Estado do Rio – Mais de 30 pessoas são internadas em unidades do SUS diariamente, no Brasil, por autolesões e tentativas contra a própria vida. Um levantamento divulgado este mês pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) mostrou um aumento de mais de 25% nos casos de suicídio em dez anos. E quando se analisam os dados por gênero, a situação se agrava: o número de mulheres internadas por lesões autoprovocadas aumentou 72% no mesmo período. Para discutir a saúde mental das mulheres e também daquelas que estão na linha de frente da rede de proteção às vítimas de violência doméstica e familiar, a Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ) promoveu um evento nesta quinta-feira (26), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
O encontro “Setembro Amarelo: a saúde mental da mulher” reuniu profissionais que atuam em unidades da Secretaria, representantes de Conselhos de Direitos da Mulher, gestoras de políticas para mulheres dos municípios e outros atores da rede de proteção. A ação, em parceria com a empresa social Viva Rio, integra o Pacto Pela Vida, iniciativa lançada este mês pelo Governo do Estado.
“As mulheres são ainda mais impactadas, porque elas estão exaustas. Uma pesquisa da organização Think Olga mostrou que 45% das mulheres brasileiras possuem diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros tipos de transtornos. Tenho convicção de que não há possibilidade de construirmos uma sociedade saudável se não cuidarmos imediatamente da sobrecarga e da saúde mental das mulheres. Por isso, reunimos todos os profissionais da rede de acolhimento às mulheres para oferecer capacitação e ferramentas para aprimorar o atendimento”, disse a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
Heloisa se refere à pesquisa “Esgotadas”, da Think Olga, que mostrou ainda que 86% das entrevistadas consideram ter sobrecarga de responsabilidades, em especial as mães solo e as cuidadoras, para quem a situação financeira é um dos principais agravantes da saúde mental. O estudo ouviu 1.078 mulheres entre 18 e 65 anos, de todos os estados do país, em maio de 2023.
O evento contou com a participação de especialistas em saúde mental e comunicação:
- Maíra Matos: psicóloga, mestre em Saúde Pública e coordenadora de saúde mental da empresa social Viva Rio;
- Dione Pires: mestre em serviço social, assistente social e coordenadora do grupo de Mulheres no Ambulatório Maracanã (Mané Garrincha); e
- Jéssica Azevedo: farmacêutica e integrante da equipe de saúde mental do Viva Rio.
A mediação foi feita por Ronaldo Lapa, jornalista, escritor e diretor de marketing da empresa social Viva Rio.
Segundo a superintendente de Articulação Institucional, Aline Inglez, esta foi uma oportunidade de discutir o atendimento especializado às mulheres, os processos de encaminhamento à rede psicosocial e a atenção à saúde mental das mulheres atendidas.
“A saúde mental da mulher e a prevenção ao suicídio devem ser pautas para todas as pastas do governo, seguindo uma orientação do governador Cláudio Castro. Por isso, a Secretaria da Mulher organizou esse debate, priorizando profissionais que atendem as mulheres em situação de violências e demais grupos interessados, de forma a promover a conscientização, acesso à informação, acolhimento, cuidado e escuta, reforçando que ninguém e nenhuma de nós está sozinha”, destacou Aline.
Pacto pela Vida
O Pacto Pela Vida é uma iniciativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro que tem por objetivo promover a saúde mental e valorizar a vida, unindo os esforços de diversas secretarias e organizações. A proposta adota uma abordagem interseccional e integrada, levando em conta as diferentes realidades e vulnerabilidades que afetam a saúde mental da população. O pacto visa promover a inclusão e o cuidado integral, através de ações preventivas, campanhas educativas e suporte direto à população, com especial atenção aos grupos mais vulneráveis.