Ditadura Militar: Audiência pública em Barra Mansa discute implantação de Centro de Memória

by Diário do Vale

Barra Mansa – Uma audiência pública neste sábado (10), às 8h30, na Sala de Espetáculos Tulhas do Café, no Parque da Cidade, discute a implantação do Centro de Referência Permanente do Direito à Memória. O espaço relembrará o período da ditadura militar no Sul Fluminense. A ideia é fruto de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), determinado pelo MPF (Ministério Público Federal), em conjunto com a prefeitura, no ano passado.

A escolha desse espaço para a implantação do Centro de Memória tem uma justificativa; segundo relatos históricos foi no antigo 1º BIB (Batalhão de Infantaria Blidanda) do Exército que ocorreram inúmeras torturas a presos políticos contrários à ditadura militar instaurada no país naquela época. O BIB funcionou entre 1959 a 1969.

Durante a audiência pública, serão apresentados documentos, fotos, depoimentos de sobreviventes sobre as torturas ocorridas naquele local, entre outros, que farão parte do Centro de Memória.

De acordo com o TAC, em seis meses, prazo que se encerra em junho, a equipe de pesquisadores e voluntários deverão reunir documentos sobre os acontecimentos ocorridos no 1º BIB durante o regime militar. O TAC chama atenção também para a importância de “assegurar reparações simbólicas em favor da preservação da memória e do patrimônio histórico nacional na área correspondente ao quartel onde funcionou o 1° Batalhão de Infantaria Blindada (1° BIB) e o parque ao redor”.

– Queremos contar a história da repressão e da resistência à ditadura no Sul Fluminense – reforçou a historiadora Eminny Ghazzaoui, uma das participantes do projeto.
Além das exposições, o Centro de Memória será um espaço destinado a realização de cursos e eventos relacionados a efetivação da democracia e da promoção de direitos humanos. O grupo de trabalho tem ainda a obrigação de encaminhar o pedido de tombamento do local ao Conselho Municipal de Cultura de Barra Mansa e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (IPHAN).

Perseguições e torturas no BIB

Nesta última audiência pública para a implantação do Centro de Memórias haverá a apresentação do plano museológico, elaborado pelos integrantes do grupo de trabalho. O evento contará com a participação do ex-preso político Vicente Mello, perseguido pelas forças militares por sua atuação no âmbito da diocese de Volta Redonda, sob a liderança do bispo Dom Waldyr Calheiros, que também foi detido por diversas vezes neste local, por ser considerado na época “subversivo”.

– O 1° BIB foi criado, em 1950, com a função de assegurar a ordem pública na região, mas no início da ditadura, esse espaço serviu de prisão de operários da CSN, lideranças religiosas ligadas a Igreja Católica, sindicalistas, entre outros – lembrou Eminny.

Os relatos históricos mostram ainda que antes do AI-5, de dezembro de 1968, foi empreendida uma verdadeira “caça às bruxas” na Igreja de Volta Redonda, sobretudo ao bispo Dom Waldyr Calheiros. A repressão dos militares se estendeu a padres e militantes católicos, que foram intimados, na época, a prestar depoimentos, sendo alguns presos e torturados.

Após 1969, a tortura teria sido intensificada no Batalhão, que é apontado por historiadores como um dos centros militares de tortura de opositores ao regime. As ações eram integradas ao sistema DOI-CODI, que funcionava no Rio de Janeiro.

Morte de soldados

Ainda sob o regime militar, as ações ocorridas no antigo 1º BIB, que culminaram com a morte de quatro soldados, se tornaram um fato inédito na história política brasileira. Devido a estas mortes, a Justiça Militar, no auge da ditadura, condenou sete militares envolvidos nos assassinatos em 1973, e determinou a extinção das atividades do 1° BIB. Este acontecimento marca a história, único caso em que militares foram responsabilizados e punidos por suas práticas durante o regime militar pela própria Justiça Militar. Na sede do 1º BIB, passou a funcionar o 22° BIMtz .

– Os shows ali realizados, bem como a feira anual de exposição agropecuária, atraem as novas gerações que não conhecem a história deste passado autoritário e recente, contribuindo para uma política do esquecimento – enfatizou a historiadora.

Você também pode gostar

7 comments

Eminny Aly Carmel Ghazzaoui 12 de junho de 2017, 14:43h - 14:43

O BIB funcionou entre 1950 a 1973.

Adão 12 de junho de 2017, 09:38h - 09:38

Podiam criar o Memorial dos Terroristas Comunistas também, aqueles que lutavam por “Democracia”!!!

VAI VENDO 12 de junho de 2017, 22:21h - 22:21

Comunismo não combina com democracia. Vá estudar história para saber que o Brasil era democrático até Juscelino. Depois vieram os comunistas Jânio Quadros e João Goulart (jango) que jogou o pais na lama como fizeram o Lula e Dilma/Temer.

Só uma dica: evite professores de História ou de Administração Pública ou de Ciências Políticas COMUNISTAS, porque isso você continuará não sabendo.

Morador de BM 10 de junho de 2017, 22:04h - 22:04

E o pátio de manobras é para quando ?

VAI VENDO 10 de junho de 2017, 19:09h - 19:09

“política do esquecimento”
É justamente esse o objetivo dos comunistas. Assim nunca saberão que eram eles os contrários do poder militar.

Nenhum dos contrários a eles sofreram represálias. Importante lembrar que “A repressão dos militares se estendeu a padres e militantes católicos, que foram intimados, na época, a prestar depoimentos, sendo alguns presos e torturados.” Vejam somente alguns presos e torturados, não todos. Esses a favor da desordem (como vemos ainda hoje) e contrários a ordem e progresso.

Conheço uns 4 que sofreram no 1º BIB. Hoje são apoiadores roxos da Dilma e Lula.

Eu sou contrário a qualquer violência, inclusive dos militares, inclusive da PM hoje, mas precisamos mostrar os dois lados da história.

Dom Waldyr Calheiros, pelo que conheço não era contra os militares. Ele era contra a violência deles com os comunistas.

Mr. Troll 11 de junho de 2017, 09:50h - 09:50

Nos anos de chumbo, cabos eleitorais e aspones baixa-renda como vc eram os primeiros a entrar como bucha de canhão nos porões sombrios. Com um dia pendurado no pau-de-arara, levando choque no saco, vc confessaria até o que vc não soubesse.

Laticinie 10 de junho de 2017, 06:47h - 06:47

A DITADURA QUE VIVEMOS HOJE PELO TRÁFICANTES,POLITICOS,POLICIAIS.NÃO PRECISAMOS REMOVER MARCOS ANTIGOS ESTA TUDO ATUALIZADOS NOS DIS DE HOJE.
NÃO PERQUEM.TEMPO.

Comments are closed.

diário do vale

Av. Pastor César Dacorso Filho nº 57

Vila Mury – Volta Redonda – RJ
Cep 27281-670

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99974-0101 – Comercial

(24)  99208-6681 – Diário Delas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

colunas

© 2025 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996