Na semana passada comentei aqui nesta coluna sobre o clássico da ficção científica “1984”, de George Orwell. O autor imaginou a vida num mundo totalitário do futuro onde um ditador misterioso, O Grande Irmão (Big Brother no original), que vigia a vida dos cidadãos através da televisão. Orwell se inspirou no governo de Josef Stalin, o homem que governou a União Soviética com mão de ferro durante mais de 30 anos. E que é tema de várias biografias publicadas no Brasil.
Há alguns anos tivemos o interessante “A vida privada de Stalin”, da escritora Lily Marcou, que mostra o relacionamento do ditador com sua família. Agora temos “Stalin – triunfo e tragédia”, escrito pelo general russo Dmitri Volkogonov, que está disponível numa caixa com dois volumes. O primeiro volume abrange o período histórico que vai da revolução bolchevique, de 1917, até a imposição da ditadura stalinista na União Soviética. O segundo volume vai do momento em que o ditador rompe um pacto de não agressão com a Alemanha nazista até a morte do ditador.
Volkogonov teve acesso total aos arquivos do Partido Comunista da União Soviética para narrar a história do ditador. E sendo general do exército, ele dá destaque ao período heroico da Segunda Guerra Mundial, quando o exército alemão avançou em direção a Moscou e foi derrotado pelo inverno e pela tenacidade do exército soviético. Mas também destaca episódios vergonhosos como o assassinato de Trotsky a mando do ditador e as sua campanha de terror contra os opositores. Que matou milhares de pessoas em pelotões de fuzilamento e nos campos de concentração espalhados pela Sibéria.
“Stalin – Triunfo e tragédia” é um livro antigo, o autor morreu em 1955, ainda nos tempos da União Soviética, mas nesta época Stalin já tinha morrido e não era mais um líder endeusado pelo partido comunista. Seus crimes começavam a ser denunciados por seus sucessores. Como Nikita Krushev, que disse uma vez que “Stalin era a origem de todo o mal”.
Um livro interessante para todos os que se interessam pela história contemporânea.
2 Comentários
Na realidade, as mortes causadas por Stálin se contam na casa dos milhões! Os gulags, campos de trabalho escravo que foram a base da economia soviética por décadas, acabaram com a vida de milhões de pessoas inocentes.
O 1984 tem inspiração em todo tipo de regime totalitarista, seja de direita ou de esquerda e na época tínhamos entre os mais famosos da então história recente do século 20, além do Stalin, o Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália e Franco na Espanha.
No texto informa que um livro diz que o ditador rompeu o pacto com Alemanha. Na verdade foi o totalitarista alemão quem mandou atacar primeiro. E sem aviso antes do primeiro tiro. Mas a URSS sofreu e demorou mais na sua reação devido as muitas execuções anos antes de oficiais soviéticos nos expurgos do Stalin, que deveria ter o codinome de ”Burro Sanguinário”.
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