Balanço 2024: Importação de aço compromete resultados da ArcelorMittal Brasil

Empresa registra aumento da produção de aço e volume de vendas em 2024, mas tem forte queda no lucro líquido

by Agatha Amorim

País – Mais uma vez a pressão do aço importado compromete as operações e ameaçam os resultados financeiros das siderúrgicas brasileiras. Desta vez, foi a ArcelorMittal Brasil. A empresa divulgou, nesta terça-feira (29), seus resultados financeiros e operacionais relativos ao exercício de 2024. Os dados consolidados de produção e vendas vieram acima das expectativas, apesar do cenário de pressão dos importados sobre o aço brasileiro.

Segundo a empresa, os resultados financeiros poderiam ter sido melhores não fossem o aumento da importação do aço e a queda acentuada dos preços das commodities metálicas no primeiro semestre de 2024. No ano passado, o aço importado bateu recorde histórico de entrada no país, totalizando 5,9 milhões de toneladas, o que correspondeu a uma taxa de penetração sobre o consumo aparente de aço no país de 18,5%, e a um aumento em relação a 2023 de 18,2% (dados do Instituto Aço Brasil).

A China é o principal fornecedor de aço importado pelo Brasil, responsável por mais de 40% das importações. Outros países que também fornecem aço para o Brasil incluem Áustria, Coreia do Sul, Japão, Rússia e Alemanha.

Em 2024, a ArcelorMittal Brasil produziu 15,3 milhões de toneladas de aço, um aumento de 3,8% em relação ao ano anterior. Já o volume total de vendas foi de 15,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,2% sobre 2023, sendo 55,5% de vendas no mercado interno e 44,5% de exportações.

O bom desempenho operacional, segundo a empresa, veio atrelado ao aumento de consumo interno de aço, alinhado a uma bem estruturada estratégia de mercado, lançamento de novos produtos, excelência produtiva e redução de custos.

Receita líquida recua 4,7%

A receita líquida consolidada da ArcelorMittal Brasil apresentou recuo de 4,7%, para R$ 66,6 bilhões. Já o lucro líquido apurado foi de R$ 2,3 bilhões, uma queda de 39,7% na comparação com o ano anterior, decorrente também do aumento da despesa financeira advinda da variação cambial negativa da controlada Acindar (Argentina) e das despesas com juros da controladora.

O Ebitda alcançado foi de R$ 9,1 bilhões, menor em 2% na comparação com o ano anterior, mas o suficiente para permitir à empresa alcançar uma margem Ebitda sobre a receita líquida de 14% (contra 13% em 2023).

“Os resultados de produção alcançados são fruto da dedicação e competência dos nossos empregados, que trabalham alinhados ao nosso propósito e colocam o cliente no centro das decisões, atuando com foco contínuo em inovação e excelência operacional. Mesmo diante de um cenário global desafiador e da concorrência desleal do aço importado, conseguimos mostrar resiliência e solidez. Seguiremos trabalhando pelo fortalecimento da indústria do aço, com respeito às pessoas e guiados pelos nossos valores de segurança, sustentabilidade, qualidade e liderança”, disse Jorge Oliveira, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Planos LATAM.

Empresa mantém plano de expansão em Barra Mansa

Em 2024, foram feitas entregas de grande relevância, como a inauguração da expansão da Unidade Vega, em São Francisco do Sul, Santa Catarina, que demandou investimentos de R$ 2,2 bilhões. Foram construídas novas linhas de galvanização e recozimento contínuo de aço, que aumentaram a capacidade instalada da planta de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas por ano de aços laminados a frio.

Já na Unidade de Sabará, em Minas Gerais, foi inaugurada, em março de 2025, a nova linha de trefilação, ao custo de R$ 144 milhões, que abastecerá a indústria automotiva com produtos de alto valor agregado. Estão em andamento os investimentos em Barra Mansa, de R$ 1,6 bilhão, para a montagem de uma nova linha de laminação e melhorias na aciaria; e a ampliação e construção de uma nova planta de beneficiamento de minério na Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, Minas Gerais, que somarão outros R$ 2,5 bilhões.

Energia renovável

A ArcelorMittal anunciou a instalação de duas plantas de geração de energia solar, em Minas Gerais e na Bahia, como parte do plano de descarbonização da empresa. Os investimentos estão sendo feitos por meio de joint ventures estabelecidas com as empresas Casa dos Ventos e Atlas Renewable Energy e somam R$ 1,6 bilhão.

“Nossos investimentos em energia renovável mostram que a ArcelorMittal não quer ser apenas a maior produtora de aço no Brasil, mas também a mais sustentável. Estamos descarbonizando nossas operações e garantindo segurança energética para nossas unidades”, disse Everton Negresiolo, CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil.

O investimento em energia solar soma-se aos R$ 4,2 bilhões que a empresa já está destinando para a construção de um parque de energia eólica na Bahia, o que perfaz um total de R$ 5,8 bilhões de investimentos em energia renovável no país. Quando estiverem em plena operação, a geração de todas as plantas de energia renovável reduzirá as emissões de CO2 da empresa em 200 mil toneladas ao ano. A ArcelorMittal tem a meta de alcançar 100% de fontes renováveis em energia elétrica até 2030.

 

Líder no mercado global

Maior produtor de aço no Brasil e líder no mercado global, o Grupo ArcelorMittal tem cerca de 127 mil empregados, sendo 20 mil no Brasil, e atende a clientes em 140 países, com o propósito de criar aços inteligentes para as pessoas e o planeta.

A empresa tem unidades industriais em oito estados (MG, ES, RJ, SC, CE, BA, SP e MS), além da maior rede de distribuição do país. Foi a primeira empresa das Américas com uma unidade certificada pelo ResponsibleSteel, uma das certificações em ESG mais respeitadas no mundo.

As plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro e atendem às indústrias automobilística, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás, máquinas e equipamentos, dentre outras.

A empresa atua, ainda, em áreas como geração de energia para consumo próprio, produção de biorredutor renovável (carvão vegetal a partir de florestas plantadas de eucalipto) e tecnologia da informação.

 

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