
Foto: Arte Nasa
Nos últimos dias, um fenômeno astronômico vem chamando atenção no céu: a chamada conjunção planetária. De acordo com o Observatório Nacional, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e, nesta sexta-feira (28), também Mercúrio, estarão visíveis ao mesmo tempo, configurando um verdadeiro “desfile de planetas”.
Três deles podem ser observados a olho nu: Marte, Vênus e Júpiter. Já Mercúrio e Saturno, que normalmente poderiam ser vistos, estarão muito próximos do Sol e ofuscados por sua luz. Urano e Netuno, por sua vez, são distantes e só podem ser identificados com auxílio de telescópios.
O astrofísico Ricardo Ogando, do Observatório Nacional, explica que o ideal é observar o céu sem telescópio, em um local seguro e com visão livre do horizonte oeste. “Como é um fenômeno que está distribuído em uma área muito grande do céu, não é um fenômeno para você olhar com o telescópio, é um fenômeno para você olhar com os olhos. Deitar em um lugar seguro, com a visão livre do Oeste, do poente, e apreciar essa grande beleza”, orienta.
Para ajudar na localização dos planetas, Ogando sugere o uso de aplicativos que mapeiam o céu. O astrônomo Thiago Gonçalves, diretor do Observatório do Valongo (UFRJ), destaca que os planetas, ao contrário das estrelas, não cintilam. “À primeira vista, o planeta vai quase sempre parecer uma estrela muito brilhante”, explica. “A particularidade dos planetas é que eles não cintilam. Eles estão mais próximos da gente. A cintilação acontece por conta de um efeito atmosférico”.
Conjunção e não alinhamento
Embora o termo “alinhamento planetário” seja amplamente utilizado, o Observatório Nacional esclarece que o correto é dizer que os planetas estão em “conjunção”, pois não se alinham em uma linha reta, mas formam um arco no céu. “O que acontece na prática é que, como todos eles estão mais ou menos na mesma direção, a gente consegue ver todos eles no céu ao mesmo tempo, supostamente”, explica Gonçalves.
O fenômeno não é raro e poderá ser observado novamente entre 12 e 20 de agosto deste ano, antes do nascer do Sol. No dia 12 de agosto, em especial, Vênus e Júpiter estarão em uma conjunção mais próxima.
Informações falsas
Segundo Ogando, informações equivocadas sobre o fenômeno estão circulando, como a alegação de que ele seria extremamente raro. “Esse ‘alinhamento’, curiosamente, ganhou uma visibilidade. E, junto com ela, uns penduricalhos errados, falando que é super raro, que só acontece em um trilhão de anos”, critica.
Outro mito é a ideia de que a conjunção poderia afetar a Terra por conta da gravidade dos planetas. Ogando descarta essa possibilidade: “É uma força ínfima. Os planetas estão muito distantes. Por mais que Júpiter, por exemplo, seja um planeta com uma massa muito grande, muito maior do que a da Terra, ele está a uma distância muito grande. Então, a influência gravitacional é ínfima”.
O Sistema Solar
O fenômeno observado é possível porque todos os planetas do Sistema Solar orbitam o Sol em um mesmo plano, permitindo momentos de visibilidade simultânea. O Sistema Solar é composto pelos planetas Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Enquanto os quatro primeiros são planetas rochosos, os demais são gasosos e muito mais distantes do Sol.
Júpiter é o maior planeta do sistema, e seu ciclo orbital dura cerca de 12 anos terrestres. Já Netuno, o mais distante, leva impressionantes 165 anos para completar sua órbita ao redor do Sol. Com informações da Agência Brasil.