A delegada ressaltou que devido a quarentena e todas as medidas de segurança estabelecidas, houveram algumas mudanças nos atendimentos, mas informou que o serviço continua sendo prestado em tempo integral.
– Devido à pandemia, estamos restringindo os atendimentos por questões de segurança, tanto das pessoas que nos procuram, quanto de nossos agentes. Em todas as unidades, os atendimentos seguem funcionando 24h, mas com alguns cuidados. Crimes mais graves como: ameaça, lesão corporal, estupro, tentativa de feminicídio e feminicídio continuam sendo atendidos presencialmente. Neste período, posso dizer que os atendimentos foram reduzido em torno de 50% – explicou a delegada.
Segundo Waleska Garcez, ocorrências que não estejam na lista citada, devem ser registradas através do portal da ‘Delegacia Legal’, pelo site: http://www.delegacialegal.rj.gov.br/fale.asp, seguindo o plano de enfrentamento ao Covid-19, implantado pela Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro desde o dia 13 de março, onde outros casos que não envolvam violência contra a mulher, podem ser registrados através do link: https://dedic.pcivil.rj.gov.br.
– Quem estiver solicitando outros serviços, pode acessar estes links e fazer um pré-registro do caso. Após esse registro, a gente entra em contato com a vítima, que comparece à delegacia para dar mais detalhes sobre a ocorrência. Em caso de pedido de medida protetiva, a vítima precisa estar presente na delegacia, porque esse tipo de solicitação não pode ser feita pela internet – explicou.
Waleska Garcez comentou que neste período de quarentena, serviços prestados às vítimas de violência doméstica, através da ‘Casa da Mulher’ (um espaço de atendimento integrado e humanizado às mulheres em situação de violência em Volta Redonda) através da Secretaria de Políticas Públicas da Mulher, Idosos e Direitos Humanos (Smidh), não foi necessário, mas caso haja a necessidade, o auxílio continua funcionando pelo telefone.
– Até o momento, neste período de 40 dias, esse tipo de serviço não foi necessário. Caso seja solicitado, a gente entra em contato e os responsáveis comparecem na delegacia, passamos o caso e em seguida, entram em contato com a vítima. Acredito que muitas mulheres estejam sofrendo violência em casa, mas nós não sentimos aumento no número de registros on-line e presenciais. Infelizmente muitos casos não chegam até a Deam. Se não houver uma denúncia, um registro, como podemos ajudar essas vítimas? Em muitos casos existem dependência afetiva, financeira, medo e até a dificuldade de locomoção – esclareceu.
Denúncia
O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Waleska Garcez reconhece que há registros do aumento da procura de vítimas de violência pelo Ligue 180 neste período, mas acredita que o aumento possa ser devido à outros serviços que o contato disponibiliza à população.
– Temos conhecimento sobre o aumento da procura através do 180. Este, é um telefone utilizado para que a mulher possa tirar dúvidas e se for o caso, ser encaminhada para a delegacia mais próxima. Muitos casos chegam até a polícia através desse telefone, entre eles: dúvidas sobre direito da família, dúvida sobre direito civil ou criminal. Não especificamente para denúncias. Pode ser este o caso, de tanta procura – explicou.
De acordo com a psicóloga Silvana Helen da Silva Viana, pós graduanda em Terapia Cognitivo Comportamental, neste período, os fatores de risco envolvendo violência doméstica aumentam por diversos motivos: entre eles, a dependência financeira. Silvana ressalta que, com o surgimento da pandemia, e a necessidade de isolamento social emergencial, pessoas que passam por situação de violência e precisam de acompanhamento psicológico contínuo, por exemplo, podem sim ter sofrido um ‘baque’.
– Tudo aconteceu de repente. Muitos tiveram que parar de trabalhar e não podem sair de casa. No caso de pessoas que fazem acompanhamento psicológico, por exemplo, e precisam de medicação, não conseguem sair de casa para trabalhar e não conseguem sair desta situação. A partir do momento que essas pessoas não têm dinheiro para comprar seus medicamentos, para manter sua independência financeira, o comportamento muda; podem acontecer diversos fatores que deixam a pessoa com um nível de estresse maior que o habitual e esse tipo de estresse, somado ao abalo emocional devido às agressões verbais e físicas, pioram o quadro da vítima – explicou.
A psicóloga ressalta que o diálogo e a quebra do preconceito é fundamental.
– O medo de apanhar, de sofrer ameaças contínuas, é frequente. Muitas sofrem com esta situação apenas por serem mulheres. Isso acontece até em casos de mulheres trans. Ressaltar a importância da denúncia e do acompanhamento psicológico da vítima, é fundamental. É preciso haver esse diálogo, porque, infelizmente, é algo que acontece diariamente em diversos lares e muitas vítimas têm medo de expor o que passam. O apoio da família, a busca por ajuda, pela quebra do preconceito e pela saúde mental é fundamental – disse.
Para finalizar, Silvana Helen ressalta a importância da empatia neste período e explica que, mesmo com a necessidade que todos estão enfrentando em seus respectivos empregos, a busca pela ajuda ao próximo e a doação de um período de escuta, pode aliviar as dores emocionais de vítimas de violência doméstica e de quem esteja necessitando de ajuda neste período de pandemia.
– O mundo todo vive um momento muito difícil. No país, muitos psicólogos estão de disponibilizando a ajudar de alguma forma, pessoas que estejam passando por diversos problemas, além da violência doméstica, como: esquizofrenia, depressão e suicídio. A gente sabe que consultas presenciais agora, foram canceladas, mas alguns profissionais continuam com consultas on-line; inclusive de forma voluntária, para ajudar essas pessoas. Quanto à violência psicológica sofrida por essas mulheres, essas marcas vão além de hematomas pelo corpo. É toda uma vivência e bagagem que a pessoa traz dentro de si. Entender o tamanho do problema é urgente, e diz respeito a todas que sofrem do mesmo. Denuncie – finalizou.
5 comments
O COVID tem antecipado as mortes que seriam por feminicidio.
Nehum algoz é capaz de segurar uma ofendida em casa.
Infelizmente nestes tempos de quarentena, a maioria das vítimas está trancada em casa com seus algozes, sem conseguir pedir ajuda. Triste mundo!
Cai pela metade pq estando 100% do tempo trancadas com seus agressores, infelizmente as vítimas não conseguem realizar a denúncia.
O atendimento na DEAM é tão ruim que não vale a pena correr o risco de pegar um corona para ir lá ser mal atendido.
Por causa de jumentos como você, é que vivemos nessa sociedade
Por causa de idiotas como você, o shampoo vem explicando como utilizar
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