Projeto Artemis: A primeira mulher na Lua

Jorge Luiz Calife

Cinquenta anos depois de colocar homens na superfície da Lua, durante o projeto Apollo, a agência espacial americana NASA lançou o projeto Artemis. Que pretende colocar uma mulher no polo sul da Lua no ano de 2024, daqui a cinco anos. Na mitologia Artemis, a deusa da Lua, é a irmã do Apollo. Para lançar o novo plano de exploração lunar o presidente Donald Trump assinou uma emenda no orçamento de 2020 acrescentando a soma de 1,6 bilhões de dólares para terminar o desenvolvimento do foguete gigante SLS e a nave Orion, a sucessora da Apollo.

Num vídeo direcionado aos funcionários da NASA e divulgado semana passada, o diretor da agência, Jim Bridenstine falou sobre o novo projeto: “Como vocês sabem o presidente deu a nossa agencia a ousada missão de pousar o próximo homem e a primeira mulher no polo sul da Lua, em 2024. E agora o presidente Trump estendeu seu voto de confiança em nosso trabalho com um acréscimo de 1,6 bilhão de dólares para o orçamento de 2020.”

Com esse dinheiro, disse Bridenstine, será possível acelerar o desenvolvimento da nave Orion e do Sistema de Lançamento Espacial. E também do Sistema de Pouso na Lua e da exploração robótica do polo sul lunar. Até hoje o único país que conseguiu pousar um robô na região polar sul da Lua foi a China, com o seu Coelho de Jade 2. Foi o avanço do programa chinês de exploração lunar que levou Trump a acelerar o programa americano.

De modo a atingir o objetivo de colocar pessoas na Lua em 2024, a NASA vai reduzir o tamanho da estação lunar Gateway. Que só deveria ficar pronta em 2028. A Gateway é o ponto de baldeação, onde o casal a caminho da Lua deve trocar de nave. Eles decolam da Terra na Orion, viajam nela até a estação Gateway e lá embarcam num modulo lunar de desenho avançado para completar a viagem.

O problema é que ainda falta desenvolver muita coisa e cinco anos é pouco tempo. Na década de 1960 a mesma NASA levou oito anos para desenvolver o foguete Saturno 5 e a nave Apollo. A partir do discurso do presidente Kennedy, em 1961, que estabeleceu como meta a colocação de um americano na Lua antes do final da década. Na época a NASA tentava superar os avanços da União Soviética no espaço e a corrida lunar provocou tragédias como o incêndio da Apollo 1, que matou três astronautas em 1967 e o desastre com a nave russa Soyuz, que matou o cosmonauta Vladimir Komarov.

O projeto Artemis envolve quatro veículos: O foguete SLS, a nave Orion, a estação Gateway e o módulo lunar reutilizável. Desses o projeto mais adiantado é o da Orion, que fez um voo de teste sem tripulação em 2014. Seu primeiro voo com tripulação está marcado para 2021. A Orion é lançada ao espaço pelo foguete gigante SLS. Que deveria ter começado a voar em 2018, mas sofreu uma série de atrasos e agora só deve ficar pronto em 2020. Os outros dois elementos, a estação Gateway e o módulo lunar ainda não saíram do papel.

A parte humana é a mais desenvolvida. A NASA tem uma equipe de astronautas, que inclui homens e mulheres altamente treinados nas missões na Estação Espacial Internacional. Uma forte candidata a se tornar a primeira mulher na Lua é a astronauta Anne McClain, aquela que teve um passeio espacial cancelado porque não tinha roupa adequada. Por sinal um novo traje lunar é algo que precisa ser desenvolvido e testado nos próximos cinco anos. O traje usado na Estação Espacial Internacional é muito pesado para ser usado na Lua. E a roupa usada pelos pioneiros das missões Apollo já se encontra obsoleta.

De qualquer forma, depois de décadas sem um objetivo definido a NASA tem agora uma nova missão. Que pode entrar para os livros de história assim como os voos Apollo da década de 1960.