Lei aprovada pela Câmara de Volta Redonda sobre assédio sexual gera polêmica

by Diário do Vale

Volta Redonda – Embora tenham elogiado a lei aprovada pela Câmara Municipal que prevê multa de 20 UFIVRE’s (Unidade Fiscal de Volta Redonda), equivalente a R$ 3.395,00, àqueles que praticarem assédio sexual no interior dos ônibus, mulheres e homens acreditam que apenas a legislação não resolve a questão. A maioria afirma que estes assédios poderão continuar e acreditam que o respeito ao público feminino somente vai ocorrer com a adoção de medidas educativas, orientando a população sobre a importância de respeitar o outro.

O professor Amaro Neto, de 38 anos, vai mais longe e acrescenta que, se o texto da lei, não estiver bem fundamentado, a medida pode se tornar controversa e acabar expondo, em alguns casos, o público masculino de forma desnecessária. O professor lembra que, nem sempre as ações dentro de um ônibus, onde o homem acaba esbarrando, por exemplo, em uma mulher sem querer pode ser considerada assédio. Amaro lembrou que, em horários de rush, os ônibus circulam sempre cheios e o contato físico com outras pessoas não dá para ser evitado.

– Concordo com a multa, pois ela vai levar a pessoa que tiver a intenção de praticar tal ato, a pensar duas vezes antes de executá-lo, mas há de convir, que ao esbarrar em uma mulher,  quando passamos em um corredor lotado do ônibus, a mesma pode considerar isso como assédio, o que não retrata a realidade – avaliou o professor, acreditando que isso pode gerar atritos expondo pessoas de forma desnecessária.

O professor Amaro vai mais longe e defende que esta questão, assim como outras relacionadas ao respeito ao próximo, devem ser tratadas junto à comunidade, através de ações educativas. Opinião semelhante é defendida pela jornalista e feminista, Amanda Nonato, de 21 anos. Ela considera a multa uma alternativa viável, mas que a mesma não vai impedir os casos de assédio contra a mulher.

-Precisamos educar nossas crianças, nossa comunidade para que a nossa sociedade aprenda a respeitar o outro, reduzindo casos de violência, não somente contra as mulheres, mas de um modo em geral – ressaltou Amanda.

A jornalista acredita que, sem a conscientização da população, mesmo usando uma burca – vestimenta utilizada pelas muçulmanas deixando apenas olhos à mostra – a mulher poderá sofrer assédio sexual. Amanda já foi, inclusive, vítima de um caso semelhante. Ela contou que estava em um ponto a espera de ônibus, quando um carro parou lotado de rapazes que a agrediram verbalmente por não retribuir o comentário que o grupo teria feito sobre ela. “Na cabeça deles, me chamar de bonita, gostosa, gata, outros adjetivos, era um elogio, mas pra mim, isto se tornou uma ofensa”, avaliou a moça, lembrando que ninguém no ponto saiu em sua defesa.

Amanda considera que a falta de solidariedade da sociedade é um reflexo da incapacidade das pessoas de discernirem o que seria assédio ou elogio. “Entendo que isso é o que esta faltando. A lei ajuda, mas não resolve esses casos, que continuarão ocorrendo, porque muitos consideram elogio o que para algumas mulheres acaba sendo constrangedor”, completou a jornalista.

A manicure Bruna Almeida, de 23 anos, também sai em defesa da lei, mas alerta para o que pode ou não ser considerado assédio ou abuso sexual contra as mulheres. A manicure disse ter presenciado situações em que o homem de fato agiu com a intenção de assediar a mulher, mas ela garante ter observado outras situações, onde não houve a intenção de praticar tal ato, por parte do homem, mas ter sido repreendido pela mulher.

– Isso é muito complicado, porque já vi indivíduos que agem com maldade e aproveitam o local cheio para ficar encostando na gente, mas existem situações, em que os homens chegam a se desculpar pela proximidade por conta do grande número de gente dentro do ônibus, tornando o contato físico inevitável – ressaltou Bruna.

RESOLVE

Para a comerciante Eliane Silva Vieira, de 48 anos, somente a lei já resolve boa parte dos casos relacionados ao assédio contra mulheres em ônibus. Ela acredita que o temor de ser pego e ter que pagar uma multa vai reduzir, em muito, a incidência desses casos. “As pessoas pensam duas vezes quando mexe com o bolso, principalmente o brasileiro, que só respeita as leis quando teme uma multa”, disse a comerciante.

