Sul Fluminense – A desigualdade de gênero ainda limita mulheres em salários, oportunidades e direitos. Mesmo com um importante progresso, como novas leis de proteção e avanços no mercado de trabalho, 51% da população do planeta ainda enfrenta mais barreiras e cobranças do que os homens.
O Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado (8), foi criado em 1917, na Europa, para simbolizar a participação feminina crescente na política, nas revoluções, guerras e na sociedade em geral. Pela ONU, a data foi reconhecida em 1970 e adotada em todo o mundo, com a finalidade de lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independentemente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.
O DIÁRIO DO VALE, através do DIÁRIO DELAS, conversou com mulheres que contribuem ativamente para a economia da região. Seja como empreendedora, chefe de família, dona de casa, do próprio negócio, ou ativa no mercado de trabalho, a mulher brasileira divide, cada vez mais, o protagonismo com os homens e se coloca presente em todos os setores da sociedade.
No Sul Fluminense, entrevistamos, para esse especial, cinco mulheres que conquistaram seus espaços ao longo dos anos. A proprietária da agência de turismo Chic Viagens, Ana Paula Rocha; a empresária Pamela Suellen, proprietária do Espaço Crespo, salão de beleza; a manicure Paula Borba; a CEO do Grupo Escolar Radiane, Maria Marques e a proprietária e contadora da Rede Contábil Digital, Juliana Campos.
Ana Paula Rocha disse que os desafios exigidos pelo mercado de trabalho a fizeram superar barreiras e encontrar caminhos para o crescimento dela e do negócio. Segundo ela, uma diferença primordial é a margem para erros muito menor para as mulheres do que para os homens.
“São muitos os desafios, mas os principais são a adaptação ao novo, como as inovações tecnológicas, e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Acredito que o segredo para se manter nesse processo constante de evolução é sempre estudar e desenvolver métodos que facilitem a trajetória. Além disso, é importante ser transparente, saber reconhecer as próprias limitações e nunca tentar ser o que não somos. Manter nossa essência é fundamental para crescer”, contou.

Ana Paula Rocha, proprietária da Chic Viagens
Rede de apoio
A manicure Paula Borba afirma que empreender é um desafio diário, com novos obstáculos e caminhos se apresentando a todo momento. Ela reflete sobre a importância de seu trabalho, que se torna uma ferramenta poderosa de empoderamento ao criar uma comunidade e rede de apoio.
“Construir o negócio próprio, conquistar clientes e manter um serviço de qualidade demanda esforço e paixão, mas a satisfação de ver mulheres se sentindo mais bonitas e seguras faz tudo valer a pena. Ser manicure vai muito além de esmaltação e cuidados com as unhas. Meu trabalho se tornou uma ferramenta de empoderamento feminino, tanto para mim quanto para minhas clientes. A cada atendimento, percebo como pequenas mudanças refletem na autoestima e na confiança de uma mulher. Muitas chegam cabisbaixas e saem renovadas, não só pelas unhas bem-feitas, mas pela conversa, pelo acolhimento e pelo carinho que coloco em cada detalhe”, conta.

Foto: Arquivo
Manicure e empreendedora Paula Borba
A CEO do Grupo Radeane, Maria Marques, reforçou a importância da comunidade feminina e de outras mulheres no centro da narrativa.
“Pego inspiração de muitas mulheres incríveis que são empreendedoras, esposas, mães e excelentes profissionais. Eu também espero ser inspiração na vida de outras mulheres. Recebo depoimentos que me deixam muito felizes, porque sinto que estou no caminho que eu gostaria de estar. Retornos positivos dos nossos liderados e de pessoas que nos escutam nos fazem ter consciência cada dia mais do tamanho da nossa responsabilidade e isso me mantem ainda mais alinhada com o meu propósito que é transformar o mundo em um lugar melhor através da educação” afirmou.o. Maria Marques

