Privatização da Eletrobras deve reduzir tarifas para os consumidores

Por Diário do Vale

Rio de Janeiro – O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse ontem (12), no Rio de Janeiro, que o valor de capitalização da Eletrobras, dentro do processo de privatização, “vai ser um número justo”, com repercussão positiva para os consumidores em termos de redução tarifária.

Ferreira Júnior salientou que o princípio é que não haja ganho nem perda, porque é o mercado de capitais que vai comprar. Segundo ele, todo o procedimento tem que ser muito transparente para a sociedade brasileira.

“O que você vem verificando nos últimos leilões é queda das tarifas. Independente da Eletrobras, há uma tendência muito clara de menores tarifas em energias renováveis”, disse. Para ele os processos têm que ser “mais positivos, isto é, mais baratos, para o consumidor”. E completou: “Não tenho dúvida que vai ter serviço melhor, com mais qualidade e menor preço”.

A estimativa é que a aprovação do Projeto de Lei 5.877/2019, que trata da privatização da Eletrobras, encaminhado pelo governo ao Congresso no último dia 5, ocorra no primeiro semestre de 2020, com a desestatização no segundo semestre, dando origem à criação de uma nova estatal privada, para gerir a Eletronuclear e a Usina de Itaipu Binacional, mais um conjunto de programas integrado pelo Luz para Todos, Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).

O projeto de lei estabelece que um terço do valor adicionado vai ser feito para capitalizar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Essa é a primeira vez que isso ocorrerá. Os dois terços restantes se referem à outorga e irão para o governo.

Saúde financeira

O presidente da Eletrobras esclareceu que a opção pela criação de uma nova companhia se deve ao fato de que o principal indicador da saúde financeira de uma empresa é o índice de alavancagem anual de geração de caixa. Isso significa que para uma empresa ser considerada saudável e possa se financiar junto a instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ela não pode dever mais de três vezes a geração de caixa. “Acima de três, está muito endividada. O BNDES não financia acima disso e a Eletrobras, há três anos, estava com quase nove vezes a geração de caixa”.

Com a reestruturação a estatal. no terceiro trimestre deste ano o índice de alavancagem da Eletrobras chegou a 2,5 vezes a geração de caixa, o que a torna financiável. “Se está abaixo de três vezes, é financiável”, assegurou. Entretanto, para manter sua participação de 30,2% da capacidade instalada do mercado de geração de energia e de 47% do mercado de transmissão, a Eletrobras deveria investir entre R$ 12 bilhões e R$ 14 bilhões por ano.

Em 2019, ela investiu R$ 1,75 bilhão, para uma meta de R$ 4 bilhões. “Ela não consegue investir R$ 14 bilhões. Ela precisa ser capitalizada. Essa é a principal razão da capitalização”. A expectativa é que até o final do ano, a estatal invista mais R$ 750 milhões, o que totalizaria R$ 2,5 bilhões investidos no ano. Para 2020, a projeção é que os investimentos fiquem entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões.

Wilson Ferreira Júnior informou que existe um conjunto de propostas que vão ser apresentadas ao Conselho de Administração da Eletrobras para definir qual é o plano de alavancagem da companhia. O plano em vigor prevê investimentos em cinco anos de R$ 19 bilhões em geração e transmissão, o que dá uma média de R$ 3,6 bilhões por ano.

Descotização

A desestatização permitirá que a Eletrobras saia do regime de cotas e passe para produção independente, com maior liberdade de buscar mercado livre, em condições melhores de vender energia, pagando pelo risco hidrológico. “Essa saída do regime de cotas é boa para os consumidores”, avaliou. Lembrou que nos últimos cinco anos, a inflação atingiu 32% e as tarifas de energia subiram mais de 100%. “Mais da metade dessa variação se deve exclusivamente ao repasse dos riscos hidrológicos das cotas para os consumidores”. O processo de descotização tem previsão de acontecer no prazo de até dez anos, “para que tenha menos impacto ao consumidor”.

Ferreira Júnior afiançou que o passivo da estatal será transferido para a Eletrobras privada. Citou que das 54 maiores empresas de energia do mundo, 70% são corporações com reduzida ou nenhuma participação do governo. “A Eletrobras pode ser uma super corporação do mundo”, afirmou.

Das sete etapas previstas até efetuar a privatização da Eletrobras, excetuando a aprovação do projeto de lei no Congresso, as demais fases podem ocorrer em paralelo e de forma simultânea. São elas: a definição do modelo de privatização, pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI); a revisão da garantia física, pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE); o cálculo do valor de outorga/benefício econômico, pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE); a aprovação das condições de descotização das usinas prorrogadas e ao aumento de capital com diluição da União, ambas pela Eletrobras. As usinas geradoras de energia elétrica que tiveram suas concessões prorrogadas pela Lei 12.783/2013 têm regime de cotas de garantia de energia física e de potência.

