Após 335 anos, dinamarqueses devolvem Manto Tupinambá ao Brasil

Museu Nacional confirma retorno do artefato, que foi para a Dinamarca em 1689, mas não permite ao povo Tupinambá recepcionar a peça

by Lívia Nascimento

Foto: Museu Nacional da Dinamarca

Nacional – Uma peça de vestuário ritualístico indígena, confeccionada pelos povos Tupinambá do Brasil no período pré-colonial, retornou ao país após 355 anos. A informação foi confirmada pelo Museu Nacional nesta quinta-feira (11). A instituição informou que apresentará a peça, fora do país desde o século XVII, nas próximas semanas, em data ainda a ser confirmada.

“Após a adoção de todos os procedimentos necessários para a perfeita conservação da peça, tão importante e sagrada para nossos povos originários, apresentaremos o manto a sociedade”, reforçou o Museu Nacional em nota.

O manto é uma vestimenta de 1,80 metro de altura, confeccionada com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural e chegou ao Museu Nacional da Dinamarca (Nationalmuseet) há mais de três séculos, em 1689. De acordo com especialistas, a peça pode ter sido produzida quase 100 anos antes disso.

Além do valor estético e histórico para o Brasil, a devolução da peça representa o resgate de uma memória transcendental para o povo Tupinambá, já que eles consideram o manto um material vivo, capaz de conectá-los diretamente com os ancestrais e as práticas culturais do passado. Acredita-se que o povo Tupinambá não confeccione esse manto há alguns séculos, já que ele só aparece nas imagens dos cronistas do século 16.

O Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito), da Bahia, divulgou nota informando que havia sido acordado, em maio, que o manto seria recebido no Brasil com uma cerimônia coordenada pelos próprios tupinambás, para “o bem espiritual” do povo e do próprio artefato.

No entanto, segundo a nota, a cacique tupinambá Maria Valdelice de Jesus, a Jamopoty, foi informada por WhatsApp, na última segunda-feira (8), que o manto já estava no Museu Nacional, mas que seria inviável organizar uma recepção antes da apresentação do artefato ao público.

“O manto retornou para nós, mas ainda não foi recepcionado pelo nosso povo, de acordo com as tradições. Esse manto de mais de 300 anos é um ancião sagrado que carrega consigo a história e a cultura de nosso povo”, informou a nota.

O Museu Nacional, por sua vez, pediu a compreensão de todos. “Queremos organizar a apresentação do manto com todo cuidado e respeito aos saberes dos povos indígenas, com quem estamos trabalhando em harmonia e contato direto, por meio do Ministério dos Povos Indígenas”.

A equipe da instituição disse que está otimista com a confiança depositada pela Dinamarca na reconstrução do Museu Nacional, destruído por um incêndio em 2018, e espera que essa iniciativa seja seguida por outros países.

Conexão com os ancestrais

Foto: Museu Nacional da Dinamarca

O Manto Tupinambá é uma peça de vestuário ritualística indígena, confeccionada pelos povos Tupinambá do Brasil no período pré-colonial. Este manto é tradicionalmente feito com penas de aves, meticulosamente costuradas em uma base de fibra vegetal.

As cores vibrantes e os padrões intricados das penas fazem do manto uma obra de arte, refletindo o status social e o poder espiritual de quem o usa.

Utilizado em cerimônias e rituais importantes, o Manto Tupinambá simboliza a conexão com a natureza e os ancestrais, representando um patrimônio cultural inestimável da história indígena brasileira. Com informações da Agência Brasil.

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