Rio de Janeiro – Com o lema Mulheres Negras Unidas contra o Racismo, Toda Forma de Opressão, Violência e pelo Bem Viver, a 9ª Marcha das Mulheres Negras, realizada neste domingo (30), reuniu manifestantes, de diversas regiões do estado do Rio de Janeiro, na orla de Copa Cabana. O evento fecha a semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho, e acontece na véspera do Dia Internacional da Mulher Africana.
Convocada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, as participantes carregavam faixas, cartazes e ostentavam placas com retratos de mulheres negras que lutaram pela defesa, respeito e empoderamento da população preta, como a escritora Carolina Maria de Jesus, a cantora Elza Soares, a intelectual Lélia Gonzalez, a líder quilombola no século 18 Tereza de Benguela, e a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018.
A marcha contou com a participação de diversos coletivos ligados ao combate da desigualdade racial. A frente dos manifestantes uma dezena de Griôs (contadoras de histórias, muito respeitadas nas comunidades onde vivem) carregavam uma faixa de abertura da marcha, com o tema da edição deste ano.
A leitura do manifesto de abertura da marcha, foi feita pela escritora Maria da Conceição Evaristo, ativista produtora de publicações literárias em combate a pressão do povo negro. “Vamos ocupar uma das orlas brasileiras de maior visibilidade, é um ato de coragem e denúncia”, disse ao microfone para as milhares de mulheres negras presentes.
Representantes de movimentos da juventude, inclusive crianças também marcaram presença na marcha. A menina Alia Terra, de 10 anos de idade, discursou em defesa dos direitos dos direitos das mulheres negras. “A gente está batalhando aqui com todas as mulheres, sempre unidas, contra todo tipo de violência e racismo e pelo bem viver”, disse.
Uma das organizadoras da marcha, Clatia Vieira, defendeu que as mulheres negras devem ganhar mais espaço na política, e solicitou uma maior participação nas eleições municipais que ocorrerão no próximo ano. Ela lembrou que a marcha é um movimento para enfrentar lutas. Números comprovam que a situação da mulher negra é desafiadora. Elas são 67% das vítimas de feminicídios e 89% das vítimas de violência sexual. No mercado de trabalho, são as que sofrem mais com o desemprego.
Marielle presente
Marielle Franco, foi representada na marcha por sua irmã Anielle Franco, atual ministra da Igualdade Racial. Ela destacou que a irmã sempre participou deste movimento e que se aqui estivesse com certeza estaria à frente.
“A Mari não estar aqui significa que toda e qualquer mulher para ter que estar aqui também corre perigo, então, enquanto a gente não conseguir descobrir quem mandou matar e por quê, significa que as mulheres negras, a democracia, quem está aqui à frente, corajosamente, colocando o seu corpo nesse lugar, onde historicamente não é para a gente, também corre perigo”, disse Anielle.
Fonte: Agencia Brasil
Fotos: Chico de Assis