Sul Fluminense – A recuperação judicial, muitas vezes vista como o último recurso de uma empresa em dificuldades financeiras, vem ganhando destaque como uma ferramenta eficaz para reestruturar negócios, preservar empregos e evitar a falência. Um exemplo recente é o da Coteminas, gigante do setor têxtil, que apresentou seu plano de recuperação judicial aos credores para renegociar uma dívida de R$ 1,8 bilhão. Além desta, entre outras empresas que estão ou estiveram em recuperação judicial estão Americanas, Vivo e Light.
Outro exemplo, mais próximo, é o do Centro Universitário de Barra Mansa (Nova UBM), que no início de setembro anunciou ter dado entrada no pedido de recuperação judicial para garantir a sustentabilidade da instituição e a qualidade de ensino. No Sul Fluminense, empresas como a Viação Cidade do Aço e o Supermercados Floresta também recorreram ao processo e continuam operando, demonstrando que, quando bem conduzida, a recuperação judicial pode ser um caminho para a sobrevivência e o crescimento.
O advogado Raphael Brum, especialista em Direito Empresarial e Previdenciário, destaca que a recuperação judicial permite que empresas em dificuldades financeiras reorganizem suas dívidas sem interromper suas operações. “Ao contrário da falência, que leva ao fechamento da empresa e à liquidação de seus bens, a recuperação judicial oferece a possibilidade de renegociar com credores, preservando a atividade empresarial e os empregos”, explica.
Ele aponta que o principal benefício desse processo é a chance que ele oferece para a empresa reestruturar suas finanças e voltar a ser viável, evitando o encerramento definitivo.
No entanto, o processo não é isento de desafios. Segundo Brum, as maiores dificuldades incluem a elaboração de um plano de recuperação viável, a negociação com credores e a manutenção das operações durante o período de recuperação.
O papel do advogado especializado, de acordo com ele, é fundamental para que esses desafios sejam superados. “O advogado orienta a empresa em cada etapa, garantindo que todas as exigências legais sejam cumpridas e que as negociações com credores sejam feitas de forma estratégica”, afirma. Ele acrescenta que o profissional atua para proteger os interesses da empresa e buscar a aprovação do plano.
Durante o processo de recuperação, as empresas têm a oportunidade de renegociar suas dívidas e contratos com credores. “A recuperação judicial cria um ambiente propício para a renegociação, ao suspender temporariamente as cobranças e permitir que a empresa proponha novos termos para pagamento”, destaca Brum, lembrando que as estratégias mais eficazes envolvem a apresentação de um plano realista e bem estruturado, que mostre aos credores como a empresa pretende se reerguer e quitar suas dívidas gradualmente. A transparência e o diálogo aberto com os credores, segundo o advogado, são essenciais para garantir a aprovação do plano.
Raphael Brum também observa que empresas de qualquer setor podem se beneficiar da recuperação judicial, desde que tenham potencial para se reorganizar e voltar a ser rentáveis. “O critério principal é a viabilidade econômica da empresa. Se há uma possibilidade real de reestruturação e de retomada do crescimento, a recuperação judicial pode ser a melhor solução para evitar a falência e permitir a continuidade das atividades”, explica o especialista.
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