Sul Fluminense – Um balanço geral das ações da Polícia Militar no Estado do Rio trouxe um dado tão revelador quanto preocupante. O poder de fogo dos criminosos instalados no Sul Fluminense e na Costa Verde (principalmente) cresceu. Do total de 382 fuzis apreendidos no ano passado, cinco estavam na área do 5º CPA (Comando de Policiamento de Área), que cobre as duas regiões. Não estão computados os armamentos apreendidos nas estradas federais, sob responsabilidade da PRF.
Foram encontrados três fuzis pelo 33º BPM (Angra dos Reis), um fuzil no 10º BPM (Barra do Piraí) e um no 37º BPM (Resende). Com isso, mudanças estruturais e preventivas foram tomadas nessas unidades para lidar com a nova realidade. Na opinião do Coronel Oldair Sandro Tallala Blanco, comandante do 5º CPA, o surgimento deste novo fato modifica muito a rotina destes batalhões, principalmente no município de Angra dos Reis.
No litoral, o comando da Polícia Militar confirma que para operar em áreas consideradas sensíveis é necessário seguir alguns novos protocolos, antes só comuns à Capital e Grande Rio. Diante disso, o 5º CPA viu a necessidade da criação de uma força tática, capaz de agir preventiva e repressivamente nestes pontos. Esta nova tropa, destaca o comandante, está apta e capacitada para dar pronta resposta a determinadas ações delituosas.
– A chegada de fuzis no interior do Estado deixa latente que realmente houve um incremento nas atividades do crime organizado e do tráfico de drogas – disse o comandante.
– Este incremento é devido ao aumento no consumo de drogas pela população da nossa região, o que faz com que o tráfico seja tão lucrativo, a ponto de ter elevado capital para importar armas e munições de alto calibre e alto custo. Tais armamentos somente são utilizados pelos marginais onde a atividade da venda de drogas é altamente lucrativa, sendo este armamento utilizado para evitar invasões de gangues rivais e rechaçar o patrulhamento da PM – esclarece.
Segundo o coronel, tudo isso demonstra que as forças do Estado, bem como de toda a sociedade, devem estar preparadas para o combate aos crimes “violentíssimos praticados com fuzis”. Diante deste fato, a PM vem continuamente capacitando os policias militares para o uso de armamentos mais modernos e portáteis que garantam uma melhor segurança do policial. Um equilíbrio de forças com os bandidos, ao menos.
– A PMERJ também é um dos poucos órgãos empenhados em educar as crianças e adolescentes para o não consumo de drogas. Através do PRODERJ, Programa Estadual de Resistência às Drogas, ação pioneira no país, policias militares educam alunos de escolas públicas para o não consumo de drogas – ressalta.
Para o comandante, a apreensão de fuzis na área do 5º CPA pode significar tanto uma migração de bandidos da capital para o interior como também um intercâmbio maior entre as quadrilhas.
– Há marginais da lei oriundos de outros municípios da área metropolitana do Estado que passaram a cometer crimes na área do 5º CPA e houve como já foi dito acima, um incremento nas atividades do crime organizado e do tráfico de drogas das quadrilhas e facções criminosas que atuam no Estado – declarou.

Estatística: Fuzil calibre 556 e três carregadores foram apreendidos no ano passado em Barra do Piraí (Foto: Arquivo)
Mudanças para dar maior proteção
Preocupado com o aumento do poder bélico dos bandidos, recentemente o comando da Polícia Militar estabeleceu uma Instrução Normativa que define diversos protocolos para operações em áreas consideradas sensíveis.
O objetivo é colocar a segurança da população e dos policiais militares em primeiro lugar. Também há a obrigatoriedade do uso de colete balístico, sendo que os atuais possuem proteção para disparos de fuzil. Houve também uma recente distribuição de mais armamentos de uso coletivo.
De acordo com o coronel, a imensa maioria dos fuzis apreendidos pela PMERJ é de fabricação estrangeira. Tais armamentos chegam ao estado principalmente pelas rodovias federais e pelos portos, por intermédio de ações de grandes quadrilhas, que atuam até internacionalmente.
