Farmácias da região registram desabastecimento de antibióticos de uso pediátrico

by Diário do Vale

Roze Martins 
Especial para o DIÁRIO DO VALE 

Sul Fluminense

A chegada dos dias mais frios causou uma corrida por medicamentos para doenças respiratórias e síndromes gripais. Assim como vem ocorrendo em outras cidades do país, o desabastecimento de antibióticos e outros remédios de uso pediátrico também afeta as farmácias da região. De acordo com profissionais ouvidos pelo DIÁRIO DO VALE, remédios como amoxicilina com clavulanato, ceflacor, klaritromicina e até dipirona xarope não estão sendo encontrados. Entre os motivos para a falta dos medicamentos de uso infantil estariam as dificuldades de importação de insumos, por causa da guerra na Ucrânia e lockdown na China.

A gerente de uma rede de farmácias de Volta Redonda e Barra Mansa, Gezimara Dias de Lima, explicou que em geral as crianças não tomam comprimidos, mas sim o remédio do tipo suspensão (líquido), que é o que atualmente está em falta nas prateleiras.

– Já tem um tempo que esses remédios estão em falta. E isso é ruim porque se a criança ficar doente não tem opção. Muitas já criaram resistência à azitromicina, que hoje é o que tem disponível, e aí quando tomam acaba que não faz o efeito esperado. Para se ter uma ideia, nós estamos com falta até dos antibióticos para atender as crianças que têm alergia à amoxicilina. Simplesmente não tem vindo e isso causa desconforto porque os pais ficam rodando as cidades, não acham, e depois têm que voltar no médico para trocar a receita por outro – ressaltou a gerente, que informou que o problema vem sendo registrado há dois meses, no entanto, a rede não recebeu nenhum informativo oficial das indústrias.

Há quase trinta anos trabalhando como atendente de farmácia, o comerciário Adriano de Almeida, que trabalha em uma rede com lojas em Volta Redonda e Barra Mansa, também confirma o “sumiço” de alguns medicamentos infantis. Segundo ele, entre os mais procurados pelos pais estão a amoxicilina, antibiótico recomendado como um dos melhores para alguns tipos de pneumonia, infecções no ouvido e garganta.

– Eu já perdi a conta, nesses últimos dois meses, da quantidade de pais que vieram procurar a amoxicilina com clavulanato e que não encontraram nem aqui e em nenhuma outra farmácia da cidade. É um antibiótico muito usado em crianças e que está fazendo muita falta, principalmente agora com a chegada do frio, e quando aumenta os casos de infecção. Estamos na torcida para que as indústrias consigam normalizar o mais rápido possível essa situação – ressaltou Almeida.

Pais relatam dificuldades

A contadora Danúbia da Silva Oliveira tem um filho de dois anos que recentemente contraiu uma infecção viral, afetando o ouvido e a garganta. Ela, que mora em Barra Mansa, conta que ao levá-lo ao pediatra o profissional recomendou a amoxicilina com clavulanato, no entanto, ao entregar o receituário, já alertou que teria dificuldades para encontrá-la.

– O médico me indicou que talvez fosse encontrar em uma farmácia no bairro Ano Bom e numa outra que fica no Centro. Eu saí do consultório com meu esposo, fomos aonde ele falou e em todas as outras farmácias da cidade e não encontramos em nenhuma delas. Liguei para algumas de Volta Redonda e lá também não tinha. É uma sensação desesperadora, você saber que tem que medicar seu filho para ele ficar bem e não conseguir comprar o remédio. Nós tivemos que voltar no médico pra ele trocar a receita e meu filho só começou o tratamento no dia seguinte – recordou Danúbia.

A comerciante Larissa Santos também tem um filho de dois anos, que há cerca de dois meses precisou de antibiótico para tratar uma crise de sinusite, com infecção de ouvido e garganta. Ela também não encontrou a amoxicilina com clavulanato, que foi recomendada pelo médico do pronto atendimento, trocou a receita por azitromicina, mas ressalta que o resultado no tratamento não foi o esperado.

– Em nenhuma farmácia tinha a amoxicilina e naquela semana que meu filho ficou doente eu vi várias mães na mesma situação, peregrinando em várias farmácias. Ele tomou outro medicamento, mas depois de dez dias a infecção voltou pior, tivemos que voltar ao médico e ele receitou cinco dias de injeção, que foi o que ajudou meu filho a melhorar – lamentou a comerciante.

Pediatra fala sobre cuidados para evitar infecções virais

A pediatra Luciene Bandeira deu algumas dicas para prevenir algumas infecções viriais. Ela explica que no outono e inverno, à medida em que a temperatura cai, favorece o aparecimento das doenças respiratórias ou do agravamento das mesmas. Nestes períodos, as pessoas tendem a ficar em ambientes fechados e mais aglomeradas e, além disso, a chuva e a umidade, favorecem a presença de mofos e fungos propícios às alergias.

– Todas estas situações fazem com que a chance de transmissão seja maior. Podemos contrair os vírus ao engoli-los ou inalá-los, por via direta das gotículas de secreção nasal ou oral, a partir da tosse e espirros, ou indiretamente por contaminação através das mãos ou de objetos contaminados. Mais comumente, as infecções virais envolvem o nariz, a garganta e as vias respiratórias superiores ou inferiores, porém, as doenças com mais progressividade são as infecções das vias aéreas inferiores (pneumonia, bronquite, bronquiolite), além de gripe e Covid-19 – alertou a médica.

Segundo ela, prevenir-se de doenças virais respiratórias exige atitudes comuns de toda comunidade e podem ser evitadas com medidas bastante simples: priorizando a higiene, fortalecendo a imunidade mantendo hábitos saudáveis, respeitando a necessidade de descanso, não compartilhando objetos de uso pessoal, como copos e talheres, limpando com frequência objetos de uso comum, principalmente brinquedos, maçanetas, torneiras, entre outros, lavar sempre os alimentos, dando atenção aos que serão consumidos in natura, mantendo a vacinação em dia, evitando aglomerações e contato com pessoas doentes.

Luciene ressaltou que os sintomas mais comuns dos casos de infecções respiratórias agudas incluem tosse, coriza, febre ou baixa de temperatura corporal, obstrução nasal, dores de garganta, cabeça e ouvido. Segundo ela, o surgimento de dificuldade respiratória, alteração de coloração da pele devem servir de alerta para atendimento médico emergencial.

– Estes quadros virais podem se complicar com infecções bacterianas, sendo necessário uso de antibióticos. Neste momento, temos inclusive dificuldade da compra de alguns medicamentos pela sua falta no mercado e toda receita deve ser realizada após avaliação médica e a troca ou substituição dos antibióticos também devem seguir orientação médica. O diagnóstico e o tratamento adequado são fundamentais para o resgate de sua saúde – alertou a pediatra.

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1 comment

Tadeu 24 de maio de 2022, 00:25h - 00:25

Deviam voltar o uso obrigatorio de mascaras nas escolas. Evitaria ate transmissao de gripe, mas o ser humano é burro, em vez de prevenir prefere remediar. .. raça dos infernos…

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