
Victor Hugo alerta que vacinas são contraindicadas caso os animais estejam doentes. (Foto: Divulgação)
Sul Fluminense – Neste mês, a medicina veterinária promove o Julho Dourado, campanha que alerta sobre o risco de zoonoses e reforça a importância de colocar a vacinação de cães e gatos em dia. Algumas dessas zoonoses são conhecidas em todo o país, entre elas a raiva – uma doença viral transmitida por meio da saliva de um animal infectado, que em quase todos os casos de humanos, leva à morte caso não haja tratamento. Também mata cães e gatos, se não forem vacinados.
Por esse motivo, a doença é todo ano alvo das autoridades de saúde pública no Brasil, onde foi praticamente erradicada. Nos últimos quatro anos, porém, surgiram casos em cães, bovinos e humanos no estado do Rio de Janeiro.
Mas a antirrábica não é a única que precisa ser aplicada em cães e gatos. É o que destaca o médico veterinário Victor Hugo Pacheco, que em sua clínica veterinária em Volta Redonda costuma orientar os tutores de seus pacientes.
“Quando o responsável procura a clínica para aplicar a vacina antirrábica, sempre conversamos sobre a importância das outras vacinas essenciais, como a V8 múltipla, gripe e giárdia no caso dos cães, e V4 no caso dos gatos”, informa Victor Hugo.
Além de proteger cães e gatos, a vacinação também beneficia indiretamente quem cria e cuida deles. “A vacinação não é somente importante para a prevenção de doenças infecciosas entre os animais domésticos, como também é importante para a saúde humana, pois prevenimos o contágio de zoonoses”.
Dentre as zoonoses, o veterinário destaca além da raiva, o risco da transmissão aos tutores de doenças como a leptospirose, que tem vacina disponível apenas para os cães. Fora outras, apenas transmissíveis entre as espécies, como a cinomose, a parainfluenza e a bordetella entre os cães; e a panleucopenia, a clamidiose e a calicivirose entre os gatos.
“Não vacinando os animais domésticos,estamos expondo eles ao risco de infecção de doenças que muitas vezes são incuráveis ou com a taxa de mortalidade alta, e que conseguimos prevenir com a imunização”, alerta Victor Hugo.
A vacinação de cães e gatos, segundo o veterinário, começa com o protocolo do filhote, onde cães recebem 3 doses da múltipla entre 21 a 30 dias entre cada uma com reforço anualmente e a anti-rábica anualmente; já os gatos filhotes recebem 2 doses da múltipla entre 21 a 30 dias entre cada uma com reforço anualmente e a anti-rábica anualmente. Os cães devem começar o protocolo da múltipla aos 45 dias de vida e os gatos, aos 2 meses de vida.
Obrigatórias
As vacinas essenciais e obrigatórias para cães são a V8 ou V10 (sempre importadas) e a anti-rábica. Para os gatos, a V4 importada e anti-rábica. Além delas, ainda existem outras que são recomendadas do estilo de vida do animal, como as vacinas para a gripe e a giárdia para os cães. Também não há diferenças para a vacinação de animais de diferentes raças e tamanhos.
“Mesmo não existindo diferenças para a vacinação entre tamanhos e raças, é importante se atentar que existem algumas raças mais sensíveis ou com predisposição a se infectar mais facilmente com alguma virose (rotweiller, doberman ou galgo, todas caninas), onde existem estudos do benefício de se realizar 1 dose adicional no protocolo do filhote”, acrescenta.
Efeitos colaterais
Já em relação aos efeitos colaterais das vacinas, Victor Hugo tranquiliza os pais de pet e orienta sobre o que pode ser feito. “Efeitos colaterais podem acontecer em pequenos animais, assim como nos humanos. As principais reações são prostração, febre e dor local, que costumam durar nas próximas 24 horas após a aplicação e podem ser diminuídos com a administração de antitérmicos e analgésicos”, salienta.
O veterinário ainda destaca que as vacinas são contraindicadas caso os animais estejam doentes e apresentando sintomas como vômito, febre, diarréia e com presença de ecto e endoparasitas.
E quando o animal tem suspeita de alguma virose? O veterinário diz quais são os sinais que indicam que o cão ou gato está infectado. “Os sinais iniciais das viroses prevenidas pela vacinação podem ser muito inespecíficos, como por exemplo, vômito, inapetância, secreção ocular, diarréia com ou sem sangue, febre, mioclonias, problemas de pele etc”, diz.
Victor Hugo também recomenda que os tutores estejam com o calendário de vacinação dos seus animais de estimação em dia, se atentando à data que o veterinário carimbou na caderneta.
Casos registrados
Ainda que Volta Redonda e a região Sul Fluminense não tenham registro de casos de raiva nos últimos quatro anos, o estado do Rio de Janeiro confirmou a doença em diferentes espécies nesse mesmo período.
O último caso entre seres humanos foi registrado no ano de 2020, em um adolescente de 15 anos em Angra dos Reis, na Costa Verde, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). Ele morreu em março daquele ano, quase dois meses após contrair a doença.
Já entre os pets, o último caso foi registrado em um cão do município de Maricá, na Região Metropolitana, em dezembro de 2022, também de acordo com o SES-RJ. E em março deste ano, a doença foi confirmada em um bovino do município de São Gonçalo, também na Região Metropolitana.
Este último caso foi detectado pelo Centro Estadual de Pesquisa em Sanidade Animal Geraldo Manhães Carneiro (CEPGM) da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio). Em todos os casos, a infecção ocorreu através dos morcegos, principais transmissores da doença.