Jair Bolsonaro é o novo presidente do Brasil

by Paulo Moreira

Novo presidente do Brasil assume dia primeiro de janeiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 

O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, está matematicamente eleito presidente da República. A diferença entre as votações dele  e de Fernando Haddad já não pode ser revertida. Com 97,38 das urnas apuradas, Bolsonaro tem 55,42% dos votos válidos, contra 44,58 de Fernando Haddad.  O anúncio da vitória nas eleições presidenciais foi comemorado com muita festa em frente à casa de Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Eleitores gritaram, se abraçaram e pularam muito, no meio de fogos de artifício, ao coro de “mito, mito”, como é chamado pelos seus seguidores o candidato à presidência da República pelo PSL.

Hino Nacional foi entoado pela multidão, que também cantava “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Os dois sentidos da Avenida Lúcio Costa, na beira da praia, foram fechados ao trânsito de veículos, pelo excesso de pessoas, a grande maioria vestida em amarelo, cor que simbolizou a campanha desde o início.

A frente do condomínio foi reforçada com grades de ferro e um efetivo da Polícia Militar, além dos seguranças privados e agentes da Polícia Federal.

“A vitória significa a libertação do PT. Significa esperança de uma vida melhor. O país vai trilhar um caminho melhor, com mais ética”, disse o advogado José Brito, presente à comemoração. “Significa o respeito às regras, o que é certo e o que é errado. Espero do governo maior respeito às regras do jogo. É a iniciativa privada que gera riquezas”, comemorava o também advogado Rodrigo Fonseca.

Outro eleitor de Jair Bolsonaro, a aposentada Sônia Liskier, também festejava à porta do condomínio Vivendas da Barra, onde mora Bolsonaro. “Esperança de tempos melhores, com mais emprego, mais segurança. Eu já tive um revólver apontado para minha cabeça. O governo dele ainda é um ponto de interrogação. Mas tem tudo para resolver os nossos problemas”, disse.

Ao longo da tarde, muitas pessoas foram chegando à casa de Bolsonaro. Entre eles, o economista Paulo Guedes, cotado como ministro, e o ator Alexandre Frota. O filho de Bolsonaro, Eduardo, chegou logo após o final das eleições. O outro filho do candidato, Flavio, já estava na casa desde cedo.

A poucos metros da casa de Bolsonaro, no Hotel Windsor, base de muitos articuladores e apoiadores do candidato nos últimos dias, o clima era de festa, pouco antes da divulgação dos primeiros resultados. Quando foi anunciado a boca de urna para a Presidência, apontado 56% contra 44% para o candidato do PSL, os gritos e aplausos se assemelhavam ao final de uma partida de futebol.

Trajetória do novo presidente

Desde o período pré-eleitoral, sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa, o mestre em saltos da brigada paraquedista do Exército, Jair Messias Bolsonaro, candidato da coligação PSL-PRTB, liderou todas as pesquisas de intenções de voto para a Presidência da República. E venceu o primeiro turno, e conquistou a presidência no segundo turno com mais de 55% dos votos válidos.

Com apoio até de defensores da monarquia, o capitão da reserva, nascido em Campinas (SP) há 63 anos, fez uma campanha popular, que reuniu grandes grupos de simpatizantes nas ruas, mas também foi alvo de muitas críticas e contraofensivas.

Ocupando o espaço de principal rival do PT, Bolsonaro firmou-se como defensor de propostas que se enquadram no arco da extrema-direita e nunca se intimidou com os limites impostos pelo politicamente correto. Sua trajetória parlamentar é marcada pela virulência de seus discursos – que ele considera como livre opinião, protegida pela imunidade parlamentar.

Fez, por exemplo, declarações consideradas ofensivas e discriminatórias contra negros e quilombolas. Em 11 de setembro, o STF julgou Bolsonaro por acusação de racismo – inocentando-o por um placar de 3 a 2 na Primeira Turma. Publicamente, se opôs às ações afirmativas, como a adoção de cotas étnicas para o ensino superior.

Demonstrou também ser contrário às leis de proteção ao público LGBT. Como deputado, combateu sem trégua, em 2011, quando Fernando Haddad (PT) era ministro da Educação, o que chamou de “kit gay” – um material didático contra homofobia que seria distribuído pelo governo para as escolas públicas.