A designer Cátia Viana é outra que saiu em defesa da legislação e afirma que, somente o aviso, alertando sobre o crime, vai impedir esses casos de abuso praticado nos ônibus. Cátia é enfática ao defender os direitos das mulheres e diz que os homens que cometem tais abusos devem sofrer sanções ainda mais graves, levando à detenção.

“As mulheres precisam colocar a boca no trombone e terem coragem para denunciar esses casos que ocorrem a todo o tempo, ate mesmo alguns, envolvendo homens adultos e meninas”, completou Cátia, ressaltando que somente medidas mais graves poderão evitar esses abusos.

LEGISLAÇÃO

Havendo flagrante do abuso sexual, o motorista do coletivo deverá conduzir as partes envolvidas à delegacia, podendo solicitar ajuda policial. Caso o ofensor não seja flagrado no momento do crime, ou o fato gere dúvidas, a empresa ficará obrigada a fornecer as imagens de monitoramento aos setores competentes.

A lei considera como abuso sexual: constrangimento ofensivo ao pudor, o ato de molestar ou importunar alguém de modo ofensivo, ainda que sem contato físico, atentando contra a dignidade sexual da vítima. A legislação estabelece ainda que os dizeres “Abuso sexual é crime. Ligue 180 e denuncie”, do governo federal, devem ser afixados no interior do coletivo e em lugar de fácil visão.

O projeto é de autoria dos vereadores Rodrigo Furtado (PTC) e Tigrão (PMDB). Iniciativas semelhantes foram adotadas em diversas localidades do país. Em Curitiba, a prefeitura lançou uma campanha contra o abuso nos ônibus, com o slogan “Eu não tolero abuso”.

Por Lílian Silva

 

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23 comments

Homem Aranha 26 de outubro de 2017, 09:39h - 09:39

Palhaçada….quero ver um Audi, BMW, Mercedes ou qualquer carro ou moto esportiva se aproximar do “público feminino” e tecer elogios ao mesmo se vai haver alguma denúncia!

Leoni 25 de outubro de 2017, 12:15h - 12:15

ando a pé de bicicleta de carro mas onibus nem pensar. Cortei isto da minha vida é a maior nojeira falta de educação e mais um monte de adjetivos que nem é bom comentar. Vou de bike!

Leoni 25 de outubro de 2017, 12:13h - 12:13

Que bom que eu não ando de onibus nem sei o que é isto!

# Revoguem o aumento da passagem! 25 de outubro de 2017, 11:30h - 11:30

Eu tenho até idéia de algo bom que estes vereadores poderiam fazer: Revoguem o aumento da passagem até que as empresas coloquem wi fi, ar condicionado em pelo menos 30% da frota, conforme prometido, Ah, e comprovem que estão se mobilizando para a renovação de frota.

VOTO CONSCIENTE 25 de outubro de 2017, 10:51h - 10:51

GOSTARIA DE SABER: “A MULTA SERÁ PAGA A QUEM E ONDE? O QUE SERÁ FEITO DO DINHEIRO ARRECADADO? QUEM NÃO TIVER CONDIÇÕES DE PAGAR A MULTA O QUE ACONTECERÁ? E, FINALMENTE, GOSTARIA DE SABER O QUE ACONTECE QUANDO O FATO FOR INVERSO? KKKKKKKKKKKKKKKKKK POIS TEM MUITA MULHER SAFADINHA POR AÍ TAMBÉM…

VOTO CONSCIENTE 25 de outubro de 2017, 10:55h - 10:55

IA ME ESQUECENDO… ATENÇÃO VEREADORES DE VOLTA REDONDA, SE NÃO TÊM MAIS NADA PRA FAZER, NÃO FIQUEM INVENTANDO MODA, PROCUREM COISAS MAIS ÚTEIS PARA SEUS PROJETOS. FALEI… E TÁ FALADO.

Sandra 25 de outubro de 2017, 10:07h - 10:07

Você homens que criticam as mulheres, devem ter nascido de chocadeirassss. Não devem ter mãe, tia, avós, irmãs. Imaginem um dos seus sofrendo abuso no ônibus e quando contam a história são criticadas. Ah, bando de machistas. Olha a quantidade de abusos que acontecem a cada minuto.
Despertem.

