Número de portadores do vírus HIV preocupa especialistas

by Paulo Moreira
Alberto Aldet: 'Infelizmente as pessoas não estão se prevenindo com relação às doenças sexualmente transmissíveis’  (Foto: Roze Martins)

Alberto Aldet: ‘Infelizmente as pessoas não estão se prevenindo com relação às doenças sexualmente transmissíveis’
(Foto: Roze Martins)

Volta Redonda e Barra Mansa – A notícia de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou, no mês passado, o primeiro autoteste para triagem do HIV no Brasil, está sendo encarada de forma positiva por profissionais que atuam na prevenção e controle da doença. Atualmente Barra Mansa possui cerca de 700 pessoas em tratamento. Somente este ano, foram registrados sete óbitos em virtude da doença.
Segundo o médico Alberto Aldet, coordenador do programa DST/Aids em Barra Mansa, e atuante há mais de 30 anos na área, dois casos novos da doença são registrados por semana na cidade. Em Volta Redonda, os números são preocupantes. Somente este ano, até o dia 17 de maio, 67 novos casos foram registrados.
A coordenadora do Programa DST/Aids da Secretaria de Saúde de Volta Redonda, Sandra Coutinho da Silva Reis, afirmou que semanalmente são disponibilizados 100 testes de HIV no Centro de Doenças Infectuosas. No entanto, nem todos são preenchidos. Ela afirma que a procura maior é de homens e gestantes.
– Durante todo o ano de 2016 tivemos 168 casos novos. Neste ano, antes mesmo de fechar o primeiro semestre, já temos quase 70 casos – compara a coordenadora, ao acrescentar que o município possui 1.033 pacientes cadastrados para tratamento com medicamentos.
Sandra também chama atenção para a situação alarmante da falta de conscientização entre os jovens sobre o uso do preservativo que, conforme ressalta, pode ser encontrado gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.
De acordo com a coordenadora, o que se percebe é que houve uma banalização com relação à importância do sexo seguro, uma vez que a maioria de pacientes soropositivos são bem informados, entre as quais se incluem universitários, profissionais formados, entre outras que possuem acesso à serviços de saúde.
– Isso se torna um fator muito preocupante. Os jovens que não vivenciaram a epidemia da Aids, nos anos 80 e 90, hoje têm a visão de que se têm tratamentos avançados para a doença e que se pode viver muito bem com ela. Com isso, estão abolindo o uso do preservativo. Prova disso é o avanço também no número de casos de sífilis – concluiu a coordenadora.

Teste em farmácias

A partir dos próximos dias o autoteste passará a ser comercializado em farmácias e drogarias. Segundo especialistas, será um grande aliado para o aumento do diagnóstico precoce da doença. Aldet diz que será um avanço, principalmente, no sentido de diminuir a carga viral dos portadores da doença, uma vez que será descoberta e tratada precocemente.
– É importante ressaltar que esse é um procedimento triagem e precisará de confirmação. A privacidade que o exame oferece aos pacientes fará com que muitas pessoas o façam em casa e, em caso positivo, busquem o tratamento – aposta o médico.
Na opinião de Aldet, embora o município disponha de testes rápidos de HIV em vários pontos, como os 35 postos de Saúde da Família, Santa Casa, UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e o próprio programa, o autoteste vai contribuir para maior controle da doença.
-Infelizmente as pessoas não estão se prevenindo com relação às doenças sexualmente transmissíveis. Elas crescem, a cada dia, em todo o país. O quanto antes o portador do HIV tenha o diagnóstico, vai contribuir com a melhor qualidade de vida. E tão logo inicie o tratamento vai evitar a transmissão do vírus para outras pessoas – comenta Aldet.

Vencendo o medo e a ansiedade

 

Conforme destaca Sandra Coutinho, o autoteste vai contribuir para muitas pessoas, que tiveram uma relação sexual de risco, vençam o medo e a ansiedade e façam o exame. Ela também aposta que o autoteste fará com que a demanda para tratamento aumente, já que muitas pessoas desconhecem ter o vírus.
De acordo com Sandra Regina, o autoteste de farmácia se enquadra na estratégia do Ministério da Saúde que prevê 90% de testagens; 90% de diagnósticos e 90% de confirmação sobre o estado sorológico do paciente. “Isso fará com que 90% das pessoas infectadas também iniciem precocemente o tratamento e que 90% passem a ter a carga viral indetectável. Ou seja: quem inicia cedo o tratamento com medicamentos reduz a carga viral e as chances de transmissão se tornam menores”, explicou a coordenadora.
Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada em 2016, mais de 800 mil pessoas vivem com HIV/Aids no Brasil, no entanto, 112 mil não sabem. “As pessoas vão procurar o autoteste na farmácia, se der positivo ela terá um choque de realidade, poderá ficar na dúvida e, com certeza, irá procurar a atenção básica de saúde”, comentou a coordenadora.

Autoteste tem a aprovação da Anvisa

 
O autoteste aprovado pela Anvisa demonstrou sensibilidade e efetividade de 99,9%. Porém, o produto só é capaz de indicar a presença do HIV 30 dias depois da exposição. Esse período de um mês é o tempo que o organismo precisa para produzir anticorpos em níveis que o autoteste consegue detectar. Se uma nova situação acontecer após esse período, um novo teste precisa ser feito, respeitando o prazo necessário para detecção e as confirmações necessárias.
Se o resultado for negativo, a recomendação é que o teste seja repetido 30 dias depois do primeiro teste e outra vez depois de mais 30 até completar 120 dias após a primeira exposição. Se o resultado for positivo, o paciente deve procurar um serviço de saúde para confirmação do resultado com testes laboratoriais e encaminhamento para o tratamento gratuito adequado, se for necessário.
O preço do autoteste será definido pelo mercado, já que no Brasil não existe regulação de preços para produtos de saúde e a Anvisa, por lei, não pode fixar esse valor. O teste de farmácia não poderá ser utilizado na seleção de doadores de sangue, já que, para isso, existem outros procedimentos.

 

(Por Roze Martins, especial para o Diário do Vale)

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7 comments

الفتح - الوغد 18 de junho de 2017, 18:36h - 18:36

A AIDS saiu da mídia. Com pouca gente conhecida morrendo, as pessoas se esqueceram dela e baixaram a guarda… O Viagra então, esse fez a doença grassar na terceira idade…

Não é mais uma sentença de morte como no passado, mas o risco de morrer de complicações chega a ser maior que no câncer, fora que a qualidade de vida do portador fica muito deteriorada, com inúmeras restrições e desconfortos…

AFS 18 de junho de 2017, 15:34h - 15:34

Se a molecada continuar imaginando que está imune à DST, isto não vai acabar bem.

loide 18 de junho de 2017, 14:49h - 14:49

SÓ FICO PENSANDO QUANTA MULHER INOCENTE DEVE ESTAR COM AIDS POR AI

Romildo-Tricolor 18 de junho de 2017, 04:20h - 04:20

A Aids MATA sem dó nem piedade ….. Estagio final é caixão e vela preta não tem jeito .

Zé da Roça 18 de junho de 2017, 12:29h - 12:29

Ohhh! Sério mesmo? Demorou muitos anos para você chegar a conclusão que estágio final é o, digamos, o estágio final? Que capacidade fenomenal…

??????????? 17 de junho de 2017, 21:26h - 21:26

A culpa é do funk.

José Silva 17 de junho de 2017, 18:47h - 18:47

A libertinagem sexual contribuiu e muito para isso

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