Jorge Luiz Calife
“Ser ou não ser, eis a questão” diz o atormentado príncipe da Dinamarca, enquanto percorre seu sombrio castelo, com a caveira do pai na mão. A cena, da peça Hamlet, de William Shakespeare é uma das mais famosas do teatro de todos os tempos. Mesmo quem nunca viu a peça sendo interpretada ao vivo, por atores, deve ter visto uma das adaptações para o cinema. Afinal, em fama e citações, Hamlet só perde para o “Romeu e Julieta” do mesmo autor.
No livro “Hamlet ou Amleto – Shakespeare para jovens curiosos e adultos preguiçosos” o escritor Rodrigo Lacerda mergulha de cabeça no universo shakespeariano. Nas 296 páginas do livro ele apresenta o original aos leitores, comenta cada ato, cena da peça e faz uma narrativa moderna, em linguagem contemporânea para os leitores da era da internet. Que certamente vão estranhar a linguagem e as referências do original.
O resultado é um livro fascinante e divertido, mesmo para aqueles pobres mortais que nunca ouviram falar nesse tal de Shakespeare. Ou só viram aquele filme em que o bardo namorava a loira Gwyneth Paltrow, aquela do filme “Homem de Ferro”.
O livro inclui uma seção no final onde o autor comenta os Hamlets que leu e viu. Incluindo as versões do cinema como aquela com o Laurence Olivier. E tem também uma lista das paródias e anedotas sobre a peça junto com os elogios e as críticas mais famosas.
O livro recebeu um elogio do escritor Luis Fernando Verissimo que diz, na quarta capa: “O que o Rodrigo fez não foi Shakespeare para os simples, foi ajudar a vencer os obstáculos e ir direto ao inesquecível, o fantástico e o poético. Hamlet depurado, um atalho para o encantamento.”
A tragédia conta a história do príncipe Hamlet, que fica em dúvida se deve ou não matar o seu tio, a quem ele suspeita ter assassinado seu pai, o antigo rei. Daí a frase famosa “Há algo podre no reino da Dinamarca” que desde então tem sido aplicada a vários outros reinos e governos. Detalhe, Shakespeare escreveu a peça em 1599, mas ela continua atual em sua descrição da loucura dos poderosos e da corrupção do poder.