Exposição celebra o centenário de Nelson Gonçalves

by Diário do Vale

Mostra conta com 17 capas de discos que fazem parte do acervo do MIS

No próximo dia 21 de junho é celebrado o centenário de nascimento do cantor Nelson Gonçalves. Para homenagear a data, Museu da Imagem e do Som abre na segunda-feira, dia 03, a nova edição do projeto edição ‘Arte na Capa’. A exposição poderá ser visitada até 28 de junho, de segunda a sexta, das 12h, às 18h.
Na mostra organizada pelo MIS de Resende, o público poderá conferir 17 capas de discos que fazem parte do acervo da instituição. Durante sua carreira, Nelson Gonçalves gravou mais de duas mil canções, 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns, vendeu cerca de 78 milhões de discos, ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina.
Para o presidente da Casa da Cultura, o músico Thiago Zaidan, celebrar o centenário de nascimento do cantor Nelson Gonçalves é, na verdade, celebrar a história da música popular brasileira.
– Ele foi um cantor ímpar, que trafegou por diversos gêneros musicais. Gravou Samba canção, bolero, seresta, sertanejo e bossa nova. No final da carreira ainda flertou com o pop-rock, com versões de músicas do Legião Urbana, Kid Abelha e Lula Santos – conta o presidente.
Além de conhecer visualmente as capas de discos, que são raridades, os visitantes também podem desfrutar da experiência de ouvir os discos diretamente de uma vitrola. O Museu fica na Casa da Cultura, localizada na Rua Luís da Rocha Miranda, 117, no Centro Histórico. O agendamento de visitas para escolas e grupos pode ser feito pelo telefone 3354-7530. A entrada é gratuita.

Sobre Nelson Gonçalves:
Nascido em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, em 21 de junho de 1919, Antônio Gonçalves Sobral mudou-se para São Paulo, no bairro do Braz, aos sete anos. Nesta época, passou a ajudar com pai no sustento do lar, quando passou a ser levado por ele para praças e feiras, onde, enquanto seu pai tocava violino, Nelson cantava, agradando gorjetas. Para sustentar a família, seu pai também vendia frutas na feira e fazia serviços de pedreiro
Abandonou os estudos ainda na adolescência e trabalhou em diversas áreas como jornaleiro, mecânico, engraxate, polidor e tamanqueiro. Querendo ganhar mais dinheiro e seguir uma profissão, se inscreveu em concursos de luta e venceu, tornando-se lutador de boxe na categoria peso-médio, recebendo, aos dezesseis anos de idade, o título de campeão paulista de luta. Após o prêmio, só ficou mais um ano lutando, pois queria investir em seu sonho de infância: Ser artista.
Mesmo com o apelido de “Metralha”, por causa da gagueira, tomou coragem e não se deixou levar pelos preconceitos, e decidiu ser cantor, após deixar os ringues de luta.
Passou por diversos programas de calouros, mas reprovado na maioria deles, inclusive no de Ary Barroso, que o aconselhou a desistir, e mesmo muito desolado, não desistiria fácil do seu sonho de ser cantor.
Já morando no Rio de Janeiro, passou a trabalhar como garçom. Em 1941, nas horas vagas, começou a cantar por conta própria em bares, conseguindo gorjetas. Voltou a tentar se apresentar em programas de calouro, sendo enfim aprovado. Foi chamado para gravar um disco de 78 rotações, que foi bem recebido pelo público. Passou a crooner do Cassino Copacabana (do Hotel Copacabana Palace) e assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga, iniciando uma carreira de ídolo do rádio nas décadas de 40 e 50, da escola dos grandes, discípulo de Orlando Silva e Francisco Alves.
É considerado o segundo maior vendedor de discos da história do Brasil, com mais de 81 milhões de cópias vendidas, ficando atrás apenas de Roberto Carlos, com mais de 120 milhões. Alguns de seus grandes sucessos dos anos 40 foram Maria Bethânia (Capiba), Normalista (Benedito Lacerda / Davi Nasser), Caminhemos (Herivelto Martins), Renúncia (Roberto Martins / Mário Rossi) e muitos outros. Maiores ainda foram os êxitos na década de 50, que incluem Última Seresta (Adelino Moreira / Sebastião Santana), Meu Vício É Você e a emblemática A Volta do Boêmio (ambas de Adelino Moreira).
Tornou-se alcoólatra e usuário de cocaína, tendo tido uma overdose que quase o matou em 1968. Usando drogas por mais de vinte anos. Foi preso em flagrante em 1975, por porte de drogas, e passou um mês na Casa de Detenção, o que lhe trouxe problemas pessoais e profissionais. Após sair da cadeia, iniciou tratamento psicoterápico e psiquiátrico, fazendo tratamento de desintoxicação, diminuindo aos poucos o uso de drogas, voltou a cantar, e lançou o disco A Volta do Boêmio nº1, um grande sucesso.
Em 1980 conseguiu abandonar de vez seus vícios. Totalmente recuperado, retomou sua carreira, cada vez mais bem sucedida. Mesmo com tantos problemas pessoais, continuou gravando regularmente nos anos 70, 80 e 90, reafirmado a posição entre os recordistas nacionais de vendas de discos. Além dos eternos antigos sucessos, Nélson Gonçalves sempre se manteve atento a novos compositores, e chegou a gravar canções de Ângela Rô Rô (Simples Carinho), Kid Abelha (Nada por Mim), Legião Urbana (Ainda É Cedo) e Lulu Santos (Como uma Onda). Gravou “A Deusa do Amor”, que está no álbum Nós, em parceria com Lobão, em 1987, tocando com ele essa música no Globo de Ouro em 1988.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de abril de 1998, por decorrência de um infarto agudo do miocárdio, no apartamento de sua filha Marilene, enquanto a visitava. Encontra-se sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Serviço
O projeto ‘Arte na Capa’ faz uma homenagem aos 100 anos de Nelson Gonçalves. A mostra abre nesta segunda-feira, dia 03 de junho, e segue até o dia 28. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 12h às 18h, no Museu da Imagem e do Som de Resende – Rua Luís da Rocha Miranda, 117, Centro Histórico.

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2 comments

Aposentado 2 de junho de 2019, 06:46h - 06:46

Os cantores contemporâneos invejam o vozeirão de Nelson Gonçalves. Suas músicas são eternas e fazem sucessos até hoje.

Morador de BM 1 de junho de 2019, 18:04h - 18:04

Dizem que foi um excelente prefeito em Volta Redonda.
Merece essas homenagens.

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