Foto: Arquivo
CEO do Grupo Radeane, Maria Marques
Mercado de trabalho
Com seu recém-inaugurado salão de beleza especializado em cabelos crespos e cacheados, o Espaço Crespo, Pamela Suellen, relembra das dificuldades enfrentadas para ser dona de seu próprio negócio e conquistar seu espaço no mundo dos empreendedores.
“Ser uma mulher preta e de origem humilde sem dúvidas foi meu maior obstáculo. Sair da invisibilidade é muito difícil, o tempo todo tentam diminuir seu trabalho e sua importância enquanto indivíduo na sociedade. Muitas vezes começamos já há dez passos atrás, a última vez que eu escutei que não havia conseguido nada, porém pra quem veio de onde eu vim e viveu o que eu vivi, sabe a importância de tudo construído até aqui”, lembra.Pamela Suellen, do Espaço Crespo

Proprietária do Espaço Crespo, Pamela Suellen
A contadora Juliana Campos lembra que os desafios vão desde a cor da pele à dificuldade de reafirmar seu nome no mercado.
“Entender, de verdade, que todos nós merecemos alcançar nossos objetivos foi um grande passo na minha trajetória. Foram muitos desafios ao longo da minha trajetória. Desde ter condições de estudar, iniciar meu próprio negócio, até lidar com a timidez e desenvolver a disciplina. Hoje, continuo enfrentando novos desafios, diferentes dos anteriores, mas com mais firmeza e sabedoria para entender que cada dificuldade traz um aprendizado valioso”, afirmou.Juliana Campos, proprietária da Rede Contábil Digital

Proprietária da Rede Contábil Digital, Juliana Campos
Futuro
A proprietária da Chic Viagens, Ana Paula Rocha, ressaltou que cada mulher deve celebrar suas próprias conquistas, com amor e aceitação consigo mesma e suas limitações.
“A palavra “superação” é maravilhosa, pois ela nos lembra de que, quando não desistimos dos nossos sonhos, somos capazes de vencer desafios. No meu caso, enfrentei muitos obstáculos, como a barreira do idioma e das diferenças culturais. Para superar essas dificuldades, precisei adquirir conhecimento e entender mais profundamente o que sonhava”, refletiu.
Já Juliana Campos, da Rede Contábil Digital, projeta um futuro com uma rede de apoio feminina, com voz e participação para cada uma das que chegam ao mercado de trabalho e diálogo para enfrentar as adversidades.
“Acredito que nada é mais inspirador do que o exemplo. Não apenas o exemplo de sucesso, que também é importante, mas principalmente o exemplo de persistência. Afinal, o sucesso não vem sem constância. Mostrar às pessoas de onde viemos, para onde estamos caminhando, os desafios que enfrentamos e que cada dia traz uma nova batalha é essencial. O propósito e o objetivo final precisam ser o nosso norte”, finalizou.
Na política, apenas 727 prefeitas nos 5.571 municípios
A mulher brasileira representa, hoje, a maior parte do eleitorado. São mais de 81,8 milhões de eleitoras, representando 52,47% do total. Na temática do empoderamento, é importante ressaltar as figuras femininas não somente em cargos de poder, mas também se entendendo como seres políticos, que almejam ter sua voz representada na democracia nacional, estadual e municipal.
Em 2025, o Brasil conta com 727 prefeitas mulheres entre os 5.571 municípios, número que equivale a 13% das prefeituras. Na Câmara dos Deputados são 91 mulheres, valor correspondente a 17,5% dos parlamentares. Já no Senado Federal, 15 das 81 cadeiras são femininas (18,5%).
No Estado do Rio, a porcentagem é um pouco mais alta do que a média nacional, ainda que pouco expressiva. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro conta com 15 deputadas estaduais, representando 21,4% das cadeiras na Alerj.
Grupo Pançardes: mulheres são 68% da equipe de jornalistas
Em 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a campanha “As Mulheres Fazem a Notícia”, destinada a estimular a igualdade de gênero na comunicação social mundial. Hoje, uma grande preocupação de ativistas feministas é a transformação da data em um dia de caráter festivo e comercial, como o hábito de empregadores distribuírem rosas vermelhas ou pequenos mimos, espalhando a desinformação sobre o que o dia realmente representa.
Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (GEMAA) afirma que, nas principais redações jornalísticas do Brasil, 60% dos textos publicados são de homens. Já no Grupo Pançardes de Comunicação, composto pelos jornais DIÁRIO DO VALE e A VOZ DA CIDADE, as mulheres são protagonistas e representam 68% da equipe de jornalistas.