industriais aprovados continuam recebendo recursos. “As grandes fábricas em construção, projetos que foram decididos há um e meio, dois anos atrás, eles continuam, são projetos que pensam no longo prazo, pensam no Brasil de uma retomada de crescimento.”
Neves assinalou que o que sofre mais efetivamente com a retração do desembolso é a Finame. “É a área de exportação que lida com aspectos de comercialização, que são decisões mais vinculadas à aquisição efetivamente de bens de capital, que sentem efetivamente os efeitos desse momento mais recessivo.”

Preço dos insumos

Para outro representante do governo na audiência, o secretário do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Carlos Gadelha, o clima de pessimismo contamina a economia.
Ele procurou dar algum otimismo aos empresários e garantiu que o ministério está atuando para diminuir o preço dos insumos. “Os setores que estão na base da cadeia produtiva não podem ser caros. Falando em bom português: se a matéria-prima é cara, o produto é caro e nós não somos competitivos. Existe toda uma preocupação para se reduzir os custos de energia para a indústria, isso tem que ser uma variável central”.
Gadelha informou que o ministério já entrou na discussão sobre os custos dos insumos.

IBGE aponta desemprego de 8,7%

Na quinta-feira (29), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego no país voltou a subir no trimestre encerrado em agosto e chegou a 8,7%. O índice é 0,6 ponto percentual superior ao do trimestre terminado em maio (8,1%). Esta foi a maior taxa de desocupação da série histórica iniciada em 2012.
Comparativamente ao mesmo trimestre do ano anterior (6,9%), a alta chegou a 1,8 ponto percentual. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua).
Segundo a pesquisa, a população desocupada cresceu 7,9%, atingindo 8,8 milhões de pessoas, ou mais 647 mil pessoas desocupadas em relação ao trimestre de março a maio, quando a alta chegou a 29,6% (mais 2 milhões de pessoas, na comparação com igual trimestre de 2014).
No trimestre encerrado em agosto, a população ocupada somava 92,1 milhões de pessoas, ficando estável em ambas as comparações. Os dados indicam ainda que o número de empregados com carteira assinada recuou 1,2% (menos 425 mil pessoas), em relação ao trimestre de março a maio, e caiu 3% (menos 1,1 milhão de pessoas) na comparação com igual trimestre de 2014.
“A taxa [de desocupação] aumentou porque aumentou a fila de pessoas a procura de emprego. E este aumento reflete, principalmente, a perda da estabilidade, uma vez que o contingente de ocupados não reduziu no mesmo período”, disse o coordenador de Rendimento e Trabalho do IBGE, Cimar Azeredo.

Audiências: Nelson Gonçalves participa da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico do Sul do Estado

Audiências: Nelson Gonçalves participa da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico do Sul do Estado

 

Por Paulo Moreira

[email protected]

You may also like

8 comments

TRISTE CONSTATAÇÃO 3 de novembro de 2015, 17:27h - 17:27

O Sr. Delay, salvo engano, pois assisto a TV Câmara todos os dias, é a primeira vez que ele ocupa a tribuna para se pronunciar esse ano, e pelo jeito não está compreendendo o momento político, econômico do país.
O Brasil está passando por crise econômica, política e moral. Só depois de superadas essas crises, é que o país terá condições para iniciar uma reação. Mas essas crises só serão possíveis com a saída do governo do PT, que não tem mais condições morais e nem políticas de conduzir nossa economia.
Roubaram tudo que podiam e o que não podiam, faliram a Petrobras que vem sendo vendida (privatizada) pelo governo Dilma desde 2013 para os chineses.
A maior crise é a moral, pois os poderes constituídos estão todos corrompidos, e se os bandidos não forem colocados no xilindró, nada mudará. O empresário Abílio Diniz deu uma declaração no exterior de que “o Brasil está em liquidação”. E está mesmo. A hora agora é dos empresários estrangeiros que começaram a comprar as empresas brasileiras. A Petrobras está sendo vendida quando seu valor de mercado é o menor de toda sua história! Isso é uma vergonha! FORA PTRALHAS!

Matheus 3 de novembro de 2015, 09:58h - 09:58

Analistas já estão prevendo melhora significativa somente em 2018. Não é ser pessimista, mas que Deus no ajude.

