Prefeito de Rio Claro é assassinado em sítio na RJ-155

Rio Claro – Um dos suspeitos de ter assassinado o prefeito Raul Fonseca Machado (PSD), de 59 anos, está internado no Hospital São João Batista, em Volta Redonda. Ele deu entrada no hospital na noite de domingo com um tiro nas costas. O suspeito foi operado e passa bem, e está sob escolta policial.

O jovem, de 20 anos, seria morador de Três Poços, em Volta Redonda. Outros três suspeitos estão sendo procurados e também seriam de Volta Redonda.

Raul foi morto na noite de domingo (20) e enterrado nesta tarde de segunda-feira (21) em seu sítio “Santo Antônio”, localizado no bairro Graminha, às margens da Rodovia Saturnino Braga (RJ-155), que liga Barra Mansa a Angra dos Reis.  O velório foi realizado na Câmara Municipal.

O prefeito e sua esposa foram rendidos por quatro homens armados e encapuzados. De acordo com a polícia, ele teria reagido quando ocorreu a invasão e foi atingido por disparos no peito. Estela Reis Machado, mulher do prefeito, foi amarrada e trancada no banheiro. Ela conseguiu se soltar e quebrou uma janela para sair do local, ela acabou se ferindo em um dos pés e foi atendida no hospital local.

A esposa do prefeito ainda não prestou depoimento à polícia devido ao seu estado emocional.

Os bandidos fugiram em dois carros do prefeito: uma picape Strada e um Pajero. A picape foi localizada queimada no km 241, da via Dutra, em Piraí. Os investigadores encontraram logo depois o outro veículo em uma estrada de terra nas proximidades.

O prefeito deixa, além da mulher, dois filhos. Ele era médico e foi prefeito da cidade pela primeira vez em 1988, retornando ao cargo ao vencer as eleições de 2008, sendo reeleito em 2012, no qual cumpria seu terceiro mandato.

Prefeitura decreta luto oficial

Através da assessoria de imprensa, a prefeitura de Rio Claro decretou luto oficial de três dias devido à morte do prefeito. Quem assumirá o comando da prefeitura é o vice, Sebastião Inácio Rodrigues (PSD), mais conhecido como Tico Tico, de 61 anos, que será empossado às 9h de terça-feira (22), na sede da prefeitura.

Governador lamenta o falecimento

Em nota, o governador lamentou a morte do prefeito:
– Lamento profundamente a morte trágica e brutal do prefeito Raul Fonseca Machado. As nossas polícias já estão investigando o caso. Não podemos deixar de acreditar na Justiça. Rogo a Deus que sua família seja consolada – diz a nota.

As investigações

O assassinato de Raul Machado passou a ser investigado também pela Delegacia de Homicídios do Rio, que está com as imagens do circuito interno da câmera de segurança do sítio. Também participam das investigações policiais 168º DP (Rio Claro), e delegacias de Angra dos Reis e Volta Redonda. O crime também está sendo apurado por agentes do Serviço de Inteligência (P-2), do 33º Batalhão da PM (Angra dos Reis) e 28º Batalhão da PM, e do 5ª Comandando de Policiamento de Área (CPA).
A polícia foi informada de que o prefeito teria trocado tiros com os bandidos e baleado um deles. Por isso, a bala que foi retirada das costas do jovem será objeto de confronto balístico para saber se saiu da arma do prefeito.
Outros três estariam foragidos. Eles seriam moradores de Volta Redonda e são suspeitos de fazerem parte de um grupo especializado em assaltar sítios e fazendas na região.
Está sendo aguardado na 168º DP (Rio Claro), o depoimento da viúva, Estela Reis Machado. Ela era a única pessoa que estavam junto com Raul quando o sítio foi invadido pelos quatro assaltantes, mas está em estado de choque.

 O assassinato

Segundo testemunhas, Raul saiu da residência porque o cachorro não parava de latir.  Ele pensou que algum boi tivesse entrado na área onde fica a residência principal do sítio. Ao perceber a presença de estranhos, mandou que mulher dele se escondesse atrás de um armário.
A viúva foi trancada no banheiro localizado do lado de fora do imóvel do casal. Ela quebrou o vidro da janela para fugir após a fuga dos criminosos. Estela dirigiu o carro dela até a casa da filha no Centro de Rio Claro, onde o genro telefonou para a polícia.
O delegado titular da 165ª DP (Mangaratiba), Renato Mariano, que também acumula a Delegacia de Rio Claro, cobrindo férias do titular Aglausio Batista Júnior, disse que nesta fase das investigações preliminares, ele não descarta qualquer hipótese para justificar a motivação do crime, inclusive a de que a morte do prefeito possa ter cunho político.
— O fato dos assassinos terem roubado dois carros do prefeito – uma Pajero, e outra Fiat Strada, que foram queimados às margens da Via Dutra, em Piraí, pode representar que os bandidos cometeram um latrocínio (roubo seguido de morte) ou levaram os veículos apenas para dar essa conotação de que entraram no sítio apenas para praticar um assalto. Tudo tem que ser apurado — disse Mariano.
Além da viúva, Raul Machado deixou um casal de filhos.