Max 25 de outubro de 2017, 11:04h - 11:04

Filha, não é machismo, é indignação com uma lei que não trata o problema, mas sim o sintoma.

As leis deveriam ser focadas em melhorias no transporte e não isso, se houvessem ônibus suficientes para atender a população não precisaríamos ficar espremidos, o que evitaria os aproveitadores e facilitaria o flagrante de algo que já é crime pela constituição. A lei é desnecessária e incompleta.

Agora, além de andar em ônibus lotados, teremos de tomar cuidado pra não possibilitar a interpretação errada de um contato físico como abuso.

Lei populista que me fez rever meu apoio ao Rodrigo. Pena.

Adriano 25 de outubro de 2017, 10:01h - 10:01

Concordo com a lei. As mulheres merecem respeito. Sendo feminista ou não, sabemos o quanto sofrem agressões o tempo todo, sendo verbal ou físico.

TO DE OLHO 25 de outubro de 2017, 08:00h - 08:00

FALA PRA ESTE RODRIGO FAZER UMA LEI ONDE PROIBE POLITICOS ANDAR PEDINDO VOTO PELA RUA E FAZER CARREATA NAS PROXIMAS CAMPANHAS , PRA ELE FAZER UMA LEI IGUAL DO EUA , FAZER CAMPANHAS EM ESTADIOS FECHADOS , UM LOCAL BOM É ILHA SÃO JOÃO.
ISSO ELE NAO FAZ NAO NÉ .

Sandra1 25 de outubro de 2017, 10:04h - 10:04

TO DE OLHO, o que esses políticos fazem seria assédio moral, tortura psicológica?

******** 25 de outubro de 2017, 07:57h - 07:57

Desserviço de inutilidade pública…o principal,os vereadores não veem,transporte público péssimo.Essas sucatas sobre rodas,caindo aos pedaços

Astolfo 24 de outubro de 2017, 23:37h - 23:37

Feministas = grupo formado por mulheres que acham que ser homem é melhor do que ser mulher.

Obs: geralmente formado por mulheres feias e indignadas com sua feiúra.

Mauro 24 de outubro de 2017, 23:23h - 23:23

Porque não fazem uma lei para punir os atrasos e a superlotação dos coletivos, isso sim é certo, mas não preferem apoiar os contratos vitalícios de empresas falidas, com ônibus caindo aos pedaços, ou seja, primeiro crie condições, depois cobrem o descumprimento. Desafio os vereadores a entrarem nos ônibus com bolsas de compras ou mochila de roupas sujas, como fazem os milhares de trabalhadores, aí quero ver votar contra o cidadão. Lembro que a lei de assédio moral e sexual já é prevista no código penal. Precisamos é dá CPI da rodovia do Contorno, Arena Esportiva e outras.

Mauro 24 de outubro de 2017, 20:41h - 20:41

Precisamos de vereadores atuantes, saíam de vossos gabinetes e percorram os vários pontos da cidade, são vinte e um que por unanimidade aprovaram a lei, porque não vão por volta das 6:30 e 18:00 horas aos pontos citados e outros e façam o trajeto que o trabalhador faz diariamente, . Sabemos que existe o assediador, mas não podemos fazer o cidadão produzir provas contra si mesmo, pois embarcar num coletivo super lotado de VR, onde o trânsito é caótico, curvas mal projetadas, quebra molas por toda a cidade que obrigam o balanço de todos os passageiros. Acho que os senhores estão iguais aos garotos ricos e mimados que soltam pipa com ventilador e brincam nas praças de luvinhas, porque não vão as ruas fazer estudos, leis teóricas são fáceis, porque não comprovam na prática.

Max 24 de outubro de 2017, 20:40h - 20:40

“constrangimento ofensivo ao pudor, o ato de molestar ou importunar alguém de modo ofensivo, ainda que sem contato físico, atentando contra a dignidade sexual da vítima. ”

O que caracteriza constrangimento ofensivo ao pudor? e, no contexto, importunar?

