MEP homenageia Dom Waldyr Calheiros na data de seu aniversário

by Diário do Vale

Foto de Wallace Feitosa, capa do livro ‘O Bispo de Volta Redonda’, da FGV.

Volta Redonda- O MEP (Movimento Ética na Política) resolveu fazer uma homenagem na data celebrativa do nascimento de D.Waldyr Calheiros de Novaes, dia 29 de julho, na gratidão da ‘presença-presente’ que foi para a região Sul Fluminense e para o Brasil.

Para isso, foram ouvidas diversas pessoas da região, que fazem depoimentos repletos de profundo respeito, admiração e aprendizado. Um deles, inclusive, faz uma inusitada homenagem: um livro a ser lançado brevemente em sua memória.

‘Força e fé’

A conselheira do MEP e presidenta do Centro Acadêmico Dom Waldyr Calheiros (CADOM), Amanda Mattos, ressaltou que é uma honra enquanto presidenta do CADOM, do curso de direito dentro da UFF-Aterrado, que carrega o seu nome poder expressar a importância de Dom Waldyr.“Eu, como filha de Volta Redonda, entendo e respeito o seu legado e a sua importância dentro da cidade e região, principalmente com os movimentos sociais e dos trabalhadores. D Waldyr influenciou. Fez solidificar esses movimentos, algo marcado até hoje. Não é à toa que a gente carrega o seu nome com muita honra. E eu, enquanto presidenta do CADOM, do curso de Direito e volta-redondense, faço esta lembrança e homenagem. Agradeço por poder ressaltar a força de fé que ele foi para a cidade e região”, destacou Amanda Mattos, conselheira do MEP e presidenta do CADOM.

‘Pastor amigo’

De acordo com Elisa Ferreira, ligada à Pastoral Carcerária de Barra Mansa, falar de Dom Waldyr, para quem conviveu com ele, não é difícil. “Na simplicidade, D. Waldyr tinha sempre uma palavra de ânimo, de consolo e esperança. D.Waldyr, sempre intransigente em defesa dos pobres, solidário e muito presente. Tinha lado. Respeitava a Igreja, e tinha um carinho muito grande pelos leigos(as). Incentivava as pequenas comunidades. Que a semente de D.Waldyr, continue sempre a florescer. Por fim, agradeço muito a minha formação na Igreja e na sociedade, durante minha vivência com esse nosso pastor, amigo e companheiro de caminhada”, declarou Elisa Ferreira.

‘Espiritualidade encarnada’

O professor Carlos Henrique Magalhães Costa, membro da Comunidade Eclesial São João Batista, em Volta Redonda, afirmou que teve a alegria de conviver com Dom Waldyr numa igreja solidária, onde havia um comprometimento muito grande com a horizontalidade do Evangelho. “Não apenas a minha relação com Deus, vertical, mas na horizontalidade, entendendo que para chegar a Deus tem que ir até o próximo. Dom Waldyr foi profeta, um marco na história, não só na Igreja da Diocese, mas no Brasil inteiro. Tá fazendo muita falta, em função do momento que estamos vivendo”, destacou o Professor Carlos Henrique.

‘Vivência laical’

“Fazer memória de D. Waldyr é viver um momento emocionante e também homenageá-lo. Em minha adolescência, como estudante de colégio de freira, me fora apresentado pela minha mãe e professores. Na juventude ingressei nas atividades pastorais em Resende, onde moro até hoje. O que encantava em D. Waldyr era o seu testemunho e engajamento nas lutas sociais e políticas, cuidando e ao lado dos mais fracos, os perseguidos políticos, os trabalhadores e os operários sem os seus direitos, e as situações e opressão vivida, e toda Diocese entendia e assumia este projeto. Outra herança que muito me marca é vivência de mulheres e homens que com ele conviveram, beberam da fonte e foram sementes para formação e vivência laical. Salve, salve Dom Waldyr”, declarou Dilma Lemos, ligada ao Conselho Diocesano de leigos.

‘Pai Espiritual’

Segundo o Padre Normando Coyouette, que atua na Diocese desde 1975, Volta Redonda foi a primeira cidade que ele visitou, quando veio do Canadá e fez porque Dom Waldyr estava aqui. “Não o conhecia; só através de outras pessoas. Confesso, estava muito esperançoso e ansioso para estar com ele. Uma coisa que eu não poderia esquecer nunca: Dom Waldyr foi um irmão, uma pessoa acolhedora e sem preconceitos. No nosso primeiro contato, falei da minha intenção de uma experiência com uma igreja mais perto do povo, pois vi que era ele era o bispo do povo, na sua simplicidade, na sua inteligência, também na sua capacidade de acolher o diferente. Lembro-me, no primeiro contato, praticamente não me perguntou nada. Abriu as portas do seu coração generoso e acolheu-me. Dom Waldyr continua a ser a pessoa com quem, dentro de mim, peço ajuda e procuro lembrar que ações que tomaria diante das situações. Para mim, ele é um pai Espiritual”, disse o Padre Normando Coyouette.

