Barra do Piraí – Janaína, Andréia e Martha perderam juntas 32 quilos. E ganharam algo muito mais importante: qualidade de vida e saúde. As três mulheres fazem parte das 59 acolhidas atendidas pelo Projeto Diabéticas, Hipertensas, Obesas Ativas – DHOA, do Centro de Atendimento Integrado Oswaldo Aranha, abrigo mantido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, em Barra do Pirai. O trabalho desenvolvido pela equipe técnica multidisciplinar do local deu tão certo que foi um dos selecionados para participar da II Mostra de Experiências Exitosas de Alimentação e Nutrição no SUAS, realizado pelo Fórum Nacional de Nutricionistas na Assistência Social, evento que acontecerá na Uni-Rio entre os dias 09 e 10 de setembro.
Os excelentes resultados obtidos pelas profissionais do Oswaldo Aranha são fruto de uma estratégia de cuidado interdisciplinar para mulheres adultas com deficiência que estão em acolhimento institucional.
– O reconhecimento de estarmos entre os projetos selecionados pelo 2º Fórum Nacional de Nutricionistas na Assistência Social é muito importante para nós. Um trabalho desenvolvido em um ambiente com características diversas como um abrigo, com uma população que requer um atendimento tão diferenciado e alcançar um resultado tão positivo é realmente algo a ser difundido e comemorado. – disse a coordenadora de Abrigos da Secretaria, Paula Nascimento.
Conscientizar e modificar hábitos de alimentação de uma população que necessita de cuidados especiais
A proposta de mudança nutricional e conscientização foi iniciada em maio de 2023 e, vem apresentando avanços significativos na qualidade de vida das acolhidas. A estratégia desenvolvida pela equipe técnica da unidade, tem como foco garantir os direitos sociais das atendidas pelo Estado, ensinando a interpretarem sinais de fome e saciedade. O que pode parecer simples, para o grande público é um processo lento e gradual para essas mulheres que possuem diversas deficiências intelectuais.
O principal impacto do projeto foi o equilíbrio metabólico das usuárias. A partir dos resultados obtidos foi possível entender a complexidade que envolve a cultura alimentar e a modificação dos hábitos para garantir mais saúde para as acolhidas. No caso da população com deficiência diversos estudos mostram que a melhor maneira de se obter resultados efetivos é por meio da nutrição comportamental.
É o caso de três usuárias do Abrigo CAI Oswaldo Aranha, Janaina, Andréia Maria de Souza e Martha Silva do Nascimento. Todas elas vítimas de abandono parental, viveram em orfanatos e instituições de acolhimento a vida inteira. Janaína, de 40 anos, sequer tem sobrenome. A nutricionista responsável, Poliana Daniel de Almeida, relata os avanços e as dificuldades durante o tratamento e comemora os resultados.
– Diabética e de difícil trato, foi muito complicado incluir a dieta na vida dela em um primeiro momento. Se trancava no quarto e muitas vezes era até agressiva. Com o passar do tempo, foi aderindo aos novos hábitos, conseguimos controlar sua diabetes e principalmente cultivar o hábito saudável na vida dela. Aos poucos foi se soltando, aprendeu a reconhecer e gostar do resultado da mudança alimentar. Hoje ela já reconhece as mudanças em sua vida e já fala que precisa usar adoçante ao invés de açúcar, por conta da diabetes e segue de forma tranquila o tratamento – relata Poliana.
A nutricionista destaca também, o caso de Andréia Maria de Souza, de 47 anos, que além de estar acima do peso, tinha crises intestinais.
– Cada pessoa tem seu temperamento e temos que entender isso, a Andréia Maria é mais tranquila, mas por outro lado, possuía uma constipação crônica. Desde o início do plano de alimentação colocamos alimentos laxantes, entre outras mudanças específicas na dieta. E os resultados são surpreendentes! Hoje, ela consegue ir ao banheiro normalmente, controlar a questão intestinal dela, perdeu 10kg e melhorou a autoestima – disse Poliana.
O Abrigo Oswaldo Aranha
Com mais de 70 anos de funcionamento, o Centro de Atendimento Integrado Osvaldo Aranha (CAI/OA) oferta serviço de acolhimento institucional exclusivamente para mulheres com deficiência. O local possui 5 grandes galpões com áreas externas de convivência comum, como também salas de atividades pedagógicas, de fisioterapia e terapia ocupacional, educação física, nutrição, fonoaudiologia dentre outras. Um espaço completo e especializado para 59 usuárias que apresentam diversas formas de deficiências, intelectual leve, moderada e grave, e físicas, com idades que de 31 a 59 anos.
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