Programa de conservação do Bicho-Preguiça começou em Barra Mansa e completa 20 anos

by Diário do Vale

Bicho-Preguiça vive no Centro da cidade e é um dos símbolos de Barra Mansa
(Foto: Divulgação)

Barra Mansa- Quem mora em Barra Mansa e até mesmo em municípios vizinhos sabe que o bicho-preguiça é um ícone da cidade. Mas, o que muitas pessoas não sabem, é que no município existe um Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-Preguiça (PEMCBP), que neste mês de outubro completou vinte anos de trabalhos que visam a promoção de ações ambientais, sócio-educativas e culturais com a finalidade de buscar conhecimento biológico das espécies de preguiças e a sua conservação.
De acordo com a bióloga, pesquisadora e fundadora do projeto “Preguiça Barra Mansa”, Shery Duque Pinheiro, embora o foco dos trabalhos seja o acompanhamento dos animais, os profissionais envolvidos nessa iniciativa também buscam promover uma educação ambiental junto à população, com relação ao bicho-preguiça. E isso ocorre, segundo a bióloga, porque é muito comum a pessoas se aglomeram em torno do Parque Centenário, quando um bicho-preguiça aparece em sua parte baixa.
Considerados frágeis, esse animais silvestres, segundo Shery, precisam ser respeitados como qualquer outro que pertença a fauna brasileira. Dentre as orientações, a bióloga alerta que as pessoas não devem se aproximar das preguiças.
– Esse é um dos problemas de um animal silvestre estar tão próximo da área urbana. As pessoas pensam que as preguiças são mansas, que estão sorrindo para fotos, mas não é bem assim. Nossa orientação, caso alguém veja o animal descer e caminhar pelo chão do parque é para que chamem o guarda ou funcionário do parque. Jamais se deve tentar pegar ou fotografar muito próximo a preguiça, pois além de estressar os animais, as pessoas correm risco de sofrer algum tipo de ataque, uma vez que ele irá tentar se defender – ressalta a bióloga, ao informar que no parque existem aproximadamente 16 preguiças, incluindo filhotes.
Outro problema enfrentando, segundo ela, é com relação a alimentação das preguiças, que não aceitam qualquer tipo de comida pro serem animais
folívoros restritos, alimentando-se apenas das folhas de algumas espécies de árvores. De acordo com a bióloga, as preguiças descem ao solo em média uma vez por semana para defecar e urinar ou quando não há passagens entre as árvores, o que tem acontecido no parque devido a queda, corte e manutenção das árvores.
– Não se deve, de maneira alguma, dar comida a elas quando estiverem na parte baixa, seja para fazerem suas necessidades ou quando forem buscar alimentação. Periodicamente fazemos plantios de espécies que servem de alimento e estamos trabalhando em parceria com a prefeitura para implantação de cordas específicas para minimizar esse problema – destacou Shery.

Eixos do programa envolvem
pesquisa e comunicação

Segundo Shery Duque Pinheiro, o Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-Preguiça atua em três eixos, sendo eles: fomento à pesquisa; comunicação científica e divulgação sócio-cultural. A atuação do programa se resume em elaborar e executar projetos, em implantar planos de manejo, treinamentos e cursos em resgate clínico e reabilitação da preguiça, em parceria com o poder público e privado, participação em comitês e conselhos técnicos em âmbito regional e nacional, além de buscar parcerias com grupos de pesquisa e ONGs nacionais e internacionais voltadas à conservação das preguiças.
De acordo com a bióloga, para colocar tudo isso em prática o programa enfrenta algumas dificuldades. Entre elas ela cita a falta de recursos financeiros para realização de alguns projetos de custo mais alto, tanto em Barra Mansa, como nos outros locais de pesquisa.
– Em áreas urbanas falta estrutura mínima para o bem estar dos profissionais como, por exemplo, banheiros e buscamos apoio no comércio para minimizar esse desconforto. Outra grande dificuldade é conseguir conscientizar a população em nível mais amplo sobre os problemas que as preguiças enfrentam em áreas urbanas – destaca Shery.
Conforme explica a bióloga, o Parque Centenário, também conhecido como “Jardim das Preguiças”, é um jardim criado artificialmente com a finalidade de recreação humana e, em sua concepção, não houve planejamento para abrigar e cuidar de animais silvestres. Segundo ela, as preguiças foram introduzidas em diferentes momentos, por munícipes inadvertidamente.
– Com isso, hoje as preguiças enfrentam um problema de superpopulação, com empobrecimento genético e problemas de saúde devido à baixa imunidade. Muitas sofrem com ferimentos graves ou até fatais devido a queda no asfalto, enfrentam brigas entre machos, abandono e morte de filhotes, tentativas de fuga em busca de alimento por parte dos machos mais jovens, que são pegos nas imediações do parque, além do problema sonoro, escassez de alimentos e assédio da população humana – detalhou a bióloga.
Segundo ela, embora possa se afirmar que as preguiças sejam um ícone de Barra Mansa, uma vez que são animais silvestres vivendo tão próximo da população – o que sempre desperta curiosidade entre adultos e crianças – elas não podem ser consideradas um patrimônio da cidade, assim como é o Parque Centenário.
– Não podemos dizer que é um patrimônio, pois isso induz a uma ideia equivocada de que é certo os animais estarem ali e de que não se deve buscar soluções para essa questão. Tal afirmação pode agravar a resistência da população à implantação de medidas que visem, inclusive, a translocação desses animais para áreas silvestres – explicou.