Bolsonaro sempre se insurgiu ainda contra a proteção que os direitos humanos conferem aos que estão sob custódia do Estado. Já disse ser a favor da pena de morte e contra o Estatuto do Desarmamento. Condena a descriminalização das drogas e quer que o cidadão comum possa se armar, em legítima defesa, contra ação de bandidos. Esse foi o seu principal recado aos eleitores na área de segurança.

Durante a campanha, seu discurso foi se tornando mais moderado. Teve inclusive que enviar carta ao STF para prestigiar a Corte depois que seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SL), apareceu em vídeo dizendo que “bastava um cabo e soldado para fechar o STF”. Jair Bolsonaro condenou a violência entre eleitores e conclamou os brasileiros à pacificação.

Mulheres

Com o sucesso de suas propostas e de sua pregação, Bolsonaro virou um fenômeno de massa, mas encontrou resistência, segundo demonstraram as pesquisas de opinião, no eleitorado feminino. Ele afirmou considerar questão de mercado a diferença salarial entre homens e mulheres – posição da qual mais tarde recuou.

O candidato já foi condenado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por apologia ao estupro. Em 2014, da tribuna da Câmara, ele disse à colega deputada Maria do Rosário (PT-RS) que ela não merecia ser estuprada. Ele recorreu e o caso aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Por causa dessa decisão do STJ, ele se elege como o primeiro presidente que é réu na Justiça.

Memória

Um fato rumoroso marca o início da vida pública de Bolsonaro. Em 1987, reportagem publicada pela revista Veja informou que havia um plano denominado “Beco Sem Saída” para explodir bombas em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), quartéis e locais estratégicos do Rio. O objetivo seria protestar contra os baixos salários. O então capitão publicara um artigo em que reivindicava a melhoria dos soldos – o que lhe rendeu, posteriormente, punição disciplinar.

Na ocasião, Bolsonaro foi identificado como fonte da reportagem, que exibia croquis feitos a mão supostamente pelo próprio militar. Ele negou as acusações, recorreu ao Superior Tribunal Militar (STM) e foi absolvido. Em 1988, foi para reserva. Já conhecido e identificado inicialmente como porta-voz de reivindicações militares, iniciou então a carreira política no Rio de Janeiro.

Com a pauta ampliada para segurança e temas “contra a ideologia esquerdista”, foi eleito sete vezes deputado federal, permanecendo quase três décadas no Congresso Nacional, período em que apresentou mais de 170 projetos, mas teve apenas dois aprovados. Foi o mais votado no Rio para a Câmara em 2014, obtendo 464 mil votos.

Corrida presidencial

Na corrida ao Palácio do Planalto, o candidato teve dificuldade para ampliar alianças e negociar um nome para vice-presidente – cargo entregue ao polêmico general Mourão (PRTB), que trouxe consigo o apoio de alas da elite das Forças Armadas. Bolsonaro já negou várias vezes que tenha existido golpe militar e tortura política no Brasil.

Desde o início, ele apresentou o banqueiro Paulo Guedes como o fiador de seu programa econômico. Com o aumento de sua popularidade e a entrada de Guedes na campanha, cresceu também o apoio de setores empresariais e financeiros ao PSL. Fiel ao discurso anticorrupção, diz que vai combatê-la acabando com ministérios e estatais.

Casado três vezes, tem cinco filhos, dos quais três estão na vida política – Carlos é vereador no Rio, Flávio é deputado estadual no Rio e Eduardo é deputado federal por São Paulo. O PSL é o seu nono partido. À Justiça Eleitoral, declarou patrimônio de R$ 2,3 milhões.