‘Igreja em saída’

“Dom Waldyr foi um grande pastor da nossa Diocese que sempre se preocupou com os pobres, com os trabalhadores (as). Lembro muito dele na defesa dos operários da CSN. Não podemos esquecer-nos da luta dele junto como os trabalhadores, não só de Volta Redonda, mas também de toda a região. Interessante, quando a gente fala hoje de uma ‘igreja em saída’, lembro muito do testemunho de Dom Waldyr. Já nos anos 1970, a gente já percebia esta ‘igreja em saída’, inserida na sociedade. Ele fez e provocou muito bem isto. Basta lembrar os documentos de Midelin e Puebla. Dom Waldyr, bom pastor, que deixou um grande legado para nós” ressaltou Cida Santa da Santa Bárbara, Barra do Piraí.

‘O sinaleiro’

Para o arquiteto e professor universitário na UGB, em Volta Redonda, Lincoln Botelho da Costa, a memória de Dom Waldyr está muito viva entre todos que o conheceram.

“Ele foi um presente para essa região. Ele trouxe para cá as grandes transformações do Concílio Vaticano II, a teologia da libertação, formação das comunidades eclesiais de base. Dom Waldyr tinha um profundo e grande amor à justiça e à defesa incondicional dos pobres. Isso é marca de Dom Waldyr. Importantíssima. Marcou nossa geração. Pensar memória de Dom Waldyr é interessante. Eu nasci no dia 8 de dezembro de 1948, dois dias antes das comemorações do dia Internacional dos Direitos Humanos, em 8 dezembro de 1965, data que marca o fim do Concílio II, data que  em 1966, Dom Waldyr é empossado na Diocese, e no mesmo dezembro, em 1968, eu fazia  21 anos,  e estava com um grupo  de teatro, convocados por Dom Waldyr. Em evento público comemoramos, através de auto a Declaração Universal dos DHs, denunciando as agruras, arbitrariedades e violência da ditadura militar. Dom Waldyr marcou a nossa geração. Continua sendo assim um sinal, um sinaleiro para nossa conduta, sobretudo nos tempos de hoje”, elogiou o professor Lincoln Botelho.

‘O livro da memória’, inédito.

Para Luiz Henrique de Castro Silva, conselheiro e ex-coordenador do MEP, falar de Dom Waldyr é falar de uma vida cheia de sentido, cheia de luta pela justiça pelos pobres, de um bispo que soube muito bem encarnar todo espírito do Concílio Vaticano II, de uma igreja mais próxima daqueles mais necessitados, injustiçados pela vida e pela sociedade.

“Nesta esteira, eu e professor Hugo Leonardo Borba tivemos o privilégio de conviver com este homem bastante tempo. A gente, então, teve a ideia de publicar um livro como uma forma de homenageá-lo. Trabalhamos durante alguns anos neste livro. Graças a Deus tá pronto (já impresso, mais 300 páginas). Agora estamos esperando uma ocasião mais propícia para fazer o lançamento de uma forma mais aberta, mais comunitária. Estamos esperando a pandemia arrefecer e prestar esse tributo ao grande bispo, profeta dessa Diocese, baluarte da Igreja católica, Dom Waldyr Calheiros. No Livro – ‘DOM WALDYR: DOM E PROFECIA ENTRE O BÁCULO E AS ESTRELAS, O AÇO E A BOTINA’. Tentamos a partir deste título traçar toda trajetória de Dom  Waldyr, na  relação que ele estabeleceu  na  Diocese (báculo), na resistência  à ditadura, às estrelas(militares), de oposição a questão do aço, que de certa forma fazia exploração dos trabalhadores,  e também a questão da botina, ligada à proximidade que ele teve com os operários  que o tornou conhecido como bispos dos operários, conferido pelos bispos da CNBB”, destacou Luiz Henrique.

Por José Maria da Silva, Zezinho*

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4 comments

Romeu 29 de julho de 2021, 19:46h - 19:46

Pois é! Poucos sabem da historia da participação dele na privatização da csn.

guto 29 de julho de 2021, 12:34h - 12:34

WALDIR foi o Castigo enviado por Deus para Volta Redonda por não ter aceitado um bispo negro!

Juvenal 29 de julho de 2021, 12:11h - 12:11

Muito bem lembrado!!!
Faz falta um Dom Waldir na vida da cidade.

Triste Realidade 29 de julho de 2021, 15:02h - 15:02

Só se for para o partido comunista.

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