MPF reativa acordo para criar centro de memória das vítimas da ditadura militar

Por Diário do Vale

Barra Mansa – O Ministério Público Federal (MPF)  decidiu reativar o acordo com a prefeitura de Barra Mansa para a criação de um Centro de Memória das vítimas da ditadura militar no Sul Fluminense, na área do antigo quartel do 1º Batalhão de Infantaria Blindada (BIB), segundo informações da Assessoria de Comunicação do órgão. O Termo de Acordo de Cooperação (TAC) tinha sido cancelado pela Procuradora da República, Bianca Britto de Araújo, no final de maio.

“A reativação do TAC é uma vitória de todos os defensores da importância da criação do Centro Memória, Verdade e Direitos Humanos (CMVDH)” celebrou Alejandra Estevez, professora adjunta do Departamento Multidisciplinar da Universidade Federal Fluminense – campus Volta Redonda e uma das principais articuladoras do TAC agora revalidado.

“É uma vitória do campo da memória, verdade e justiça” , completou Estevez, que investigou as intervenções sindicais ocorridas durante os primeiros anos da ditadura civil-militar brasileira durante o pós-doutorado no Centro de Pesquisa e Documentação de História do Brasil Contemporâneo da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV).

O deputado federal Wadih Damous (PT/RJ), ex-presidente da Comissão Estadual da Verdade (RJ), também comemorou: “Isso mostra que o MPF não se reduz à República de Curitiba. Fico contente e aliviado com a nova decisão.” O parlamentar destinou emenda no valor de R$400 mil para contribuir com a efetivação do projeto que prevê um acervo histórico do período ditatorial associado a um espaço de lazer e esportes, por solicitação da comunidade.

Damous elogiou a mobilização da comunidade na luta pela criação do Centro de Memória, especialmente o grupo de professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) que lidera esse processo. O deputado visitará Volta Redonda, em agosto, para acompanhar de perto as etapas de implementação do TAC.

 

Reviravolta

O Termo de Acordo de Cooperação (TAC) firmado entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Prefeitura de Barra Mansa, dona do imóvel do antigo BIB desde 2006, foi produzido a partir dos resultados de investigação da Comissão da Verdade de Volta Redonda (CMV-VR) sobre o caso de tortura e morte de soldados ocorrido em dezembro de 1971. Em 2014, a CMV-VR pediu o auxílio do MPF para localizar vítimas e parentes próximos com vistas à revelação da verdade e à formação da memória sobre essa violação de direitos humanos.

Em maio, a procuradora Bianca Britto de Araújo cancelou o TAC com a alegação de que as torturas e outras violações de direitos ocorridas no BIB, durante o período da ditadura militar, seriam crimes prescritos, o que tornaria qualquer diligência investigativa desnecessária. A procuradora considerou que o direito à memória e à verdade são “abstrações”.

Defensores da criação do Centro Memória, Verdade e Direitos Humanos (CMVDH), recorreram contra o arquivamento do TAC, em seguida. O advogado Alex Martins, presidente da OAB/VR e ex-presidente da Comissão Municipal da Verdade de Volta Redonda (CMV-VR) também pediu a designação de outro procurador para atuar no caso do Centro de Memória. Edgard Bedê, Coordenador das Investigações da CMV-VR, e Raphael Jonathas Lima, professor da UFF e Coordenador do Grupo de Trabalho do BIB, também assinam  o recurso.

Na semana passada, o Núcleo de Direitos do Cidadão da 2ª Região (RJ/ES) – que apoia a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) – reapreciou a decisão do cancelamento e entendeu que o TAC deveria ser revalidado. “Os direitos à memória e à verdade constam na Constituição, não se tratando de meras abstrações, como sugerido na proposta de arquivamento”, frisaram os procuradores do núcleo, segundo a Assessoria de Comunicação do MPF da 2ª. Região .

 

Um pouco de história

O 1º BIB, sediado em Barra Mansa, foi criado em 1950 com a função de “assegurar a ordem pública” na região. No início da ditadura o batalhão comandou o indiciamento e prisão dos operários da CSN, ao ponto de apenas dois meses após o golpe de 64 já terem sido presos todos os principais líderes sindicalistas. Ainda antes do AI-5, em dezembro de 1968, foi empreendida uma verdadeira “caça às bruxas” na Igreja de Volta Redonda, sobretudo à pessoa do bispo Dom Waldyr Calheiros. Padres e militantes católicos foram intimados, obrigados a prestarem depoimentos, presos e torturados, sempre sob as ordens do comandante do 1º BIB.

Após 1969 a tortura foi institucionalizada no batalhão e esse se tornou um centro de torturas para opositores do regime, inclusive de maneira integrada ao sistema DOI-CODI que funcionava capital do Estado do Rio de Janeiro. Um dos episódios mais lembrados ocorreu em entre dezembro de 1971 e janeiro de 1972, quando quatro soldados do próprio batalhão morreram após torturas, fato reconhecido pela própria justiça militar à época.