 Políticos da região participam de velório

O velório e o enterro do corpo do prefeito de Rio Claro, Raul Machado (PSD) reuniram uma grande quantidade de políticos da região. O vice-prefeito Sebastião Inácio Rodrigues, o Tico (PSD), que assume o cargo nesta terça (22), estava muito emocionado e pediu para não fazer declarações: “Amanhã (terça) falo com vocês da Imprensa”, disse.
O deputado federal Luiz Sérgio (PT) afirmou que veio trazer sua solidariedade à família do prefeito:
— Lamento a forma estúpida como perdi um amigo, um político respeitado. Vim trazer minha solidariedade à família, e estou confiante que o caso seja apurado e os criminosos sejam levados à Justiça e punidos. Com tudo isso, nossa região (Sul Fluminense) vem sofrendo uma elevação de índices de violência. E isso, só mostra que estamos frágeis nessa onda de crimes bárbaros. E, quando a vítima é um prefeito, nos sentimos ainda mais temerosos – disse o deputado.
A prefeita de Angra dos Reis, Conceição Rabha (PT), disse que o Estado do Rio de Janeiro não perde apenas um prefeito, mas um excelente médico. Ela lembrou que Raul Machado foi diretor da Santa Casa de Angra dos Reis, de 2000 a 2008.
– Ele vai fazer falta não apenas como prefeito, mas como profissional da saúde – disse Rabha.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, lamentou a morte do prefeito de Rio Claro. Ele afirma que a polícia investiga o caso.
“Lamento profundamente a morte trágica e brutal do prefeito Raul Fonseca Machado. As nossas polícias já estão investigando o caso. Não podemos deixar de acreditar na Justiça. Rogo a Deus que sua família seja consolada”, diz a nota.
O deputado estadual licenciado e secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca, que foi um dos que carregaram o caixão da Câmara Municipal até o cemitério, afirmou que Raul Machado foi um grande amigo:
— Meu pai sempre disse que uma das coisas boas da política é que ela lhe traz grandes amigos. Apesar de nossa diferença de idade, Raul Machado era um deles: ele me adotou na política e me ensinou muito. Era um exemplo de seriedade e fidelidade na política — declarou.

O prefeito de Piraí, Luiz Antônio (PSB), também lamentou a morte de Raul: “É uma perda lamentável. Um grande médico, grande amigo, excelente prefeito e uma pessoa de bom coração”.
O prefeito de Quatis, Bruno de Souza (PMDB), lamentou a violência que vem assolando o país: “Lamento muito a violência que está atingindo o país. É uma perda lastimável. O município vai perder bastante. Raul Machado vinha fazendo um bom trabalho e pode-se notar que ele era muito querido”, disse, mostrando a multidão que acompanhou o enterro e acrescentando: “peço a Deus que conforte a família e traga paz para o país”.
José Arimathéa (PT), o prefeito de Pinheiral, se disse perplexo com o assassinato: “Além da perplexidade de acompanhar uma situação dessas, fica a preocupação com o risco de a violência migrar da região metropolitana para o interior do estado. Tem havido muitos registros de assalto na zona rural. Mais do que ser um prefeito, temos que lamentar mais uma vida que se perde”, disse.
Os ex-prefeitos de Barra Mansa Roosevelt Brasil e Zé Renato também foram ao velório e ao enterro: “Senti muito. O Raul era um cara legal e extrovertido. O povo de Rio Claro gostava muito dele. Estou chocado, e lamento que ele tenha partido de uma forma tão trágica”, afirmou Roosevelt.
— Tive a satisfação de ser prefeito junto com ele em seu primeiro mandato. Entre muitas ações conjuntas de que participamos, estava a criação do Conselho Intermunicipal de Segurança. Ele era um grande companheiro e participava de tudo que fosse bom para a região. Além disso, tínhamos uma grande relação de amizade. Fiquei chocado quando recebi a notícia — disse.

‘Parceiro’

Jorge Serfiotis, ex-prefeito de Porto Real, estava no velório e no enterro com o filho, o deputado federal Alexandre Serfiotis (PSD), e disse que perdeu um grande parceiro político: “Era um grande amigo, sério, digno, um político de respeito. Essa situação me deixa entristecido”, declarou.
O prefeito de Barra Mansa, Jonas Marins (PCdoB, disse que o prefeito Raul Machado era daqueles prefeitos amigos e que fazia parte do Consórcio Intermunicipal de Segurança, que Jonas preside atualmente. Segundo Marins, Machado estava feliz com o nascimento do neto e atualmente estava cuidando da forma física. Marins disse não acreditar que o crime tenha alguma conotação política.
O médico Mário Sérgio Fróes Andrade, que foi secretário de Saúde de Barra Mansa, nos governos de Roosevelt Brasil e Zé Renato, se lembrou de quando ele e Raul Machado estudaram medicina, na cidade de Vassouras, e moraram na mesma república. Ele disse que o colega era uma ótima pessoa, muito inteligente e brincalhão.