– A PMERJ tem defendido uma ampla articulação das forças de segurança do país – e até de organismos internacionais – para combater de forma mais articulada e eficiente o tráfico de armas e munição – conclui.
Recorde de apreensão em 2017
O ano de 2017 bateu o recorde de fuzis apreendidos no Estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos. Dados do Instituto de Segurança Pública mostrou que, entre janeiro e setembro deste ano, 393 fuzis foram apreendidos no Rio. A média é de mais de um fuzil apreendido por dia no Estado.
Em dez anos, o número chega a mais de 3 mil. Na comparação entre 2008, que tem o menor número da série, e este ano, o número de apreensões subiu 114,7%.
De acordo com o relatório de apreensão de armas de fogo do ISP, entre janeiro a maio de 2015, apesar da representatividade de fuzis apreendidos no período avaliado não chegar a 5% do total de armas do estado, seu uso acarreta consequências graves. Em relação ao projétil, pode-se a firmar que apresentam grande poder de transfixação, isto é, atravessa anteparos com facilidade e podem atingir uma pessoa dentro de um cômodo com paredes inapropriadas ou mesmo dentro de um veículo, causando lesão grave ou mesmo óbito. Outro problema está associado ao alcance efetivo do projétil, que pode passar de 1.000 metros enquanto o dos revólveres em geral não chega a 50 metros.
Ranking de apreensão de fuzis
Ano 2017
1º – (41º BPM), 55 fuzis;
2º – (BOPE), 52 fuzis;
3º – (16º BPM), 39 fuzis;
4º – (BAC), 33 fuzis;
5º – (BPChq), 24 fuzis;
6º – (14º BPM), 21 fuzis;
7º – (9º BPM),18 fuzis;
– (12º BPM), 18 fuzis;
9º – (15º BPM), 14 fuzis;
10º – (27º BPM), 13 fuzis;
11º – (7º BPM), 10 fuzis;
– (24º BPM), 10 fuzis;
13º – (3º BPM), 07 fuzis;
– (20º BPM), 07 fuzis;
15º – (UPP Caju), 06 fuzis;
16º – (39º BPM), 05 fuzis;
17º – (21º BPM), 03 fuzis;
– (33º BPM), 03 fuzis;
– (BPVE), 03 fuzis;
– (UPP Rocinha), 03 fuzis;
21º – (CPP), 02 fuzis;
– (11º BPM), 02 fuzis;
– (22º BPM), 02 fuzis;
– (25º BPM), 02 fuzis;
– (32º BPM), 02 fuzis;
– (34º BPM), 02 fuzis;
– (UPP Alemão), 02 fuzis;
– (UPP Borel), 02 fuzis;
– (UPP Macacos), 02 fuzis;
– (UPP Mangueirinha), 02 fuzis;
31º – (GAM), 01 fuzil;
– (6º BPM), 01 fuzil;
– (8º BPM), 01 fuzil;
– (10º BPM), 01 fuzil;
– (17º BPM), 01 fuzil;
– (18º BPM), 01 fuzil;
– (23º BPM), 01 fuzil;
– (26º BPM), 01 fuzil;
– (35º BPM), 01 fuzil;
– (37º BPM), 01 fuzil;
– (40º BPM), 01 fuzil;
– (GPTOU), 01 fuzil;
– (UPP Fallet), 01 fuzil;
– (UPP Fé e Sereno), 01 fuzil;
– (UPP Providência), 01 fuzil;
– (UPP São João), 01 fuzil;
– (UPP Vila Cruzeiro), 01 fuzil;
– (UPP Vila Kennedy), 01 fuzil.