Atentado

Com apenas oito segundos de propaganda eleitoral, o candidato e seus filhos, que costumam criticar a imprensa, usaram as redes sociais intensamente e terminaram acusados pelos adversários de liderarem a produção de fake news nessas eleições. Denúncia sobre o uso impulsionado de mensagens em aplicativos, supostamente pago por empresários pró-Bolsonaro, está sendo investigada pela Justiça Eleitoral. Pelas redes, detalharam até o estado de saúde de Bolsonaro quando esteve hospitalizado durante o primeiro turno, alvo de atentado a faca – algo que nunca aconteceu a presidenciáveis em campanha, após a redemocratização no Brasil. Ferido em 6 de setembro quando participava de ato público em Juiz de Fora (MG), Bolsonaro passou 22 dias internado, recuperando-se de uma hemorragia e de duas cirurgias no intestino. Ele foi atacado pelo desempregado Adélio Bispo – que hoje é réu por “atentado pessoal por inconformismo político”. Nos últimos dias de campanha, Bolsonaro, que votou com colete à prova de bala e forte esquema de segurança, voltou a dizer que não acredita que Adélio agiu sozinho.

Por Vladimir Platonow e Carolina Gonçalves – Repórteres da Agência Brasil

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23 comments

Recruta Zero 29 de outubro de 2018, 08:30h - 08:30

Metade do país preocupada com a possibilidade de fascismo, a outra metade não sabe o que é fascismo.

Pombo 29 de outubro de 2018, 06:36h - 06:36

Recruta zero, se você quiser pode ir fazer uma visita íntima para o seu presidiário de estimação. Comunista.

Tancredo 29 de outubro de 2018, 05:33h - 05:33

Opera no hospital de base de Brasília.

Zé Maria 29 de outubro de 2018, 04:20h - 04:20

Parabéns Mito,agora opera esse intestino no HOSPITAL Geral de Bonsucesso , pronta recuperação , felicidades e muita fé.

guto 28 de outubro de 2018, 23:41h - 23:41

O MalHaddad no discurso de derrota, não falou em Deus e nem rezou, isso é muito estranho, pois ele se diz católico!
O MalHaddad no discurso envergonhado, não desejou sorte para o novo governo eleito, isso é muito estranho, pois ele se diz católico e a tradição do candidato derrotado é desejar boa sorte para o eleito, quanto mais um candidato derrotado católico!

O MalHaddad falou que ficará na oposição para defender os direito dos quarenta milhões que votaram nele, isso é muito estranho, pois ele se diz católico, e católico é uma palavra que vem do grego “katholikos”, que quer dizer, para todos ou universal… E no entanto MalHaddad está preocupado apenas com quem votou nele!

O MalHaddad escreveu um livro elogiando o comunismo, isso é muito estranho, pois ele se diz católico, e os Papas da Igreja Católica disseram nos últimos cem anos que quem é católico não pode ser comunista, senão seria excomungado!
Espero que MalHaddad deixe o comunismo e se torne um católico de verdade, e não um ‘fake católico” como é atualmente! Esse MalHaddad é um grande mentiroso!
O que dizer daqueles eleitores que votaram num mentiroso?!
Como diria o jornalista Boris Casoy: “Isso é uma vergonha!”….

Recruta Zero 28 de outubro de 2018, 22:06h - 22:06

Hoje é festa ,logo cairão na real e irão acumular decepções, a primeira delas com certeza será a composição do governo, Bozo disse que teria no máximo 15 ministérios e que seriam ocupados por pessoal técnico, foi promessa de campanha e será a primeira a não ser cumprida, hoje mesmo já acenou que vai conseguir um lugarzinho no governo para o Magno Malta, para quem não sabe ele foi derrotado na eleição para o senado e ficará sem cargo, talvez fique por lá puxando as orações para o presidente eleito, já que o próprio não tem muita intimidade com a bíblia, será uma espécie de Posto Ypiranga para assuntos religiosos.

PT, uma desgraça 29 de outubro de 2018, 07:08h - 07:08

O choro é livre, Lula não!

Sergio 28 de outubro de 2018, 21:05h - 21:05

Parabéns Bolsonaro, não era o candidato ideal,mas qualquer um que consiga dedetizar Brasília dessa corja petista tem meu respeito.Até que enfim Brasil se liberta desses comunistas tupiniquins.

Sabe Tudo 28 de outubro de 2018, 20:51h - 20:51

O onisciente persiste em sua verborragia venérea , você está doente , vá se tratar seu pobre de espírito.