Se o “joazinho” achar a “mariazinha” bonita e ficar encarando, ao mesmo tempo em que a “mariazinha” se sentir desconfortável e fizer um escandalozinho, gritando coisas como “o que tá olhando?” e o povo tomar partido da “mariazinha”, o “joazinho” terá ‘importunado ofensivamente, ainda que sem contato físico’ a dita? e se for a “mariazinha” que fixar o olhar, ela estará como ativo nessa situação?

Esse assunto é extremamente subjetivo, não existe como parametrizar o que é considerado constrangimento, pois cada um se sente constrangido segundo seus parametros.

Presenciei a situação onde o “joaozinho” foi ridicularizado dentro do ônibus (linha açude x santo agostinho) há uns 15 anos atrás, pois ele era um trabalhador sujo e a “mariazinha” era uma ‘adolescente de roupas de marca’ (falsificadas, mas de marca). Ela o achou feio e achou absurdo o jeito dele olhar, as amigas começaram a tomar partido e logo logo todos estavam convencidos que o rapaz tinha tentado algo com a menina.

Leis nesse tipo são absurdas e incompatíveis com o atual momento ‘nonsense’ da sociedade. Vai acabar dando margem para o vitimismo extremista e facilitar ataques seletivos, que serão, agora, defendidos por uma lei…

No caso acima o “joaozinho” simplesmente desceu do ônibus e a “mariazinha” ficou lá, rindo dele junto com as amigas… se acontecer algo assim no ano que vem, o “joaozinho” será encaminhado à delegacia, vitima do comportamento de massa e não terá, sequer, chance de defesa, uma vez que subjetividade não requer prova e que “constrangimento ofensivo ao pudor, o ato de molestar ou importunar alguém de modo ofensivo, ainda que sem contato físico…” não produz prova.

triste ler que veio do Rodrigo, que até então, eu estava elogiando.

Mauro 24 de outubro de 2017, 20:28h - 20:28

Esses Senhores que nos representam na câmara municipal, deveriam primeiro observar o transporte público em Volta Redonda, onde em muitas linhas como Nove de abril, Açude, Três poços e outras, os ônibus nos horários de pico, não conseguem mal fechar as portas, pois é claro que eles não sabem, só andam de carro as custas da população, sua família não usa o caótico transporte público da cidade. Isso é muito grave, pois quem anda de ônibus, não tem esse valor da multa para pagar, e acusação de assédio sexual é coisa séria. Porque os nobres vereadores não criam leis que multam as empresas que lotam seus coletivos e prestam um péssimo serviço, pois agem na certeza da impunidade.

Claudio Rimulo 24 de outubro de 2017, 17:45h - 17:45

Deixei de ler quando citaram feministas na matéria.

Filho do Ary Góis 24 de outubro de 2017, 23:39h - 23:39

Digo o mesmo.

Esse movimento pseudo intelectual e pseudo moralista não possui nenhuma credibilidade.

Ary Góis 25 de outubro de 2017, 15:01h - 15:01

Olha aí meu filho biológico. O otário que acha que é seu pai saía pro zero hora, e sua mãe partia pro vuco. O coitado aí na sua quebrada, que te sustenta, é o único que não sabe (ou finge que não sabe).

Volihn Habbah 24 de outubro de 2017, 17:39h - 17:39

Esses vereadores sao tão incompetentes e desnecessários, que tentam de todas as formas aparecer como úteis ao povo, na maioria das vezes atuando ridiculamente em áreas sobre as quais não têm nenhum conhecimento prático. É preciso acabar com as câmaras municipais com a máxima urgência, eliminando esses parasitas de uma vez por todas e substituindo-os por conselheiros municipais não remunerados e sem gabinetes, carros, assessores, etc…

VIRA LATA 24 de outubro de 2017, 17:08h - 17:08

FECHA LOGO ESTE CURRAL DE BURRO NA SOMBRA.

Velho 24 de outubro de 2017, 17:05h - 17:05

Sinceramente me respondam aí as pessoas com mais de 50 anos de Volta Redonda: _ o que mudou no sistema de transporte público na cidade do final da década de 70 até hoje ? O sistema continua o mesmo, a mesma roleta, os mesmos pontos sujos e mal iluminados, os mesmos ônibus barulhentos e sem ar condicionado. O sistema não evoluiu nada, não é eficiente e não da orgulho de usar. Resultado é o trânsito infernal

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