Moda Artesanal: mais do que uma tendência

A moda artesanal é um movimento que valoriza a produção manual de roupas e acessórios, com o objetivo de reconectar o trabalho humano à produção

by ana Calderone

Por Brenda Nury
Se caracteriza por utilizar técnicas manuais, como bordado, crochê, tricô, tingimento natural, incorporar elementos culturais e regionais, tornando assim, cada peça uma representação da identidade local.
O Brasil vem se destacando e redescobrindo nos últimos anos técnicas ancestrais das mais várias onde o acabamento impecável, o olhar criativo e a referência popular são protagonistas e elevam a costura ao patamar de obras de arte. Mas nem sempre foi assim.
Associar a moda artesanal a uma construção pobre e voltada apenas ao praiano e menos elegante foi o caminho trilhado durante muito tempo pela moda brasileira. O que tem a ver com o elitismo que permeia a moda, de modo geral.
Mas de onde vem esse olhar já que todo artesanato exige mais tempo, cuidado e acabamentos feitos de modo muito mais cuidadosos e criteriosos do que roupas feitas industrialmente?

O vestuário é mais do que simplesmente roupa, é uma manifestação cultural que reflete identidades e valores de uma época. E ainda durante o império, era restrito a poucos o que se considerava elegante. Aos negros era proibido o uso, nos vestidos, de enfeites de fitas lavradas, ou galões de seda. Não se podia, também, usar rendas, de qualquer matéria, ou qualidade.
Ao mesmo tempo em que era vetado aos escravos o uso de determinados trajes e tecidos, aos brancos, a permissão de certos luxos, compreendia inclusive a posse de escravos bem-vestidos – o que na época também era sinal de distinção e poder.
A partir destas proibições e dificuldades de acesso, toda uma sociedade se construiu com base artesanal pautada em matéria prima, referência e tecnicas que não estivessem ligadas ao que fosse dito como “elegante”, porém feitos pelas mãos de mulheres e homens marginalizados pela sociedade. Ou seja, trazemos em nossa maneira de enxergar socialmente, o belo e elegante separado do que é artesanal no Brasil.
Na década de 90, as rendas, o crochê, os bordados, os fuxicos, entre outras artesanias brasileiras, voltam à pauta da moda, sobretudo nos últimos anos com a ascensão da diversidade em cargos criativos e de decisão em semanas de moda e marcas de luxo.

Técnicas artesanais, até mesmo já esquecidas em algumas regiões do país, vem sendo usadas por designers que se tornaram conhecidos no mercado brasileiro de moda e isso transformou a moda brasileira em uma vitrine para grandes marcas internacionais, inspirando e levando matérias primas regionais para o mundo todo.
Parece que finalmente estamos vendo nossa cultura e nossos artistas como sempre deveriam ter sido vistos.
Valorize o trabalho exclusivo de estilistas que tem no artesanal seu princípio, assim você coloca em seu acervo pessoal uma peça para a vida toda dentro de uma cadeia de produção mais justa e sustentável.
Nas fotos desta matéria você pode ver um ensaio com uma estilista de Barra Mansa da marca Negrita que produz roupas em algodão e linho e uma estamparia manual. Tem também um designer de volta redonda, Marcel Motta, que produz joias únicas e prata.
O artesanato na moda, conta histórias, promove uma cultura que valoriza as pessoas antes das coisas e dá mais sentido ao trabalho humano, sendo único e original. Quer características mais elegantes do que estas pra você ter no seu armário?
Brenda Nury, de Barra Mansa, se formou em São Paulo como figurinista na Farage Inc. E desde então assina filmes e documentários com premiações nacionais e internacionais. Atualmente é pós graduanda em Design de moda, Jornalismo Digital e Cinema. No audiovisual além de figurinista, coordena projetos como Diretora executiva com prioridade para sets majoritariamente femininos, fortalecendo a cadeia produtiva com o olhar e a técnica de mulheres.

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