Brasília – Deputados criaram um fórum permanente para avaliar os efeitos negativos da Operação Lava Jato na economia do País. A Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal no Paraná, está esquadrinhando o bilionário esquema de corrupção na Petrobras.
A criação do fórum aconteceu nesta quinta-feira (2), durante audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Além de deputados federais, o fórum, liderado pelo autor do requerimento de criação, deputado Valtenir Pereira (Pros-MT), e pelo atual presidente da comissão, deputado Vicente Candido (PT-SP), é composto de trabalhadores, empresários e representantes do governo.
De acordo com o ato de criação, o objetivo do fórum é construir alternativas ao impacto negativo da Operação Lava Jato na atividade econômica nacional e no índice de emprego do País e ao risco de esmagamento das maiores empresas nacionais de engenharia.
Definhamento
Para Valternir Pereira, a maior preocupação é com a paralisação de investimentos no setor. “O dinheiro tem, está reservado, programado – só que não é transferido para a empresa. Automaticamente, acelera um processo de definhamento dessas empresas; de quebra dessas empresas. Quebra a empresa principal e, com ela, vão todas as subcontratadas”, disse.
Entre os expositores que se colocaram à disposição do colegiado para a construção do fórum estavam representantes da Petrobras, da Advocacia-Geral da União (AGU) e sindicalistas representando entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (CONTTMAF) entre outras.
Macroeconomia e corrupção
Membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a prática de corrupção na Petrobras, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) defendeu uma atuação segmentada do Legislativo.
“O que nós devemos fazer? Separar o que é macroeconomia e o que é corrupção. E vê se a gente atua na macroeconomia para que a cadeia de petróleo não pare”, disse Pansera.
Demissões em massa
Sobre os principais efeitos da paralisação de investimentos em empresas parceiras, o conselheiro de administração e representante dos empregados da Transpetro, que compõe o sistema Petrobras, Raildo Viana, admitiu que demissões em massa podem tornar-se realidade.
“Os principais efeitos seriam a redução de investimentos e a possibilidade de demissão de mão de obra terceirizada – isso nos preocupa bastante também. Efetivamente, nada oficial, até o momento. Porém, existem rumores fortes que isso possa vir a acontecer”, afirmou.
Investimentos
O representante da CONTTMAF, Carlos Augusto Muller, lamenta a falta de informações sobre os atuais investimentos da Petrobras: “Hoje, nós temos um programa, que foi instituído em 2009, visando à modernização da frota de petroleiros da Transpetro. Nós não sabemos se o programa terá continuidade ou se ele vai ser interrompido. Nós temos [apenas] muitos boatos”.
Ressaltando a importância dos trabalhos desenvolvidos na comissão, o gerente executivo da Petrobras, Ivanildo de Almeida Silva, disse que a estatal possui seu plano de negócios (2005-2019), o qual já foi divulgado à imprensa.
“Já houve a informação de quais seriam as ações: os projetos que vamos tocar; os projetos para os quais a empresa não tem recursos, exclusivamente, da sua parte, fazer a complementação de algumas obras”, observou.