Documentário resgata tradição do jongo em Barra do Piraí

Filme celebra a resistência cultural Bantu e conecta gerações através do jongo

by Agatha Amorim

Hotel Fazenda Ponte Alta foi escolhida pela história que representa no cenário nacional. (Foto: Divulgação)

Barra do Piraí – Nos dias 22, 23 e 24 de agosto iniciaram-se as gravações do documentário ‘Jongo: O Ritmo da Resistência’. O projeto tem como cenário o Hotel Fazenda Ponte Alta, e foi escolhido exatamente pela história que representa no cenário nacional e principalmente para o município. O objetivo principal é resgatar a tradição do jongo em Barra do Piraí, um legado dos escravizados Bantu, como um símbolo de resistência e expressão cultural no coração do Brasil, revelando uma história de luta, memória e identidade através das gerações.
O filme foi idealizado pelo ator e produtor cultural Reginaldo Costa, com participação da produtora Overview e apoio do Instituto Cultural Beleza Negra e Hotel Fazenda Ponte Alta. É um documentário expositivo que celebra a tradição do jongo em Barra do Piraí, situado no coração do Médio Vale do Paraíba fluminense, uma região de extrema relevância histórica da economia cafeeira do Brasil do século XIX.
O Jongo, uma expressão cultural trazida especificamente para o sudeste brasileiro pelos escravos africanos de origem Bantu do Congo e de Angola, encontrou no Vale do Paraíba um espaço de expressão e resistência. Essa tradição, preservada nas lavouras tornou-se uma parte intrínseca da vida dos escravizados.
Nas fazendas, os proprietários permitiam que os escravos praticassem o jongo durante as festividades dos santos católicos, proporcionando um momento de alívio dos rigores da escravidão tanto para os escravos quanto para os proprietários e seus agregados.
O filme, segundo seu idealizador, pretende ser um ato de afirmação cultural e servirá como um meio de trazer a história marginalizada para o primeiro plano, permitindo que as vozes historicamente silenciadas sejam ouvidas e honradas.
O fio-condutor do documentário é a atenção ao grupo mirim ‘Memórias do Cativeiro’, um símbolo de esperança na preservação do jongo. Este grupo, surgido em um contexto educacional inovador, mantém viva a prática jongueira e serve como veículo para a educação patrimonial, enfatizando a importância da tradição oral na transmissão cultural.
O grupo mirim, ao integrar o jongo nas atividades escolares e comunitárias, desempenha um papel de extrema importância na difusão e valorização dessa tradição afrodescendente na esfera intergeracional.
A importância desse grupo transita entre valores cruciais para a nossa era virtualizada: conecta gerações, preserva saberes, valoriza a oralidade sistêmica, multiplica a conscientização sobre a importância do patrimônio imaterial, esclarece conceitos e minimiza preconceitos e opressões.
A iniciativa tem o patrocínio da Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura; e também da Prefeitura Municipal de Barra do Piraí, por meio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura. O lançamento está previsto para o final do ano.

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