Criança raiz: Entre rotinas corridas e tecnologia, ainda dá pra plantar raízes fortes e memórias doces

by Agatha Amorim

Foto: Arquivo Pessoal/Luana Andrade

Sul Fluminense – Eu sou Luana, mãe do Luca, e talvez você também esteja nesse dilema: como criar nossos filhos num mundo que não para?

Tem dias que a gente mal termina o café e já tá atrasada pra escola, pro trabalho, pras tarefas da casa. Entre o trânsito, o celular que não para de apitar e o monte de coisas que precisamos dar conta, é fácil deixar a infância passar no modo automático.

Só que um dia me peguei pensando: será que o Luca tá mesmo vivendo a infância dele… ou só acompanhando o nosso ritmo?

Foi aí que voltei pra minha própria história. Cresci na roça. Brincava até escurecer, subia em árvore como se fosse o parquinho do bairro, ia pra escola a cavalo e catava fruta no pé. Nada disso era extraordinário pra mim — era só vida. Meus pais nunca chamaram isso de “infância raiz”, só viveram. E isso me moldou de um jeito que hoje eu entendo: me fez forte, conectada com o simples e com valores sólidos.

Por isso, aqui em casa, a gente tenta equilibrar. O Luca vê TV, sim. Já viu desenho no celular. Mas a prioridade é brincar.

Brincar mesmo. De correr, de se sujar, de inventar mundos no quintal. Brincar sem roteiro nem aplicativo.

Outro dia, ele tava montado no cavalo, com a camisa suja de terra, molhada de água e um sorriso de orelha a orelha. Naquele momento, percebi: ele tava aprendendo coragem, empatia, confiança — sem perceber. A equitação, além do físico, ensina respeito e parceria. E isso, nenhuma tela entrega.

A gente vive num tempo em que a infância precisa caber entre a aula de inglês e a natação. Infância é pausa. É tédio que vira brincadeira. É sujeira que vira história.

E não, você não precisa morar na roça pra ter uma criança raiz. O conceito não tá no CEP, tá nas escolhas que a gente faz.

Aqui vão coisas simples e possíveis no dia a dia:

–  Trocar 20 minutinhos de tela por uma ida à praça, pode até brincar descalço mesmo.

– Visitar uma feira, uma horta, um parquinho de chão batido.

–  Convidar o filho pra cuidar de uma planta ou dar água pro cachorro.

–  Ensiná-lo a observar o céu, o tempo, a chuva chegando.

–  Mostrar que o simples pode ser mágico.

Meus pais são minha bússola. E se eu puder ser, pro Luca, um pedacinho do que eles foram pra mim, sei que ele vai crescer forte e feliz — com os pés firmes no chão e o coração leve.

E você? Já pensou em desacelerar só um pouquinho pra deixar seu filho viver a infância?

Calça a bota, respira fundo (porque fácil não é) e vem comigo nessa jornada.

Às vezes, tudo que uma criança precisa é de tempo…

Foto: Arquivo Pessoal/Luana Andrade

 

 

Mãe do Luca e esposa do Carlos, Luana é formada em Desenho Industrial e pós-graduada em Marketing. Sua paixão pelo Agro e pela vida no campo a motivou a usar sua experiência em Marketing para conectar pessoas ao universo da pecuária, descomplicando o agro, compartilhando sua jornada e inspirando outros a se envolverem na transformação do campo.

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