O adeus a Olivia Newton John

Por Diário do Vale

Olivia: A estrela e os golfinhos

Vivemos um tempo de perdas, no campo artístico e intelectual. Na semana passada comentei na minha coluna Espaço Aberto a morte da atriz de Jornada nas Estrelas, Nichelle Nichols. No fim de semana tivemos a morte do apresentador, humorista e dramaturgo Jô Soares. E ontem o mundo artístico recebeu a notícia do falecimento da cantora e atriz anglo-australiana Olivia Newton-John. Que ficou conhecida mundialmente pelo seu papel ao lado de John Travolta no musical “Grease : No tempo da brilhantina” que foi um dos maiores sucessos do cinema na década de 1970.

Olivia nasceu na Inglaterra mas cresceu na Austrália, país que ela considerava sua segunda pátria. Seu avô foi o físico Max Bohr, ganhador do prêmio Nobel e um dos criadores da física quântica. O pai trabalhou no MI5, o serviço secreto inglês celebrizado pelos filmes do James Bond. Segundo Olivia ele atuou no projeto Enigma, que decifrou o código secreto dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Muito cedo a família se mudou da Inglaterra para Melbourne na Austrália onde a menina loira, de olhos azuis, revelou muito cedo o seu talento para a música.

Aos 14 anos ela formou um conjunto musical, o Sol Four, com três colegas de escola. Com uma voz suave e aveludada, perfeita para canções românticas, Olivia foi descoberta pela tv australiana e acabou estrelando o programa “The Happy Show” onde era conhecida como “Lovely Livvy” (A adorável Livvy) aos 15 anos de idade.

Da Austrália a cantora iniciante foi parar na Inglaterra, onde o produtor Don Kirshner a contratou para integrar a banda “Tomorrow”. Era um grande projeto que incluía um longa metragem para o cinema. Mas que fracassou apesar do dinheiro investido. Nessa época, no início da década de 1970, a cantora vinda da Austrália estourou nas paradas de sucesso. Em poucos anos ganhava três prêmios Grammy e gravava vários discos para o selo EMI.

Foi quando ela chamou a atenção do ator John Travolta, que tinha ficado famoso com o longa metragem “Os embalos de sábado a noite” em 1977. Travolta queria produzir uma versão para o cinema do musical “Grease: No tempo da brilhantina” que fazia sucesso na Broadway. “Grease” era uma história sobre adolescentes rebeldes passada nos anos de 1950. Na época do Elvis Presley e do Rock and Roll. E Travolta achava que Olivia seria a parceira ideal para atuar com ele no filme.

A estrelinha pop não pensava assim. Em 1979 Olivia já estava com 29 anos de idade. E se achava velha demais para o papel de adolescente. Travolta tinha 23 e conseguiu convence-la a fazer um teste com a maquilagem e as roupas da personagem Sandy. O público aceitou a ideia de um filme sobre adolescentes com atores na faixa dos vinte anos e Grease se tornou o maior sucesso do cinema americano no final dos anos 70. Superando até a bilheteria do primeiro Superman do Richard Donner.

Como estrela consagrada Newton-John passou a se interessar pela ecologia. Seu LP “Physical”, de 1981, tem uma canção, “Silvery Rain” sobre o envenenamento de pássaros e animais pelos agrotóxicos. E termina com a música The Promise, sobre a morte de golfinhos nas redes dos pescadores. Para promover esta última faixa do álbum Olivia gravou um clipe nadando com golfinhos em uma lagoa. Na época, aqui no Brasil, eu começava minha carreira como escritor de ficção científica. E a performance da Olivia com os golfinhos inspirou minha noveleta “A estrela e o golfinho”, incluída na coletânea “Trilhas do Tempo” da editora Devir.

A artista morre, mas seu trabalho fica para inspirar outras gerações. Como o videoclipe dos golfinhos, que pode ser apreciado no Youtube em  https://www.youtube.com/watch?v=fEtwsTfBzLc

 

Jorge Luiz Calife

 

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