Estado do Rio de Janeiro – Com risco iminente de grandes temporais, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) segue em monitoramento e atuação nas cidades que já foram afetadas por desastres naturais. Um levantamento feito pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ) da Secretaria indica que 22 pessoas morreram devido a eventos climáticos em todo o estado do Rio desde o início deste ano. O monitoramento aponta ainda que 122 unidades públicas de saúde foram afetadas em diversos municípios, ocasionando perda de medicamentos e prejuízos no atendimento à população. Os dados constam na plataforma Vigidesastres, desenvolvida pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SES-RJ, que reúne informações de desastres causados por eventos climáticos nos 92 municípios fluminenses e os danos causados. Este foi o primeiro verão em que a secretaria contou com o auxílio da plataforma.
Por meio da Vigidesastres (monitorar.saude.rj.gov.br), a Secretaria monitora a situação dos sistemas de saúde locais e reúne informações para tomada de decisões de maneira rápida e precisa. Para reduzir os impactos à população, a SES-RJ tem enviado vários insumos às cidades atingidas, desde hipoclorito de sódio para purificação de água para consumo humano, até milhares de comprimidos e frascos de medicamentos – como antibióticos e analgésicos – além de materiais como luvas, cateteres, máscaras, seringas, agulhas, ataduras e soro. De 1º de janeiro até esta sexta-feira (22/03), 12 municípios solicitaram apoio à SES-RJ: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, Queimados, Paracambi, Mendes, Japeri, Engenheiro Paulo de Frontin e Barra do Piraí.
Para agilizar a chegada da ajuda às cidades, a Secretaria mudou a logística de distribuição dos insumos e medicamentos. Antes, as retiradas eram feitas pelos gestores municipais na Coordenação Geral de Armazenagem da SES-RJ, em Niterói, Região Metropolitana. Após determinação da secretária Claudia Mello, os municípios que estiverem impossibilitados de locomoção e solicitarem os itens receberão o apoio em suas sedes.
“Colocamos toda frota da Secretaria à disposição dos municípios. Seja por via aérea, com a Superintendência de Operações Aéreas (SOAer), ou por via terrestre, com o Samu e as motolâncias, e os demais veículos oficiais. Todos estão aptos para atuar nessas ocorrências”, afirma a secretária.
De acordo com Silvia Carvalho, superintendente de Emergências em Saúde Pública da SES-RJ, outro ponto de atenção é o aumento no número de casos de doenças de veiculação hídrica, que são aquelas transmitidas por água e lama contaminadas.
“Essa preocupação é recorrente. São inúmeros os microrganismos que podem provocar adoecimento. Eles se manifestam diretamente através de enfermidades como leptospirose, doenças diarreicas, entre outras, e indiretamente, como a dengue, que se torna uma preocupação ainda maior, devido ao cenário epidêmico. São doenças sérias que, sem o manejo clínico adequado e no tempo oportuno, podem causar internações e óbitos”, alerta.
Metade das cidades já foram impactadas
De acordo com técnicos do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, dos 92 municípios fluminenses, 46 foram impactados em 92 eventos ocorridos no período analisado. A maioria relacionada a chuvas intensas e enxurradas. As regiões mais atingidas foram: Centro Sul (com 8 municípios afetados), Metropolitana l (8), Serrana (8), Médio Paraíba (6), Baixada Litorânea (5), Noroeste (4), Metropolitana ll (3), Norte (2) e Baía da Ilha Grande (2).
Dentre os municípios atingidos estão: Engenheiro Paulo de Frontin (com 5 ocorrências), Magé (5) e Vassouras (5). Sendo os demais em: Japeri (4), Barra do Piraí (4), Barra Mansa (4), Teresópolis (4), Mendes (3), Nova Iguaçu (3), Paracambi (3), Petrópolis (3), Rio de Janeiro (3), Mesquita (2), Miguel Pereira (2), Nilópolis (2), Niterói (2), Queimados (2), Resende (2), Rio Claro (2), Bom Jesus do Itabapoana (2), Santa Maria Madalena (2), Sapucaia (2), São Gonçalo (2) e Volta Redonda (2). Com um registro estão: Angra dos Reis, Araruama, Areal, Armação dos Búzios, Belford Roxo, Bom Jardim, Cabo Frio, Duque de Caxias, Macaé, Macuco, Maricá, Paraty, Porciúncula, Quatis, Santo Antonio de Pádua, Saquarema, Silva Jardim, São João de Meriti, São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes, Três Rios e Varre-Sai.
“A Vigilância da SES-RJ monitora diariamente a situação dos 92 municípios fluminenses e realiza visitas técnicas nas cidades afetadas. Nessas visitas, identificamos as principais necessidades de urgência e fazemos orientações aos profissionais de saúde e gestores para que os impactos sejam minimizados”, afirma Silvia.
O levantamento da SES-RJ é feito através de um contato rotineiro e diário com as equipes municipais, além das visitas in loco. A partir da consolidação das informações, os dados são automatizados e atualizados diariamente num painel público chamado “Painel Informativo Vigidesastres”, disponível em monitorar.saude.rj.gov.br.
O Vigidesastres reúne informações sobre o tipo de evento climático que ocasionou desastres (chuva, enchente, inundação, deslizamento, vendaval, incêndios etc), o número de habitantes afetados, as áreas danificadas e os impactos na rede de saúde de cada localidade. A avaliação dos planos de contingência de cada município também está disponível na ferramenta, bem como os sites utilizados para emissão dos alertas.
Entre os números do levantamento feito pela SES-RJ estão:
92 eventos adversos registrados;
46 municípios afetados;
32.464 desalojados;
848 desabrigados;
166 enfermos;
72 feridos;
22 óbitos;
768.937 pessoas afetadas;
20.663 unidades habitacionais afetadas;
122 unidades públicas de saúde danificadas;
115 instalações públicas de ensino danificadas;
65.362 mil frascos de hipoclorito de sódio enviados aos municípios solicitantes;
9 kits de calamidade com milhares de medicamentos e insumos enviados aos municípios solicitantes.