Os perigos de uma viagem a Marte

by Diário do Vale
Solução: Naves com gravidade por rotação evitariam o problema
Perigo: Gravidade zero afeta a saúde dos astronautas
Problema: Scott Kelly teve a visão afetada
Nuclear: Nave nuclear reduziria o tempo de viagem

Na semana passada a Fundação Marte Um, que pretendia mandar pessoas para Marte em uma viagem só de ida, decretou falência (Detalhes na pág 4). O que é uma ótima notícia até mesmo para os entusiastas das viagens espaciais. Todos esses planos mirabolantes, de enviar pessoas ao espaço sem a tecnologia necessária são tragédias esperando para acontecer. Novos estudos, feitos com os astronautas que passaram seis meses na Estação Espacial Internacional revelaram novos perigos de uma viagem ao planeta vermelho. Os turistas marcianos poderão contrair câncer e ficar com a visão permanentemente danificada.

A pesquisa sobre o câncer foi feita pela universidade do Arizona. Richard Simpson e sua equipe analisaram amostras de sangue de oito astronautas que passaram períodos de seis meses na Estação Espacial Internacional. Eles encontraram um decréscimo significativo nas células NK (Matadoras Naturais) do sangue. Essas células são um tipo de glóbulos brancos que destroem as células cancerígenas impedindo a formação de tumores.

“O risco de contrair câncer é uma grande ameaça para astronautas em missões no espaço profundo devido a exposição à radiação cósmica.” Na estação espacial, que fica a 400 quilômetros de altura, eles contam com a proteção natural do campo magnético da Terra. Que serve como blindagem contra a radiação que vem do Sol e das estrelas. Mas em uma viagem ao planeta Marte não existiria essa proteção.

As células NK também são importantes na eliminação de células infectadas por vírus. A estação espacial é um ambiente muito estéril e os astronautas não correm risco de contrair infecções enquanto estão lá em cima. E problema é quando eles voltam para a Terra, com o sistema imunológico debilitado e ficam sujeitos a contraírem doenças como mononucleose, aftas e herpes zoster.

Ainda não se sabe exatamente o que causa o problema, mas a equipe do doutor Simpson acha que o estresse pode ser um fator relevante. Já que a queda nas células NK foi mais acentuada nos astronautas novatos do que nos veteranos, que já estão acostumados com as viagens espaciais. Outro problema verificado depois de longas missões no espaço é a perda da acuidade visual. Exames feitos desde 1989, em astronautas que retornam do espaço, mostram uma perda da acuidade visual em 29% dos tripulantes dos ônibus espaciais (que passavam duas semanas no espaço) e em 60% dos tripulantes da Estação Espacial Internacional (que ficam seis meses no espaço).

Segundo o cientista Mark Shellhamer, diretor do Programa de Pesquisa Humana da NASA o problema pode ser uma consequência do aumento da pressão dentro do crânio, provocada pelo fluxo do líquido cérebro-espinhal, que se acumula na cabeça na ausência de gravidade. Isso afetaria o nervo ótico causando o problema que pode ser permanente. Com os foguetes atuais, a propulsão química, como o Starship do empresário Elon Musk, uma viagem a Marte levaria um ano potencializando os dois problemas no corpo dos tripulantes da nave.

A solução, dizem os especialistas, é criar naves com sistema de gravidade artificial e que pode ser conseguido facilmente fazendo a nave girar, de modo que a força centrífuga resultante crie uma sensação de peso igual a da Terra. Os engenheiros espaciais não gostam dessa solução, porque exige naves com estruturas mais pesadas e complexas do que os foguetes simples de hoje em dia. Mas agora terão que rever os antigos projetos de naves com gravidade por rotação.

Os dois estudos são um alerta para os entusiastas ingênuos, que estão prontos a pagar caro por uma viagem espacial. Em naves sem gravidade artificial e sem proteção contra radiação.

Por: Jorge Luiz Calife – [email protected]

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