O retorno da chanchada ao cinema brasileiro

Por Diário do Vale
Terrir: A chanchada chega ao século 21
Inicio: Nem Sansão nem Dalila de 1954

O cinema brasileiro esta começando a ficar mais interessante. Depois de anos de comédias românticas e filmes de crítica social, antigos gêneros começam a ser retomados. Um exemplo é o terror “Exterminadores do além contra a loira do banheiro”, uma paródia cinematográfica como não se fazia desde a década de 1950. Quando esse tipo de filme, que satiriza sucessos de Hollywood, era a grande atração da extinta Atlântida Cinematográfica.
A história dos blogueiros que formam uma equipe para enfrentar o famoso fantasma da loira do banheiro não disfarça suas origens. O filme do diretor Fabrício Bittar não esconde que é uma paródia do “Caça Fantasmas” americano. Com uma esperta adaptação para o cenário atual, da segunda década do século 21. Quem viu os filmes originais, lembra que os caça fantasmas eram professores universitários especializados em fenômenos paranormais. O que lhes dava a autoridade acadêmica para formar um grupo e salvar Nova York de um ataque do além.
Na versão brasileira, os heróis são blogueiros, afinal, hoje em dia basta ter um blog na internet, com mais de mil seguidores e pronto, você virou um “formador de opinião”, com uma legião de basbaques que seguem suas orientações. Não é mais preciso cursar faculdade nem ter diploma, basta ter um blog. É claro que esses blogueiros apenas acham que entendem de tudo, e no caso dos nossos caça-fantasmas os resultados serão desastrosos.
Eles são chamados para salvar uma escola de segundo grau do ataque da loira do banheiro. Uma lenda urbana que foi popularizada por aquelas “pegadinhas” da televisão que estavam em moda há uns dez anos atrás. A loira é uma menina que morreu de causas desconhecidas e cujo fantasma passou a assombrar banheiros escolares, ela atacou uma das alunas da escola e vai dar muito trabalho aos exorcistas amadores.
No fundo é a mesma fórmula que levou multidões aos cinemas na década de 1950. O gênero começou nos anos de 1940, quando ainda não existia televisão no Brasil e o cinema era a grande diversão popular. Havia um cinema em cada bairro das cidades grandes e uns dois no interior. Em 1949, o diretor Watson Macedo pegou um argumento do galã Anselmo Duarte e fez a primeira chanchada brasileira. O filme, “Verão de Fogo” tinha música, carnaval e um casal de heróis em perigo.
A fórmula fez sucesso e foi adotada por outros diretores e empresas, como a Herbert Richards. Em 1951, elas deixaram de ter o carnaval como tema e passaram a parodiar sucessos do cinema norte-americano. Na época Hollywood investia em dois tipos de filmes, os westerns e os épicos bíblicos. “Nem Sansão nem Dalila”, de 1954, ria do épico “Sansão e Dalila” do cineasta americano Cecil B.DeMille. O filme tem elementos de ficção científica já que os personagens usam uma máquina do tempo para viajarem até a Palestina dos tempos bíblicos.
Depois teve “Matar ou correr”, uma sátira ao clássico faroeste americano “Matar ou morrer”, com os cômicos Oscarito e Grande Otelo enfrentando pistoleiros.
Nos anos de 1960 o cinema brasileiro ficou “sério” e passou a imitar o neorrealismo europeu, principalmente os filmes dos grandes diretores italianos. Uma chanchada tardia foi “Bacalhau” uma sátira ao filme “Tubarão” do Steven Spielberg, filmada em 1976. Uma pergunta que fica é, será que este gênero alegre e descompromissado tem chances nos tempos modernos do século 21?
Parece que não, aqui na região “Exterminadores do Além contra a loira do banheiro” está em exibição apenas em Resende, mas não despertou o entusiasmo do público, que lotava os cinemas para ver as antigas chanchadas da Atlântida.

Por: Jorge Calife

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2 Comentários

Anderson 14 de dezembro de 2018, 20:28h - 20:28

Dou os parabéns a todos os envolvidos no filme pela tentativa, ainda que não tenha sido um sucesso comercial. Me parece que o cinema brasileiro é um clube do bolinha em que ideias originais não têm vez. Lei Rouanet talvez? Ainda sonho com o dia em que o Brasil terá uma indústria cinematográfica independente de verbas públicas e patrocínio de empresas, cuja medida do sucesso seja a bilheteria.

Paulo Roberto 13 de dezembro de 2018, 18:49h - 18:49

Não sou do tempo das antigas chanchadas nos cinemas, só vi na TV. Mas cinemas em Volta Redonda tínhamos nas décadas de 70 e 80 o Cine Avenida na Av. Amaral Peixoto, o 17 de Julho na Av. Paulo de Frontin, o Alvorada na Av. Sávio Gama, o Santa Cecília na Rua 33 (acho que durou menos) e o, ainda existente, 9 de Abril, que pelo menos até pouco tempo era considerado o maior cinema entre os que continuam em atividade no Brasil. Não sei dizer quando o Teatro Gacemss passou a exibir filmes comercialmente. Antes já tinham raras exibições tipo cineclube numa sala menor.

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