Rurales 29 de outubro de 2018, 03:59h - 03:59

Ele não para né! Credo…. Fala muito, mas expressa nada

cada uma! 28 de outubro de 2018, 20:43h - 20:43

Todo o movimento contra só prova uma coisa, são minorias que não representam a maioria, portanto se contentem com as suas insignificâncias.

Sêneca 28 de outubro de 2018, 22:49h - 22:49

Votei no Bolsonaro. Amigo somos todos brasileiros. É hora de juntar os cacos e trabalharmos juntos. Esse papo de maioria ou minoria é pra dividir. Um país se faz com união, honestidade e respeito.

AB Negativo 28 de outubro de 2018, 20:38h - 20:38

A igreja católica que lutou como sempre com o PT perdeu muito fiéis, inclusive eu.
Pelo menos enquanto esse bispo estiver no comando.

BRASIL 28 de outubro de 2018, 21:17h - 21:17

CHORA PETRALHA E ACEITE QUE DÓI MENOS.TANTO O PAPA QUANTO O BISPO QUEREM MAIS É QUE VC SE F…….ELES ESTÃO RICOS ENQUANTO VC VIVENDO DE BOLSA FAMÍLIA OU AUXÍLIO RECLUSÃO KKKKKKKK AS CUSTAS DO SUOR DO POVO QUE TRABALHA.

Sal 29 de outubro de 2018, 00:49h - 00:49

To contigo nas suas palavras e digo mais
A Itália está passando uma crise econômica que ele talvez não esta sabendo por esta vivendo num país onde que tudo que PLANTA DA mais a ganância não Dá

Oiti 29 de outubro de 2018, 01:06h - 01:06

Um Bispo que se misturou com vereadores e pessoas que não deveria talvez por suas ingenuidades ou experiência de não ter contato com pessoas mais experientes em VOLTA Redonda. Aconteceu nisso exemplo a igreja católica do retiro esta cada vez mais vazias. É triste mais é a verdade

Smilodon Tacinus 29 de outubro de 2018, 07:14h - 07:14

Vc é fiel do bispo ou da Igreja? Mesmo depois de décadas assistindo missas ainda não conseguiu entender o dogma católico?… Isso só demonstra que vc sempre foi um católico de araque, igual a milhões que existem no Brasil… Vá para a igreja de Edir Macedo e doe seu carro e seu apartamento para ter uma vaga no céu, bobalhão!!!

Só o conhecimento liberta, Enéas Carneiro 28 de outubro de 2018, 20:13h - 20:13

Se Enéas fosse vivo levava…

Smilodon Tacinus 29 de outubro de 2018, 07:11h - 07:11

Infelizmente, a maioria do povo brasileiro apenas o enxergaria, igual naquela época, como um sujeito excêntrico e esquisito. Continuaria como um rival de Tiririca ou Cabo Daciolo…

Fora Marx 28 de outubro de 2018, 19:46h - 19:46

Parabéns presidente. Ordem e Progresso.
Acabou a ideologia de Gramsci na cultura, universidades, artes e mídia. Agora é renovar para crescer.

guto 28 de outubro de 2018, 19:41h - 19:41

A esperança venceu o medo!
A esperança em Bolsonaro venceu o medo de que a quadrilha de criminosos voltasse ao poder!
Parabéns ao povo brasileiro!
Agora, espero que os petistas e amantes de petistas peguem suas coisas e mudem para a Venezuela!
O que dizer daqueles petistas e amantes de petistas que vão ficar no Brasil?
Pelo menos que mudem para o Nordeste onde o MalHaddad teve a maioria dos votos!

Aposentado 28 de outubro de 2018, 23:51h - 23:51

Guto seu imbecil…. Espero que vc não suma com seus comentários ignorantes na hora que esse aí que vc chama de Mito começar a fazer merda e prejudicar a grande maioria do povo….Eu estou aposentado e pra mim Graças a Deus tá tudo certo…Com todos os erros o PT não prejudicou o pobre e o trabalhador…. Espero que vc não suma daqui com esse monte de comentários seu cientista político…..

guto 29 de outubro de 2018, 08:44h - 08:44

Aposentado, você deve estar com mal de Alzheimer, pois se esqueceu de todo o mal que essa quadrilha fez no país!

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