Paulo Costa 2 de novembro de 2015, 21:14h - 21:14

Hoje os políticos não estão preocupados com crise,se o brasileiro ta no sufoco,eles só estão preocupados com com eles mesmo,preocupados em Derrubar o adversário pra se dar bem,e o povo que se dane,agora vem o deley e o Nelson Gonçalves dar uma de preocupados a ta ,esses caras só aparecem nas eleições depois somem,eles estão preocupados é com as próximas eleições,mais fiquem tranquilos porque esse povo da região sempre vão eleger vocês, o Nelson Gonçalves principalmente,sempre engana o povo com a Rodovia do contorno,agora é a crise financeira,caras de pau,aja óleo de peroba pra esses políticos safados.

PANELA DO NETTO 2 de novembro de 2015, 17:12h - 17:12

ESSE POLÍTICO NÃO MERECE O MEU RESPEITO,

VAI BÊBADO PARA O SEU LOCAL DE TRABALHO PARA FAZER VEXAME.

LAMENTÁVEL É O FIM DPS POLÍTICOS DO BRASIL ,

QUANDO NÃO É CORRUPÇÃO ,

E UM BÊBADO COM A CARA NO CHÃO,

QUANDO NÃO TEM ALGUÉM O SEGURANDO PARA NÃO

## CAIR ##

FALA AÍ POLÍTICO DE VR ?

Ferreira 3 de novembro de 2015, 13:35h - 13:35

Coisa feia heim amigo???? Escrever isso de alguém sem se identifiar, imagine alguém soltar isso sobre voce na escola dos seus filhos? Muito feio isso

ÊTA POVINHO 1 de novembro de 2015, 12:44h - 12:44

Pois é, quando os empresários no Sul Fluminense estavam em 2012 fazendo lançamentos, investindo fazendo propaganda para o prefeito ganhar a eleição, eu alertei aqui a loucura deles. Eu alertei aqui a loucura da petista forçando a baixa da SELIC no mesmo tempo. E mediante os juros baixos eles fizeram a farra da gastança, tudo em prol para ganhar as eleições. Era o momento da presidenta ELEVAR OS JUROS para impedir o POVINHO se arriscar e se endividar para agora movimentarem a economia.

Eles não viram que em 04 anos o mundo lá fora estava pegando fogo devido a crise financeira (começada pelos americanos em 2008, diga-se de passagem) que um dia chegaria forte no MEU BRasil.

Como tenho dito: empresários brasileiros não tiram a vista do umbigo para o horizonte.

Agora os incompetentes jogam a conta para nós. E tem eleitores que os apoiam.

Cantinflas 1 de novembro de 2015, 12:31h - 12:31

Isso. Todos fizeram campanha e apoiaram Lula e Dilma. Na hora só pensaram em colher os frutos do populismo barato implantado por este sistema incompetente que assola também países da América do Sul. Agora observam de pires vazio e o país afundar num mar de lama misturada de incompetência e corrupção. Tudo que este governo PT fez, além da corrupção instituída, foi gastar, gastar e gastar numa farra desenfreada, os recursos obtidos no bom momento econômico que o país passou em razão da valorização das commodities mundo afora. Jamais pensaram em inserir a economia do país no contexto global, ficando a seguir a cartilha interna comunista de países cujo este sistema arcaico também quebrou, tais como Argentina, Venezuela e Bolívia. Agora chorem na cama. E fora PT !

Paratemas 1 de novembro de 2015, 11:20h - 11:20

Ficaram estes últimos anos apoiando Lula – Dilma, agora estamos colhendo os frutos deste (des)governo corruPTo. Infelizmente, os governos nao reduzem os gastos só querem aumentar os impostos do povão, veja a CPMF.
Infelizmente, 2016 será ainda mais difícil.

Comments are closed.

diário do vale

Rua Simão da Cunha Gago, n° 145
Edifício Maximum – Salas 713 e 714
Aterrado – Volta Redonda – RJ

 (24) 3212-1812 – Atendimento

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99234-8846 – Comercial

(24) 99234-8846 – Assinaturas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

colunas

© 2024 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996