Total: 382 Fuzis

Espalha: Capital e região metropolitana vivem uma guerra que agora chega ao interior (Foto: Divulgação)
Por Júlio Amaral
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10 comments
Dos 10 batalhões que mais apreenderam armamento pesado, apenas dois são de fora da capital. Um em Caxias e outro em São Gonçalo. Tem uns sem noção aqui que gostam de fazer referências à Baixada como ícone da violência latente. Ando menos receoso em Nova Iguaçu do que no Méier ou Madureira… A Baixada é só feia e desorganizada, mas não chega aos índices de criminalidade da capital…
O 28º BPM, que cobre uma das áreas mais populosas do interior e a segunda maior mancha urbana do estado (depois da RMRJ), não figura nesse triste recorde, felizmente. Das cidades maiores do estado (com mais de 200k habitantes), VR e Petrópolis ainda são relativamente tranquilas, apesar de vizinhas do caos…
É hora de encarar a dura realidade: aquela ideia da vidinha pacata do interior é coisa do passado. O Sul Fluminense revela-se a cada dia um prolongamento da Baixada Fluminense, pela Avenida Dutra.
Nos EUA, TUDO (ABSOLUTAMENTE TUDO) o que e apreendido do tráfico ou de ilicitudes vai para o DEA (entre outras centenas de siglas departamentais que os EUA possuem….) para avaliar a origem, e posteriormente é entregue para uso na localidade onde foi apreendida (seja avião, armas, carros, etc).
Aqui, parece que os políticos tem o prazer de prejudicar o trabalho das forças policiais (municipais, estaduais e federais) bem como seus departamentos de inteligência.
Os que os políticos talvez não saibam, que a Doutrina é muito maior que o dinheiro. E isso é uma coisa que ninguém tira.
Será o tráfico com o sue poder econômico que está financiando as campanhas desses de políticos (politiqueiros) que estão lá justamente para preservarem essas leis que beneficiam os bandidos?
E muitos desses politiqueiros recebem votos de pessoas de bem , mas analfabetos políticos.
Mas eu acredito na PM,existem bons homens lá.
Que merda além da cidade não ter emprego,ruas esburacadas,educação uma merda,saúde uma droga.Vagabundo de fuzil.Alguns PMs se corrompendo,participando de roubo de carga extorsão,vergonha esse país.Nem Bolsonaro,ou outro qualquer,já passou da hora dos militares estabelecer a ordem.
cade a p2?
Há anos que venho alertando aqui. Como o brasileiro só sabe trabalhar com as consequências a sociedade sofre. A Febre Amarela extinta há décadas agora matando é mais uma prova.
Do que vale o meu e nosso alerta para o pior se são os comandantes os especialistas?
Sem ouvir o cidadão que pagas os salários dos servidores públicos é qualquer outra coisa menos Gestão Pública.
VAI VENDO Aí o que dá votar em candidatos que NÃO CONHECEM a Administração Pública e NÃO ENTENDEM de Gestão Pública.
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Eu torci no nariz quando o Samuca colocou um prata da casa da GM e transformando o órgão em secretaria. O agora secretário pode até entender de segurança patrimonial, mas NÃO CONHECE a Administração Pública e NÃO ENTENDE nada de Gestão Pública. O secretário não sabe nem conversar com o cidadão patrão dele e que ainda paga seus salários.
Dias atrás abordei um GM alertando-o para chamar a atenção de um caminhoneiro que colocou o veículo pesadão em cima da calçada, impedindo por completo os pedestres que passavam todos pela rua sujeitos a serem lambidos por ônibus. Resposta: o responsável já foi multado. Não, não é isso que desejo; é somente para chamar a atenção do abusado. GM com cara de superioridade: meu senhor, a minha função é somente multar.
São os pilantras que praticam os pequenos delitos, que não tratados adequadamente, se transformam em bandidos armados até dos dentes.
Repito: VAI VENDO aí o que dá votar em candidatos que NÃO CONHECEM a Administração Pública e NÃO ENTENDEM de Gestão Pública
Esses equipamentos de ponta deveriam ir ou para o exército ou para os batalhões especializados, como o BOPE por exemplo, é uma pena que destruam, pois além do estado economizar, seria úteis na modernização com a substituição do FAL e do PARA-FAL que são armas pesadas e antigas, porém inteligência em criar leis que ordenem isso não é feita.
Pelo menos deveriam utilizar essas armas apreendidas nos campos de treinamento.
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