 

Lembranças tristes: 1º BIB foi palco de torturas durante ditadura militar

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10 Comentários

Alexsander 23 de julho de 2018, 19:46h - 19:46

A pior ditadura é a que vivemos hoje: a ditadura da insegurança; do medo de sair de casa; de ter o carro roubado e ser morto numa estarda deserta; de ter a filha estuprada e uma deputada idiota defendo os “direitos humanos” do estuprador; de ter acordos milionários de licitações fraudadas ou superfaturadas em prol de políticos e partidos em detrimento de nossos impostos…
Ah, e tem um detalhe: a barbaridade que realmente foi cometida cotra estes jovens, a qual foi punida com a prisão e expulsão do capitão e do tenente que comandaram as torturas, nada teve haver com questões políticas – conforme afirmou D. Waldir em suas memórias publicadas pela FGV (“O Bispo de Volta Redonda”). Os rapazes foram vítimas de uma investigação idiota sobre o uso de drogas no quartel, mesmo sem que houvesse qualquer prova que eles estivessem envolvidos com qualquer ato ilícito. Cabe sim às famílias a devida reparação do Estado, mas daí dizer que foi um crime político…é muita má fé e manipulação de quem só quer aparecer em ano eleitoral!!!

guto 23 de julho de 2018, 16:59h - 16:59

Esses comunistas que estão por trás disso são hipócritas, coniventes com a violência das armas e cegos perante os milhares de venezuelanos pobres que estão morrendo nas mãos dos militares venezuelanos por se oporem ao regime ditatorial comunista implantado por Lula e Fidel Castro, com a ajuda de Chavez na Venezuela!
Os venezuelanos pobres que não morrem nas mãos do Exército venezuelano fogem para a Colômbia, Panamá, Peru e até para o Brasil, contudo o PT, o PCdoB, o PSOL e outros partidos de esquerda não vêem esses pobres venezuelanos, pois eles só se preocupam em retomar o poder no Brasil!
Segundo fontes do IBGE e do Ministério da Saúde a mortalidade infantil que caia HÁ 26 ANOS CONSECUTIVOS NO BRASIL COMEÇOU A SUBIR DE NOVO EM 2016, ÚLTIMO ANO DE GOVERNO DA CRIMINOSA TERRORISTA DILMA ROUSSEF!!!!!
Eu quero saber se vai haver um Centro de memória para as crianças que estão morrendo no Brasil devido AO MAIOR ESQUEMA DE CORRUPÇÃO CRIADO NO BRASIL POR ESSES ESQUERDISTAS HIPÓCRITAS DO PT!!!!
Como diria o jornalista Boris Casoy: “Isso é uma vergonha!”…

Gustavo 23 de julho de 2018, 13:56h - 13:56

A pergunta que fica é: Qual petista ficará como coordenador do “Memorial” pra fazer propaganda contra Bolsonaro? Coincidência reativar essa idéia às vesperas das eleições.
Só porque temos um candidato Militar.

E aí 23 de julho de 2018, 11:24h - 11:24

Acabou o regime militar, deixaram o batalhão acabar, Valença não deixou, aquecia a economia, direta e indiretamente…

MAURO 23 de julho de 2018, 10:03h - 10:03

KKKKKKK DITADURA? KKKKKKKKKK NUNCA TIVEMOS DITADURA NESSE PAIS…. OTÁRIOS.

Morador de Barra Mansa 23 de julho de 2018, 08:59h - 08:59

Ditadura é voce querer agendar vistoria do Detran em Barra Mansa ou Volta Redonda
e não conseguir.
Ainda bem que esse Desgoverno vai sair daqui a uns meses.

Francisco Carlos 23 de julho de 2018, 08:35h - 08:35

Ditaura é que estamos vivendo nas mãos destes governo comunista.

Laticinea 23 de julho de 2018, 07:11h - 07:11

Estamos sob a Ditadura do trafico de drogas em cada canto da cidade jovens sendo torturados pelas drogas um povo sendo torturado pelos policos coruptos.teremos que criar um centro de memória ativo pois isto não pode apagar.

Realista 23 de julho de 2018, 11:22h - 11:22

Vila , está cheio de drogados na praça dos inocentes, que fica em frente a escola, curso de inglês, só não vê quem não quer…

Sodado silva 743 cia de apoio 22 de julho de 2018, 18:35h - 18:35

Tirar guarda proximo a garagem de viaturas dava muito cagaço no sentinéla isso em 1981 cia de apoio pois de tempos em tempos, na madrugada se ouvia gritos e barulhos na garagem.

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