
Foto: Governo do Estado
Estado do Rio – A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta terça-feira (31), dois homens apontados como líderes da mílicia. Taillon de Alcântara Pereira Barbosa e seu pai, Dalmir Barbosa, foram presos na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital. De acordo com a PF, dois policiais militares da ativa foram presos em flagrante fazendo a segurança pessoal da dupla. A informação fez com que o governador Cláudio Castro determinasse ao secretário de Polícia Militar, coronel Luiz
Henrique Marinho Pires, a investigação dos agentes.
Castro afirmou, ainda, que se os crimes dos PMs forem comprovados, eles poderão ser expulsos da corporação. A ideia do chefe do Executivo estadual é fazer do caso um exemplo para outros policiais que porventura pensem em se envolver com o crime organizado.
As investigações ficarão a cargo da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, ligada à Corregedoria da PMERJ. A ambos os policiais – um sargento e um cabo – já foram autuados por participação em organização criminosa e passarão pelo Conselho de Disciplina da Polícia Militar, sem necessidade de se instaurar um inquérito policial. A medida pode agilizar a expulsão dos agentes.
Os policiais presos pela Polícia Federal tinham, na PMERJ, remuneração mensal bruta de R$ 9 mil e de R$ 7,2 mil, respectivamente, sendo acrescidos de um extra de R$ 3,2 mil por Regime Adicional de Serviço (RAS), que prevê pagamento por horas trabalhadas nos períodos de folga.
EXPULSÕES
Um levantamento feito pelo G1 em abril deste ano mostrou que só entre os dias 1º de janeiro e 15 de março de 2023, quarenta PMs do estado do Rio foram expulsos da corporação por crimes como envolvimento com a milícia, extorsão, porte ilegal de armas, homicídios, roubo e receptação.
O Rio dispõe atualmente de cerca de 40 mil PMs. Entre 2018 e 2022, segundo o estudo, 592 foram desligados – o equivalente ao efetivo de um batalhão. Mais da metade das expulsões teriam acontecido no último ano do governo de Francisco Dornelles, em 2018, quando 312 agentes foram demitidos.
Durante o governo Wilson Witzel, entre 2019 e 2021, as expulsões diminuíram: foram 128. A partir de agosto de 2012, com a posse de Cláudio Castro, o número de PMs demitidos aumentou: em 2022, foram 152 oficiais, dentre os quais dois foram acusados de fazer a segurança do ex-PM e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica.
Dentre os crimes que levaram à expulsão de policiais estão concussão (quando um agente público cobra/recebe propina), assassinato e envolvimento com milícia.
ASSASSINATOS
Presos nesta terça-feira (31), os milicianos Taillon de Alcântara Pereira Barbosa e Dalmir Barbosa são suspeitos de chefiar uma das mais conhecidas milícias do estado, a de Rio das Pedras. Taillon, segundo a Polícia Federal, seria o alvo de criminosos que, por engano, balearam quatro médicos na orla da Barra da Tijuca, no Rio, em outubro deste ano.
De acordo com as investigações, a semelhança física de Taillon com Perseu Ribeiro Almeida, uma das vítimas, levou traficantes rivais à milícia dele a balear os homens, que participavam de um congresso na cidade. Três morreram e um sobreviveu.
PF deflagra operação contra milícia em Angra dos Reis, Saquarema e Rio
A Polícia Federal, em ação conjunta com Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), deu continuidade, nesta quarta-feira (1º), à Operação ‘Embryo’, deflagrada no início da tarde de terça-feira (31) para desarticular grupo de milicianos que atuam na comunidade de Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio.
Cerca de 80 policiais federais cumpriram 13 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e
apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada do TJ/RJ, em diversos endereços da capital fluminense e
nos municípios de Saquarema e Angra dos Reis.
No início da operação, dois suspeitos de liderarem a milícia foram presos na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Além deles, três homens que faziam a segurança dos alvos foram presos em flagrante: dois policiais militares da ativa e um militar da reserva do exército.
A investigação teve início em dezembro de 2021, após a prisão em flagrante de um homem responsável pela contabilidade e gerência da milícia no interior da comunidade de Rio das Pedras. Ao todo, 17 integrantes do grupo criminoso já foram denunciados pelo Ministério Público. O trabalho foi desenvolvido pela Polícia Federal em conjunto com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ).
Segundo o MPRJ, os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, lavagem de dinheiro, além de eventuais outros crimes que possam surgir após a deflagração da operação. O nome da operação – ‘Embryo’, em inglês – significa ‘embrião’ e faz referência à primeira milícia estruturada e com atuação em uma comunidade do Rio de Janeiro.