Carro de jornalista alvejado a tiros e armas de PM passam por perícia

Angra dos Reis- O delegado titular da 166ª DP (Angra dos Reis), Celso Ribeiro, vai aguardar o resultado do laudo técnico da perícia feita no carro de uma jornalista, que na noite de terça-feira,  dia 28, foi alvejado a tiros supostamente disparados por policiais militares. As armas dos agentes e as viaturas do 33º Batalhão da PM chegaram a ser apreendidas pela Polícia Civil.
– Vamos aguardar o resultado da perícia, a análise dos depoimentos e aí poderemos concluir o inquérito – disse o delegado.

No veículo, estavam a jornalista Soraia Moté, o marido dela, os dois filhos, de 4 e 9 anos, e uma amiga da família. Eles tinham acabado de sair de uma festa de confraternização na casa de amigos, na Vila da Petrobrás, por volta das 23h, quando na Estada da Ponta Leste se depararam com veículos com os faróis apagados, bloqueando a via. Eram, na verdade, policiais militares.

O motorista, por estranhar o fato, deu marcha ré e retornou para a Vila da Petrobrás. Os policiais atiraram no veículo, mas os disparos não atingiram os ocupantes do carro. A jornalista disse que os agentes atiraram o tempo todo na direção deles. Segundo ela, os policiais só pararam de atirar após o carro entrar na vila. As vítimas foram ouvidas na delegacia de Angra dos Reis, onde informaram que não sabiam que se tratava de carros da PM. Eles pensaram que estavam fugindo de bandidos.

– Nos assustamos e meu marido deu ré no carro. Vieram atrás da gente, atirando. Era uma distância longa, tudo escuro. Eles não conseguiam ver quem estava dirigindo e quantas pessoas tinham dentro do carro. Tínhamos duas crianças, uma de 4 anos e uma de 9. Saímos atropelando tudo, inclusive a cancela de um condomínio. Mesmo dentro do condomínio, eles continuaram atirando – disse.

Segundo a vítima, além de terem atropelado a cancela do condomínio, o pneu do veículo estourou e com isso, por perder a força, saíram do veículo e tentaram proteger as crianças.
– A gente saiu do veículo e tentou proteger as crianças. Começamos a gritar e a patrulha chegou. Pensamos que os bandidos tinham passado direto e que a polícia tinha chegado para nos ajudar. Mas quando chegaram, vimos que eles estavam com as armas abaixadas, apontadas para o chão. Só depois que entendemos que foram os próprios policiais que efetuaram os disparos – comentou.

A Polícia Militar não se pronunciou oficialmente sobre o caso, pois vai esperar o resultado da perícia. Extraoficialmente, a PM afirmou que os policiais foram acionados por conta de um tiroteio entre criminosos do bairro Monsuaba. Ao chegar no local, a PM teria sido recebida a tiros e houve confronto. O carro, nesta versão, estaria no meio do tiroteio. Ainda segundo a PM, durante a abordagem a família se assustou com os disparos e tentou fugir do local.

O delegado afirmou ao DIÁRIO DO VALE que está em busca de informações de confrontos na área onde o carro foi baleado, mas até o momento não foi possível identificar algo do tipo.