Profissionais associados

Atualmente a equipe do Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-Preguiça (PEMCBP) é formada por cinco biólogos e dois veterinários que são os profissionais associados ao programa. O PEMCBP, segundo Shery, também recebe estagiários e, ocasionalmente, profissionais voluntários das áreas de biologia e veterinária.
– O trabalho do programa começou em Barra Mansa, mas se expandiu e hoje temos projetos ocorrendo em diferentes localidades. Ainda não recebemos voluntários sem formação voltada para o manejo de animais silvestres, mas as pessoas que quiserem colaborar podem adquirir nossos livros e produtos ou realizar doações através do nosso site e também nas redes sociais – ressaltou a bióloga.
O site do programa é o www.projetopreguica.org.br. Mais informações sobre o programa também podem ser obtidas pelas páginas do Facebook: @pemcdobichopreguiça e Instagram: @pemcdobichopreguiça. O telefone e o WhatsApp para contato é o (24) 99276-1963.
Segundo dados do PEMCBP as preguiças só ocorrem nas florestas neotropicais da América Central e do Sul. O Brasil abriga cinco das seis espécies existentes, que é a preguiça de coleira, ameaçada de extinção. Essa espécie só ocorre em alguns remanescentes de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo e alguns estados do Nordeste.
O Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-Preguiça, em parceria com o Instituto Jacarenema vem desenvolvendo pesquisas com essa espécie no Espírito Santo e no Rio de Janeiro a fim de contribuir para o estabelecimento de uma estratégia conservacionista.

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6 comments

Antonio 4 de novembro de 2019, 20:18h - 20:18

VR sempre esteve na frente, os nativos de VR gostam de necessitados e tiram a roupa do corpo para dar aos necessitados. Muitos animais têm moradia naquela grande cidade, por exemplo, alces que além de veados de grande porte, tbm são chifrudos por natureza, os touros imponentes com Deus cornos tão elogiados por vossas esposas, as vacas. Enfim, tem até zoológico com espécimes dóceis que, se chegar estes perto, estes pequenos chifrudos, oferecem tudo aos visitantes de outras localidades.

Barramansense 3 de novembro de 2019, 21:43h - 21:43

No governo do Jonas Marins, eu ficava indignado com a promoção de shows e pré carnaval ao lado do parque. Era muita falta de consciência ambiental!!!
Mas pra um governo que só queria encher os bolsos e fazer farra, eu me lembro de feriados na quarta feira sendo emendados , só para ter tempo de gastar o dinheiro rateado.

Luiz 3 de novembro de 2019, 20:14h - 20:14

Estão cortando muitas árvores e deixando os tocos (raízes) sem retirar. Tem árvores cortadas que não terminaram de retirar, uma delas, gigante, que está há mais de um ano sem terminar de cortar. No parque nota-se clareiras devido às árvores que estão sendo cortadas. Se não for investido em conservação do parque em alguns anos o mesmo vai desaparecer.

Morador de BM 3 de novembro de 2019, 12:58h - 12:58

Pelo menos acabou a palhaçada de tirar as preguiças e colocar em VR.
Esse orgão tem que ser de pessoas EXCLUSIVAMENTE de Barra Mansa.
Vão cuidar da poluição da CSN.

Bocó do Debril 3 de novembro de 2019, 17:51h - 17:51

Se levam pra VR é porque lá tem estrutura para cuidar, seu animal! Quero ver vc quebrar a patinha e ser proibido de ser atendido em VR. Quero ver proibirem Barramansuínos iguais a vc de frequentar e trabalhar fora de sua cidade, como vai se virar.

Barramansense sensato 26 de novembro de 2019, 23:59h - 23:59

A criatura consegue ser tão ignorante que prefere colocar o ego acima do bem-estar dos animais que nunca pediram pra ir parar em uma praça artificial no meio de uma cidade. Até onde se sabe não existiu história nenhuma de colocar nada em VR. E este “órgão” é uma associação privada sem fins lucrativos (não pertence ao governo), que vi nascer em BM , tem atuação no RJ, ES e outros locais do Brasil e da América Latina e conta com trabalho de profissionais de diversos locais, inclusive SP e ES. Receberam-me muito bem e me deram uma aula sobre preguiças: coisas que nunca aprendi nos meus 57 anos. Engraçado que essa postagem é muito parecida com a fala de uma pessoa de BM, que tem um mercado em VR.

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