Brasília – O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT), disse que pode apresentar o relatório final da comissão na próxima segunda-feira (19) à noite. Ele condicionou a apresentação nesta data à entrega dos relatórios setoriais dos sub-relatores da CPI até amanhã. O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), anunciou que a comissão deve votar o relatório final até o dia 22, o que significa que a CPI, que tem prazo regimental de funcionamento até o dia 23, só será prorrogada se o Plenário da Câmara aprovar requerimento neste sentido. Ele disse que o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), deve apresentar o relatório final até o dia 21, de modo que a CPI obedeça o prazo regimental de duas sessões do Plenário para votá-lo.
Luiz Sérgio defendeu o fim dos trabalhos da CPI dentro do prazo regimental, que é o dia 23 de outubro. Mas integrantes da comissão defendem a prorrogação dos trabalhos.
— Se a CPI não for prorrogada nós não estaremos cumprindo nosso papel — disse o deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos sub-relatores.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) defendeu a prorrogação da CPI da Petrobras por 120 dias, como previsto em requerimento apresentado pelo deputado Onyx Lorenzoni (Psol). Para que a CPI seja prorrogada, o requerimento tem que ser aprovado em Plenário.
Convocação de Cunha
Valente defende a convocação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), para explicar se procedem informações da Procuradoria Geral da República a respeito da existência ou não de contas dele na Suíça.
— Ele veio aqui e mentiu para a CPI, dizendo que não tem contas além das declaradas por ele no Imposto de Renda. Além disso, disse que poderia vir fazer esclarecimentos sempre que chamado — disse Valente, que apresentou na comissão o áudio do depoimento espontâneo em que Cunha anuncia este compromisso.
O deputado João Gualberto (PSDB) acusou Valente de ser “linha auxiliar do PT”. “O senhor sabe que o Petrolão [esquema de corrupção na Petrobras] teve origem no PT e nunca quis chamar o Lula, mas insiste em chamar o presidente da Câmara”, disse.
O relator da CPI também se disse contrário à convocação. Luiz Sérgio disse que a CPI não é o local adequado para o depoimento dos políticos investigados pela Operação Lava Jato. “O local adequado para isso é o Conselho de Ética, como acertadamente o Psol fez ontem, ao protocolar representação contra o presidente da Câmara”, disse.
Presidente da Petrobras diz que empresa
tem outros problemas além da corrupção
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, admitiu em depoimento à CPI da Petrobras que a empresa sofreu o impacto de casos de “fraude e corrupção”, mas que esse não foi o único fator responsável pelo grande endividamento da companhia, o maior problema da Petrobras hoje. “A empresa é vítima desse processo”, disse, se referindo às denúncias de pagamento de propina e superfaturamento investigadas pela Operação Lava Jato.
De acordo com Bendine, a queda do preço do barril do petróleo e o endividamento acima da meta, majoritariamente em moeda estrangeira, também tiveram impacto na saúde financeira da companhia. “Em 2014 o barril do petróleo chegou a custar 114 dólares e caiu para 50 no final do ano”, disse.
Mesmo assim, ele se mostrou otimista com o futuro da Petrobras. Bendine anunciou que a empresa vai chegar ao fim do ano com 20 bilhões de dólares em caixa – o dobro do previsto no início do ano.
Ela ratificou a conclusão do balanço auditado da empresa, divulgado em abril, que apontou pagamentos indevidos no valor de R$ 6 bilhões – dos quais a empresa recuperou cerca de R$ 300 milhões. “Esse balanço, referente a 2014, resgatou um pouco a credibilidade da empresa no mercado”, disse.
Bendine foi convocado por meio de um acordo entre deputados do governo e da oposição para explicar as medidas que adotou desde fevereiro, quando substituiu Graça Foster no cargo, e para anunciar os projetos futuros da empresa.
O presidente da Petrobras anunciou que a empresa deve chegar em 2016 à marca de 1 milhão de barris de petróleo por dia – apenas no pré-sal.