Influências no lucro

Wilson Ferreira Júnior destacou que a privatização das últimas distribuidoras da estatal que davam prejuízo foi um dos fatores que contribuíram para que a empresa registrasse lucro no terceiro trimestre deste ano de R$ 716 milhões. Isso melhorou o resultado. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa sofreu prejuízo de R$ 2,2 bilhões. Outro fator positivo foi a criação da Amazonas GT para fornecimento de gás para a Região Norte do país, já que a Eletrobras é geradora de energia naqueles estados. A pendência existente nesse campo entre a Eletrobras e a Petrobras impedia ter um preço fixo para o gás e a Eletrobras de vender adequadamente essa energia. A operação deu lucro à Eletrobras este ano. “Nós não tínhamos isso no ano passado e tivemos este ano”. O terceiro elemento que determinou o lucro foi a redução dos custos operacionais com pessoal e serviços de terceiros, entre outros.

O presidente da Eletrobras lembrou que a companhia tinha, há três anos, um quadro de pessoal com 26 mil pessoas. Hoje, esse número caiu para 13,7 mil. “E estamos caminhando para 12,088 mil até maio de 2020”. Esse número foi equacionado com os sindicatos, explicou. Com o mais recente Programa de Demissão Consensual (PDC), o total de funcionários deverá atingir 12,5 mil em janeiro do próximo ano. Não há outro plano de demissão voluntária previsto, destacou Ferreira Júnior.

No PDC atual, cujo período de adesão termina no próximo dia 14, 454 empregados já aderiram até anteontem (11) e mais 547 estão em processo de adesão. A meta é desligar 1.681 colaboradores de todas as empresas do sistema: CGTEE, Chesf, Eletronuclear, Eletronorte, Amazonas GT, Eletrosul e Furnas, além da própria ‘holding’. De acordo com a companhia, o plano representará economia de R$ 510 milhões ao ano. Ainda com referência à força de trabalho, é esperada a rescisão de 1.041 terceirizados de Furnas, o que resultará em economia de R$ 280 milhões.

Wilson Ferreira Júnior anunciou que no próximo dia 14, a 175ª Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da companhia vai deliberar aumento de capital, com subscrição prevista no período de 18 de novembro a 17 de dezembro deste ano. O montante projetado vai do mínimo de R$ 4,054 bilhões até o máximo de R$ 9,987 bilhões.

*Informações da Agência Brasil

VOCÊ PODE GOSTAR

18 Comentários

Emir Cicutiano 14 de novembro de 2019, 08:54h - 08:54

Papo furado! Ele disse que “acha” que vai ter melhora, mas não diz por que. A privatização torna as empresas mais enxutas (salários menores que no setor público, menos inchadas de “cabides”) e competitivas (gestão mais profissional), mas também faz com que busquem o máximo lucro. Ficam sim mais ágeis, prestam um serviço melhor, mas NÃO MAIS BARATO!!!… A Caixa, por exemplo, é um banco público, mas cobra tarifas mais baixas que os privados em alguns casos, ou no máximo ficam no mesmo patamar. O lucro, ainda que eventualmente menor, serve como fundo para subsídios dentro da própria instituição ou para fomentar e financiar programas sociais e imobiliários do governo, enquanto nas instituições privadas isso vai para o bolso dos acionistas…

Quando alguém disser que privatização reduz tarifas, considere essa pessoa como velhaca e mentirosa…

Meu nome é Zé Pequeno! 14 de novembro de 2019, 06:10h - 06:10

Tás brincando! Você acredita ainda em Papai Noel? Deve ser a mesma redução que teve com as concessionárias de rodovias, da aviação, com a reforma das leis trabalhistas, da Previdência Social, etc.

Catilina 13 de novembro de 2019, 20:59h - 20:59

Vai reduzir, sim… rs.
Bolsomínion acredita em cada coisa…

Queiróz 2022 13 de novembro de 2019, 19:19h - 19:19

Piada para enganar eleitores idiotas que acreditaram e acreditam em fake news, gado fácil de enganar,que votaram num “mito” e elegeram um boçal, um entreguista fácil de manipular.

VAI VENDO 13 de novembro de 2019, 21:49h - 21:49

E os bilhões de Reais que o CONDENADO A 12 ANOS E 1 MÊS DE PRISÃO enviou para vários países de esquerdistas, comunistas e ditadores?

E a unidade da Petrobrás usurpada pelo ÍNDIO QUE FRAUDOU A ELEIÇÃO na Bolívia que o mesmo CONDENADO A 12 ANOS E 1 MÊS DE PRISÃO não falou nada?

Tata 13 de novembro de 2019, 19:18h - 19:18

O bozo já vai com a Aneel cobrar tarifa para quem usa o sol que é de graça para gerar energia. Vai desestimular a instalação de placas solares e a utilização da energia limpa. Nada é pensado no consumidor e sim em benefícios para as concessionárias

Olho Vivo 13 de novembro de 2019, 16:41h - 16:41

É SÓ VER O QUE ACONTECEU COM A CSN, VALE, LIGHT ETC., E FAZER COMPARAÇÃO. O QUE ERA E O QUE É. SIMPLES ASSIM.

