Novos riscos de queimadas deixam região em alerta

Período de estiagem com elevação de temperaturas oferece perigo ao Sul Fluminense; em workshop, Comitê Guandu discute tema

by Agatha Amorim

A repórter Alice Couto participou do workshop “Incêndios Florestais”. (Foto: Vinicius Ramos)

Sul Fluminense – No mês de agosto, 118 gestores municipais decretaram situação de emergência por incêndios florestais. O número corresponde a um aumento de 354% em relação ao ano de 2023. A situação de alerta é grave e os riscos de incêndio seguem altos em todo país. O tema foi discutido no workshop virtual “Incêndios Florestais”, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica Guandu, conselho que realiza estudos, pesquisas e participa ativamente na construção de projetos e programas de conscientização ambiental. O evento aconteceu na tarde desta quarta-feira (28) e a repórter Alice Couto, representou o jornal DIÁRIO DO VALE no evento on line.
De acordo com levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios, estima-se um prejuízo de R$ 10 milhões em assistência médica emergencial para a saúde pública, que ainda pode crescer com impactos causados pela exposição da população à fumaça. No estado do Rio de Janeiro, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) já atendeu 6.178 ocorrências a mais do que no mesmo período do ano passado.
A Pro Reitora de Pós-graduação e Capacitação Profissional da Univassouras, representante da Universidade no Comitê Guandu, Cristiane Siqueira, afirmou que a realização do workshop e a troca de informações entre os especialistas da área são fundamentais para promover a construção de soluções integradas, como a elaboração de planos de gestão mais eficazes, promovendo a resiliência das bacias hidrográficas.
“Este workshop sobre queimadas e mudanças climáticas, e todas as tratativas sobre este tema são essenciais para enriquecer os comitês de bacias com o conhecimento e as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos de forma colaborativa e eficaz. É importante para aumentar cada vez mais a conscientização sobre os impactos das queimadas na saúde dos ecossistemas aquáticos e terrestres, além de seus efeitos diretos nas comunidades locais”, destacou Cristiane Siqueira.
Efeitos a longo prazo em rios e solo
O impacto do fogo vai além da devastação inicial. No processo de um incêndio florestal, a ação da queimada sobre a vegetação vai afetar tanto o solo quanto os corpos hídricos ao redor deles. O cientista ambiental Marcos Felipe Mota explicou ao DIÁRIO DO VALE os efeitos em longo prazo nos rios e no solo. De acordo com a densidade da chuva, que vai ser alterada depois que o incêndio ocorrer, a qualidade do ar vai ser influenciada, o que impacta diretamente na qualidade da água.
“O nível de impacto que um incêndio florestal pode causar, tanto no solo quanto na água, por conta do tipo de vegetação que está entrando em combustão, pode ser analisado desde uma escala local até uma escala global. Numa escala local, vemos impactos desde os microrganismos, alteração do solo, do pH dele e da quantidade de vegetação, na sua biodiversidade que não poderá se multiplicar após essa etapa de incêndio. Já num contexto de corpos hídricos e bacias hidrográficas, os incêndios florestais causam grandes erosões, alteram fluxo de rios, além de fazem um enorme aporte de microrganismos”, explicou Mota.
O cientista ambiental também afirmou que a qualidade da água pode ser alterada para além da local do fogo.
“Na qualidade da água, abordamos diretamente índices de turbidez, sabor, até a presença de substâncias como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, que são substâncias cancerígenas. Temos impactos mais sutis e impactos de grande risco. O incêndio florestal acaba por deixar deposição de cinzas para criar superfícies que servem como deposição de partículas que são arrastadas pela água direto para os rios e mananciais. O fogo altera também a mineralogia e a geoquímica dos solos, podendo assim transformar todos os ecossistemas que conhecemos em sistemas de uma biodiversidade menor, quantidade de umidade não ideal pros seres que ali habitam o que progressivamente somado às mudanças climáticas, pode acarretar na extinção de diversas espécies”, dissertou.
O Comitê da Bacia Hidrográfica Guandu no Sul Fluminense
Na área da nascente do Rio Guandu, nos municípios de Barra de Piraí e Piraí, o Comitê elaborou o Plano Associativo de Prevenção, Mitigação e Combate às Queimadas. Foram adquiridos e doados aos municípios cerca de 1500 equipamentos de proteção individual (EPIs) para fortalecer o trabalho das brigadas de incêndio. Há 15 anos, o Comitê desenvolve o PAF (Produtores de Água e Floresta), com ações para conservação de florestas e protege-las do fogo, além da campanha “Fiscal de Queimadas”.
O tema continuará em debate no Colegiado nas suas instâncias, em especial no GTIV que é nosso grupo de trabalho de infraestrutura verde e na CTEG que é câmara técnica de estudos gerais.

Comitê Guandu apresentou pesquisas e debateu os impactos do fogo na biodiversidade e na saúde. (Foto: Cristiane Siqueira)

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