Volta Redonda- O Dia da Consciência Negra, embora consagrado na Lei nº 12.519-2011, na verdade é celebrado desde 1978, ocasião em que ativistas do Movimento Negro Unificado, em Salvador definiram o dia da morte de Zumbi, 20 de novembro, como o Dia da Consciência.
A data não é tida como feriado nacional, sendo feriados apenas em 5 Estados, dentre eles, o Rio de Janeiro, e em mais de mil cidades brasileiras.
E para refletir sobre a data o MEP(Movimento Ética na Política) buscou ouvir diferentes pessoas ligadas à área educacional para refletirem sobre a importante data.
De acordo com o historiador José Geraldo da Costa, militante do Movimento Negro, e também coordenador dos coletivos Jango Di Volta e Minervino de Oliveira, todos estão na luta pela superação do racismo, contra as desigualdades raciais e todas as demais situações em que o ser humano é rebaixado.
Segundo José Geraldo, a memória de Zumbi dos Palmares tem que ser preservada, pois simboliza a memória de luta dos quilombolas, dos injustiçados, dos sem-terra e sem teto e das populações em situação de rua. “É fundamental que a gente celebre o dia 20, o mês da consciência negra. A consciência negra é a consciência da liberdade e da necessidade de pensar um mundo mais fraterno e justo, assim unidos eliminarmos todas as formas que rebaixem as pessoas, o planeta e os seres vivos. Celebremos a consciência da liberdade. Viva Zumbi”, ressaltou o historiador.
Para a pedagoga da UFRRJ(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) Nelma Bernardes Vieira, negra e licenciada do MEP, o dia 20 de novembro, é uma data para reflexão sobre a situação do negro e o racismo estrutural no Brasil.
Segundo ela, a sociedade brasileira está organizada para manter o negro numa situação de subalternidade, e em exposição a violência.
“O negro precisa estar presente em todos os lugares, principalmente nos espaços de decisão e poder. Lógico, que esses lugares os negros envolvidos façam luta antirracista. O dia 20 de novembro deve ser aproveitado para dar voz a todos aqueles que lutam por uma sociedade antirracista. Lembro de Marielle Franco quando disse – “Para que uma discussão se amplie é fundamental compreender que estamos em um lugar de tratamento diferente. É preciso reconhecer o racismo”, destacou.
Para a pedagoga, só reconhecendo que o racismo existe é que pode eliminá-lo.
– A violência contra os negros não causa espanto e nem revolta numa boa parcela da sociedade. O espanto só ocorre quando o negro ocupa um lugar considerado como um lugar do branco, principalmente se tais lugares são de poder e decisão. Aliás, deveria ser feriado nacional – concluiu Nelma.
Já o historiador e genealogista, Roberto Guião de Souza Lima, que apesar de não ser entendido no assunto, destacou que fatos históricos ruins ou bons, justos ou injustos são reais e fazem parte da vida da humanidade, e a escravidão foi e continua sendo um deles. “A história, ao desvendar suas causas e consequências, nos dá a oportunidade de tirar proveito para sermos melhores. O dia da consciência negra nos lembra e alerta que, seja qual for o tipo de escravidão e a cor da pele dos escravizados, contra ela e contra o preconceito — que é também uma forma de escravidão — todas as pessoas devem lutar continuamente”, ressaltou o historiador Roberto.
A Produtora Cultural e Animadora Cultural na Rede de Ensino Estadual, Renata Ferreira, que em 2020 foi homenageada pelo MEP como ‘Mulher Destaque’, ressaltou que como mulher negra, mãe solo e criando dois homens, ela acredita que todas as pessoas têm direito à educação e precisam sim celebrar esta data.
” Temos que ter consciência que estão matando os nossos, a cada 23 minutos a gente perde um jovem negro. O 20 de novembro, é um dia de muita reflexão, sobretudo diante do que estamos vivendo, diante do racismo que a gente se depara todos os dias, onde precisamos explicar para os nossos filhos sobre essa crueldade que é racismo. É preciso que as pessoas sejam nossas aliadas. O racismo não é um problema do negro, não fomos nós que o criamos. Acredito que a partir das nossas casas, nossas escolas… a gente vai conseguir uma educação antirracista. Quero saudar todas as mulheres negras, os mais velhos, os meus ancestrais. A luta é árdua, a gente não só existe, mas resiste”, declarou emocionada a produtora Renata.
1 comment
Quem financia o MEP ? Há muito tempo venho perguntando, mas não tenho resposta.
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