Olho Vivo 13 de novembro de 2019, 16:36h - 16:36

ESSE É O VERDADEIRO LADRÃO, ROUBA NOSSO PATRIMÔNIO, VENDE SEM CONSENTIMENTO, DEPOIS USA O DINHEIRO PARA DEMONSTRAR PROGRESSO E SE PERPETUAR NO PODER. DEPOIS DA VENDA DAS ESTATAIS FICAREMOS LAMBENDO IMBIRA. O FUTURO GOVERNO PASSARÁ APERTO, COM TUDO NAS MÃOS DOS MERCENÁRIOS.

Thiago Coelho 13 de novembro de 2019, 14:00h - 14:00

Com a privatização da Eletrobras as tarifas serão reduzidas??!! Piada né!! A mesma piada que com a reforma trabalhista milhões de empregos seriam criados, a mesma piada que a reforma da previdência traria vantagens para a população, a mesma piada que contingenciamento em universidades públicas não significa corte brutal de verbas!! A mesma piada que retirar a obrigação do uso da cadeirinha de criança no banco traseiro é bom para saúde dos pequenos, a mesma piada da liberação de mais de 350 agrotóxicos será benéfico para os brasileiros!! DEIXEMOS DE SER ANALFABETOS POLÍTICOS!

VAI VENDO 13 de novembro de 2019, 13:21h - 13:21

Privatização no Brasil nunca deu e nunca dará certo. Podem até abaixar os preços agora, mas em poucos meses depois elevarão o quanto puderam, enquanto os pobres puderem pagar.

Se alguém me apontar apenas uma empresa que deu certo, posso até ter ALGUMA esperança positiva.

GENINHA 13 de novembro de 2019, 12:43h - 12:43

KKKKKKKKKKKKKKK, SÓ RINDO MESMO……………………

Márcio Soares 13 de novembro de 2019, 12:20h - 12:20

Não acredito…

Olho Vivo 13 de novembro de 2019, 16:29h - 16:29

GOVERNO BURRO.

Marcelo Bretas 13 de novembro de 2019, 11:46h - 11:46

A privatização do sistema elétrico faz parte do pacote do golpe 2016. Uma vergonha e essa linha editorial desse jornal em apoiar o suicídio neoliberal num pais desigual ao nosso chega ser constrangedora. Falar que o consumidor será beneficiado chega a ser chocante. Destruíram a light e seu corpo técnico e os serviços prestados hoje são casos de polícia.Temos a geração de energia mais barata e limpa do mundo e vamos entregar para investidores que só possuem o interesse no lucro, e veja essa é a função deles. Nenhum país do mundo consegue alavancar sua industria se o insumo de energia ter um peso significativo no seu custo de produção. Mas esse governo tem o objetivo de voltarmos a ser colônia e não me surpreende mais nada.

VAI VENDO 13 de novembro de 2019, 13:28h - 13:28

Para os esquerdistas que perdem uma eleição legítima sempre será golpe. Até na Bolívia que teve a eleição FRAUDADA, e por isso o povo foi para as ruas por 9 dias, o índio comunista expulso do país alegou golpe.

Marcelo Bretas 13 de novembro de 2019, 23:44h - 23:44

Vai vendo, faça a cronologia correta e depois questione. O golpe que falo foi o legislativo que foi dado na Dilma com um fato inexistente. A eleição do despreparado vai vontade popular, mas com interferência direta do Marreco de Maringá na prisão do ex presidente com ajuda do STF que agora é atacado. Na Bolívia, Evo praticou vários golpes na constituição e aceitou uma nova eleição. Não existe renúncia, foi como sempre foi a pressão da junta militar para que ele saísse. A partir daí é uma comédia pastelão típico da história da Bolívia. Mas você opinou sobre uma coisa totalmente diferente do assunto principal, está parecendo essa aberração que nos governa.

VAI VENDO 15 de novembro de 2019, 00:14h - 00:14

Eu respondi sobre o golpe de 2016. Concordo contigo no que falou depois.

verdade 13 de novembro de 2019, 11:17h - 11:17

Embora em um primeiro momento a tarifa e reduza, no longo prazo ela irá ter sucessivos aumentos, pois a energia está ficando cara, não só no Brasil como no mundo, e estes sucessivos aumentos fará a energia elétrica tomar grande parte do salário das pessoas. Aqui no Brasil todo empresário só quer ganhar e pagar pouco a seus colaboradores, então será uma nação em que sobrará nada para atividades ou aquisições que os trabalhadores desejam e com isso a população mais pobre só poderá viver com o básico e com os péssimos serviços que o governo entrega ao cidadão, no futuro com uma inflação e uma correção na alíquota de IR sendo menor que a inflação, quem ganha um salário mínimo vai estar pagando imposto de renda, é só fazer os cálculos para quando isso acontecer, prevejo insatisfação sendo crescente nas massas e levará o país a algo muito ruim, só esperar que a bomba está sendo armada por nossos governantes, aliás de qualquer espécie e orientação política.

Comments are closed.

diário do vale

Rua Simão da Cunha Gago, n° 145
Edifício Maximum – Salas 713 e 714
Aterrado – Volta Redonda – RJ

 (24) 3212-1812 – Atendimento

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99234-8846 – Comercial

(24) 99234-8846 – Assinaturas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

colunas

© 2024 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996