Barra Mansa – Responsáveis por abastecer supermercados e hortifrutis da região, os produtores rurais do distrito de Santa Rita de Cássia também sentem os efeitos das baixas temperaturas, no que se refere a produção de folhosas como alface, rúcula e agrião, cujo consumo caí em até 50% em períodos mais frios. Conforme explica o produtor Luiz Flávio de Almeida, para evitar prejuízos maiores, a estratégia usada pelos agricultores é fazer o controle do plantio dessas verduras e investir em outros produtos como, por exemplo, a beterraba, couve-flor, brócolis e repolho.
– No inverno e em dias mais frios, como os que estamos enfrentando, o consumo de folhosas cai demais porque as pessoas não comem salada. Todos os anos temos que fazer o controle de plantio, que vai de maio até agosto. No mês que vem já podemos aumentar o plantio para a colheita do final de setembro e início de outubro, quando o frio já vai ter dado uma trégua – explicou Almeida, ao acrescentar que é essa é uma realidade de todos os produtores do distrito, que produzem, em média, de 60 a 80 toneladas de verduras por mês, distribuídos nos municípios de Barra Mansa, Volta Redonda, Piraí, Resende e Barra do Piraí.
Conforme destaca Almeida, além da queda do consumo de folhosas e também da produção, outros fatores que prejudicam os produtores são os constantes aumentos de insumos para o plantio como, por exemplo, o adubo. Segundo o produtor, há três meses ele comprava um saco de 50 quilos do adubo por R$ 70 reais e, hoje, a mesma a mercadoria já está saindo a R$ 200 reais.
– Nós não podemos repassar esse custo para o consumidor e acaba que ficamos no prejuízo. Outro problema que tem nos afetado são as promoções dos supermercados, que têm dias que colocam as folhosas em promoção, mas sem abrir mão na hora da compra, com o produtor, da sua margem de 30%. Dessa forma, eles acabam ditando o nosso preço e desvalorizando a nossa mercadoria. Sem falar que eles compram por consignação e só nos pagam pelos produtos que foram vendidos– acrescentou o produtor.
Dias frios e crise econômica
O produtor Reginaldo Luiz Amorim é outro que também está sentindo a queda na venda de folhosas, o que segundo ele está associado aos dias mais frios, com o agravamento da crise econômica pela qual muitas famílias estão passando no país. Segundo ele, nesses últimos dias a queda nas vendas, juntos aos clientes, foi de cerca de 40% a 50%.
– Nesta época do ano já é difícil mesmo vender folhosas, porque muitas pessoas nem saem de casa e porque esse não é um tipo de alimento que é opção para dias mais frios. E para piorar, têm muitas pessoas passando dificuldades e sem condições de comprar verduras, o que também nos prejudica diretamente — lamentou o produtor, que também citou a questão da consignação com os supermercados, que só pagam aos produtores pelas folhosas que conseguem comercializar.
De acordo com Amorim, as baixas temperaturas também prejudicam a lavoura, impactando na qualidade e na perda desse tipo de verdura. Segundo ele, a situação só deve melhorar com a chegada da primavera e dias mais quentes e, por isso, a partir desse mês já é possível investir no aumento do plantio, visando uma boa colheita para os meses de setembro e outubro.
– Assim que o tempo esquentar e se essa economia der uma virada, nos últimos meses do ano, creio que as coisas vão melhorar – concluiu o produtor.
Ajuda técnica
Conforme explica o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barra Mansa, Adilson Delgado Resende, para orientar os produtores do município a entidade disponibiliza, por meio do ATEG (Programa de Assistência Técnica e Gerencial), o serviço de profissionais especializados que possam ajudá-los em períodos como esse.
– São técnicos que podem orientá-los a fazer o gerenciamento de suas propriedades, do controle de produção, que podem ajudá-los a saber o período certo e o tempo de crescimento de cada produto, além de outras informações – disse o presidente.