Meus queridos leitores já estão cansados de saber do aniversário de 50 anos do filme “2001: Uma odisseia no espaço”. E tem muita gente boa, na TV e na imprensa, que ainda não entendeu o filme. O que é difícil de compreender, porque o roteiro do filme foi transformado num romance pelo escritor Arthur C.Clarke e esta disponível no Brasil desde 1970. A primeira edição foi a da Expressão e Cultura, que vinha com fotos do filme e a espaçonave Discovery na capa. Essa versão teve umas seis reedições e ainda pode ser encontrada nos sebos.
Uma edição moderna é a da editora Aleph, com tradução nova do crítico Fabio Fernandes. O livro, que custa em torno de cinquenta reais, vem numa caixa que imita o monólito alienígena do filme. E o olho eletrônico do computador Hal 9000 na capa.
Além do texto do Clarke o livro traz os dois contos do autor que serviram de base para o roteiro do filme: “A Sentinela” e “Encontro na Alvorada”. No primeiro exploradores da Lua encontram uma misteriosa pirâmide de cristal. No segundo um visitante extraterrestre ajuda hominídeos primitivos a sobreviveram na Terra, há quatro milhões de anos.
Clarke e o diretor Stanley Kubrick desenvolveram o roteiro do filme a partir dessas duas histórias curtas. Mas Clarke tinha pressa em publicar o livro porque precisava muito do dinheiro. O resultado é que o livro foi para a impressão antes da estreia do filme em 1968. E contêm uma versão da história um pouco diferente daquela que se vê no cinema. Por exemplo, no livro a nave Discovery viaja para o planeta Saturno e não para Júpiter como no filme. O motivo é que a equipe de efeitos especiais não conseguiu criar uma representação convincente dos anéis de Saturno. Antes de morrer, em 2008, Clarke deu uma entrevista onde disse que estava satisfeito por Kubrick ter preferido viajar para Júpiter no filme, porque os anéis de Saturno se revelaram tão complexos que qualquer representação cinematográfica teria ficado desatualizada. O livro também contem uma nota que Clarke escreveu a respeito da morte de Kubrick em 1999.
Por: Jorge Luiz Calife – [email protected]